Jovem foge para casa vizinha após viver por sete anos em jaula para cachorros
19 de junho de 2025Mãe e padrasto da vítima de 18 anos foram presos em Nova Jersey por abusar da garota
Branndon Mosley e Brenda Spencer foram presos por abusar de jovem nos EUA -Foto: Camden County Office
Na madrugada do último dia 8 de maio, uma jovem de 18 anos entrou desesperada na casa de sua vizinha, em Blackwood, Nova Jersey, nos Estados Unidos, pedindo por ajuda após anos de sofrimento silencioso.
A garota contou que havia sido mantida trancafiada em uma jaula para cães, algemada a um vaso sanitário, privada de alimentação regular e de acesso à escola, enquanto sua irmã mais nova era tratada de maneira completamente diferente. O caso foi relatado pelo jornal The New York Times.
A vizinha, Susan Lacey, inicialmente ficou incrédula diante das histórias confusas e das palavras desconexas da adolescente, que também falava sobre ouvir música e de uma identificação peculiar com o cantor Freddie Mercury. No entanto, as marcas visíveis em seus pulsos e a aparência debilitada da jovem comprovaram o horror relatado.
Após a fuga, o filho de Lacey conseguiu contato com abrigos para mulheres e pessoas em situação vulnerável, mas todos estavam lotados. Restou a ele ligar para a polícia, que encontrou a garota em um mercado próximo. Mesmo assim, no primeiro contato, ela não revelou a extensão dos abusos, alegando apenas uma briga familiar.
As investigações seguintes revelaram um quadro aterrador. Os promotores do condado de Camden apresentaram mais de 30 acusações contra a mãe, Brenda Spencer, e o padrasto, Branndon Mosley, incluindo agressão qualificada, sequestro, restrição criminosa e diversos crimes sexuais. O casal está preso e pode pegar prisão perpétua.
Em depoimento à polícia, Mosley confessou ter mantido a menina presa em uma jaula para cães, utilizando algemas de metal, e relatou que chegou a raspar a cabeça da vítima como punição. Sobre as acusações de abuso sexual, alegou não se lembrar, atribuindo o possível ato ao consumo excessivo de álcool. Spencer, por sua vez, nega todas as acusações.
O caso chocou a comunidade local principalmente por ter passado despercebido por tanto tempo. A adolescente não ia à escola e era educada em casa, modalidade que em Nova Jersey tem pouca ou nenhuma fiscalização governamental. A ausência de acompanhamento oficial permitiu que os abusos prosseguissem em segredo.
“A remoção da criança do convívio público elimina testemunhas”, afirmou Grace MacAulay, promotora do condado, classificando os atos como “tortura verdadeira”, comparando-os a condições enfrentadas por prisioneiros de guerra.
Antes da fuga, vizinhos viram a menina em raras oportunidades e apenas quando ela recolhia entregas de ração para cães deixadas na porta de Lacey. A jovem não frequentava a escola desde o sexto ano, e sua irmã mais nova, com quem vivia na mesma casa, também havia sido retirada da rede pública por receio de que contasse os abusos.
O departamento estadual de proteção à infância foi acionado há anos, mas, segundo relatos, não tomou medidas efetivas. A irmã mais nova disse à polícia não ter sido vítima de maus-tratos.
Além do drama humano, o casal mantinha um grande número de animais - 24 chinchilas, cobras, lagartos e aves exóticas - em condições precárias, com a jovem obrigada a limpar as gaiolas e usar baldes para suas necessidades fisiológicas durante as prisões prolongadas em um cômodo separado.
Mosley trabalhava como condutor de trem e chegou a ser elogiado publicamente por atos de heroísmo em serviço. Spencer era ativa no circuito de exposições caninas, frequentemente acompanhada da irmã da vítima e do padrasto, divulgando suas conquistas em redes sociais.
A polícia afirmou que as denúncias anteriores ao casal envolviam apenas reclamações por barulho excessivo dos cães e nunca entraram na casa para averiguar.
No momento da fuga, a jovem foi ameaçada pelo padrasto, que prometeu quebrar sua perna, enquanto a mãe se limitou a dizer “tchau, vadia”. Mesmo assim, a garota correu para a casa da vizinha, onde recebeu um pouco de conforto e apoio imediato.
Após a prisão do casal, a polícia garantiu que as duas meninas foram colocadas em locais seguros. A promotoria segue preocupada com a possibilidade de casos similares ocorrerem devido à falta de supervisão sobre o ensino domiciliar, o que pode facilitar a ocultação de crimes.
(Fonte: R7)