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Israel e Hamas concordam com cessar-fogo a partir das 20h desta quinta-feira (20)

20 de maio de 2021

Confrontos, no entanto, continuaram nesta quinta, e bombardeios israelenses mataram mais cinco palestinos na Faixa de Gaza, enquanto foguetes lançados pelo Hamas deixaram um soldado de Israel ferido

Israel e Hamas concordam com cessar-fogo a partir das 20h desta quinta-feira (20)As bandeiras de Israel e da Palestina são hasteadas perto de Metula, na fronteira com o Líbano – Foto: Jalaa Marey/AFP

Um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, grupo islamista que controla a Faiza de Gaza, terá início às 2h desta sexta-feira (20h de quinta-feira no horário de Brasília), segundo informações passadas por um membro do Hamas à Reuters. A imprensa israelense já havia informado que o gabinete de segurança do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aprovou a trégua após 12 dias de bombardeios diários, que deixaram 232 mortos em Gaza, incluindo 65 crianças e 39 mulheres, e 12 em cidades de Israel.

O governo israelense tinha afirmado mais cedo ao Egito – país que está mediando o cessar-fogo entre o Estado judeu e o Hamas – que estava disposto a interromper sua campanha militar na Faixa de Gaza, de acordo com a emissora de TV Al-Jazeera. Os confrontos, no entanto, continuaram nesta quinta, e bombardeios israelenses mataram mais cinco palestinos na Faixa de Gaza, enquanto foguetes lançados pelo Hamas deixaram um soldado de Israel ferido.

Países da região, como Egito e Jordânia, desempenharam papel importante nas conversas em torno de uma trégua, já que têm interlocução com o Hamas, organização considerada terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos. Nesta quinta, o presidente Joe Biden conversou, por telefone, com colega egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, segundo comunicado da Casa Branca.

"Os dois líderes discutiram os esforços para conseguir um cessar-fogo que ponha fim às hostilidades atuais em Israel e Gaza. Eles concordaram que suas equipes permaneceriam em constante comunicação para esse fim, e que os dois líderes seguiriam em contato", disse a nota.

Na madrugada desta quinta-feira, caças israelenses bombardearam as casas de pelo menos seis dirigentes do Hamas, segundo o Exército israelense.

Mais cedo, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse ser favorável a “contatos indiretos” com o Hamas para conseguir uma trégua. O chefe da diplomacia alemã, Heiko Mass, estava em Israel para negociações nesta quinta e seria recebido pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

“É claro que deve haver contatos indiretos com o Hamas”, disse Merkel em um fórum sobre a Europa em Berlim, lembrando que o Egito e outros países árabes já estão fazendo isso. O Hamas tem que se envolver de uma forma ou de outra, pois sem ele não haverá cessar-fogo.

'Inferno na terra'

O enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, está no Catar, onde deve se encontrar com o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, disseram fontes diplomáticas à AFP.

Nos EUA, a secretário de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que os relatos de um movimento em direção a um cessar-fogo no conflito israelense-palestino eram “encorajadores”.

Mais cedo, em um forte discurso na Assembleia Geral da ONU, onde acontece uma reunião sobre o Oriente Médio, o secretário-geral António Guterres voltou a pedir, nesta quinta, o fim imediato das hostilidades e disse que “se há inferno na Terra, é a vida das crianças em Gaza”.

“Estou profundamente chocado com o contínuo bombardeio aéreo e de artilharia pelas Forças de Defesa de Israel em Gaza, que matou mais de 200 palestinos, incluindo cerca de 60 crianças”, disse. Os combates deixaram milhares de palestinos sem casa e forçaram mais de 50 mil pessoas a procurar abrigo em escolas, mesquitas e outros lugares da ONU com pouco acesso a água, comida, higiene ou serviços de saúde.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU anunciou uma reunião especial sobre a situação na semana que vem. Prevista para 27 de maio, a reunião foi solicitada pelo Paquistão, país coordenador da Organização para a Cooperação Islâmica, e pelas autoridades palestinas, que reuniram assinaturas suficientes dos 47 países-membros do organismo.

Enquanto aumenta a pressão internacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse estimar que serão necessários US$ 7 milhões ao longo de seis meses para responder ao agravamento da crise de saúde na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza. Em um “apelo de emergência” lançado nesta quinta, o escritório da OMS para o Mediterrâneo Oriental pediu ajuda para o envio de suprimentos médicos essenciais para os territórios palestinos.

Segundo a OMS, é urgente o envio de material para cirurgias de traumatologia, assim como para combater a pandemia da Covid-19. A organização internacional também recomenda “a formação de pessoal médico” para atender ao grande número de feridos, ajuda ao setor de saúde mental.

'Escudos humanos'

Em entrevista coletiva nesta quinta para a imprensa latino-americana, porta-vozes militares israelenses defenderam os bombardeios a Gaza, acusando novamente o Hamas de usar a população como escudo humano, e disseram que a população de Israel está “cansada” da violência do grupo islamista, afirmando que “está sobre a mesa” a opção de uma operação terrestre.

“Se continuar assim pode ser que tenhamos que pensar, está sobre a mesa de já entrar e acabar com o Hamas de uma forma determinada, mas eu acho que temos umas escalas para passar até chegar aí”, afirmou o tenente coronel David Ram, vice-comandante do Distrito Sul. Espero que eles entendam com esse dano que estão levando, acho que eles não entendem o dano porque estão escondidos.

A crise atual começou por causa da repressão aos protestos de palestinos contra o despejo de quatro famílias do bairro de Sheikh Jarrah, no setor árabe de Jerusalém, ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Valedoitaúnas/Informações O Globo



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