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Jornalistas são detidos e espancados pelo Talibã por cobrir protesto de mulheres

10 de setembro de 2021

Dupla cobria um protesto de mulheres em Cabul na terça que terminou com 4 mortos. Grupo extremista diz que qualquer ataque a profissionais de imprensa será investigado.

Jornalistas são detidos e espancados pelo Talibã por cobrir protesto de mulheresJornalistas afegãos foram espancados por talibãs: Foram horas de terror – Foto: Reprodução

Dois jornalistas afegãos foram espancados pelo Talibã após serem detidos quando cobriam um protesto pacífico de mulheres na capital Cabul, na última terça-feira (7), que foi violentamente reprimido.

A ONU afirmou nesta sexta-feira (10) que ao menos quatro pessoas foram mortas no ato e denunciou que a resposta do grupo extremista a manifestações tem sido cada vez mais violenta, com o uso de munição real, cassetetes e chicotes no Afeganistão.

"Por cerca de 10 minutos, cerca de sete ou oito pessoas nos espancaram o máximo que podiam. Erguiam varas e nos espancavam com toda a força", afirmou o jornalista Taqi Daryabi. "Depois que nos venceram, que viram que tínhamos desmaiado, nos levaram para nos trancar em uma cela".

"Não importa o quanto eu tentei dizer a eles que eu era um repórter e não estava incitando a violência, eles não ouviram. Eles até zombaram de mim. Eles disseram 'Você é um repórter? Você mostra esses protestos e espalhe eles?'. Eu apenas gritei", relata o outro jornalista, Neamat Naghdi.

Jornalistas são detidos e espancados pelo Talibã por cobrir protesto de mulheresJornalistas mostram ferimentos após serem espancados pelo Talibã em Cabul, Afeganistão. Foto tirada em 8 de setembro de 2021 – Foto: Etilaatroz/via Reuters

Zaki Daryabi, fundador e editor-chefe do jornal "Etilaat Roz", onde os dois trabalham, compartilhou nas redes sociais as imagens das lesões: um deles ficou feriado com marcas largas e vermelhas na parte inferior das costas e das pernas e o outro, com marcas semelhantes no ombro e no braço.

Daryabi e Naghdi também ficaram com hematomas e cortes nos rostos e foram levados ao hospital.

Discurso x realidade

Jornalistas são detidos e espancados pelo Talibã por cobrir protesto de mulheresJornalistas mostram ferimentos após serem espancados pelo Talibã em Cabul, Afeganistão. Foto tirada em 8 de setembro de 2021 – Foto: Etilaatroz/via Reuters

O Talibã tem prometido que vai permitir a atuação da mídia e respeitar os direitos humanos, embora afegãos e a comunidade internacional duvidem da promessa.

Questionado sobre as agressões, um porta-voz do Talibã que não quis ser identificado afirmou que qualquer ataque a jornalistas será investigado.

Jornalistas são detidos e espancados pelo Talibã por cobrir protesto de mulheresJornalista mostra ferimentos após ser espancado pelo Talibã em Cabul, Afeganistão. Foto tirada em 8 de setembro de 2021 – Foto: Etilaatroz/via Reuters

Protestos, sobretudo os liderados por mulheres, representam um desafio para o novo governo do Talibã, que está tentando passar uma imagem de maior moderação ao Ocidente (apesar de a realidade mostrar o contrário).

Além da repressão ao ato de terça-feira (7), uma outra manifestação de mulheres foi dispersada no sábado (4), com gás lacrimogênio e spray de pimenta.

Em 18 de agosto, três dias após o Talibã tomar a capital Cabul e voltar ao poder após 20 anos, ao menos três pessoas morreram após o grupo extremista reprimir um protesto em Jalalabad.

Repressão à imprensa

O editor-chefe do "Etilaat Roz" afirmou que os espancamentos enviam uma mensagem arrepiante à mídia do Afeganistão, onde uma imprensa independente, em grande parte financiada por doadores ocidentais, se desenvolveu nos últimos 20 anos.

"Cinco colegas foram mantidos em um centro de detenção durante mais de quatro horas, e durante estas quatro horas dois de nossos colegas foram espancados e torturados brutalmente", disse o editor-chefe do jornal à agência de notícias Reuters.

"Respeite os jornalistas, respeite a liberdade de expressão", afirmou Naghdi. "Esta é a nossa exigência à comunidade internacional, para que se mexam, façam uma exigência, apliquem alguma pressão sobre o Emirado Islâmico para que nenhum jornalista seja espancado como nós".

Valedoitaúnas (G1)



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