Ingerir bebida alcoólica durante a gravidez aumenta o risco de causar Síndrome Alcóolica Fetal
12 de outubro de 2022Especialistas detalham como a Síndrome Alcóolica Fetal afeta bebês
Milhares de bebês são diagnosticados com a síndrome alcóolica fetal todos os anos – Foto: Foto: Reprodução/Pixabay
A gravidez foi uma surpresa para a historiadora e professora universitária Aline Ferreira (40). Aos 30 anos, a docente sofria de hipomenorreia, que é a condição de escassez do sangue menstrual. “Eu menstruava muito pouco, e, às vezes, mal sangrava. Por isso, não percebi que estava grávida até o terceiro mês da gestação”.
Durante o início da gravidez, Aline estava em Salvador (BA), cursando uma pós-graduação. “Foi um período muito difícil. Estava muito sozinha, e, por isso, acabei me afogando no álcool. Não passava um dia sem beber. Foi bem triste mesmo. Mas, quando descobri que estava grávida, parei de imediato. Sabia que não podia, mas não sabia o verdadeiro porquê”.
O parto de Pedro Lucas, seu filho, foi prematuro, e o bebê ficou internado por alguns meses. Após analisarem a má formação de alguns órgãos e as visíveis alterações faciais, os médicos de Ferreira alertaram a família: o recém-nascido sofria de Síndrome Alcóolica Fetal (SAF).
Depois de cinco meses, Pedro Lucas faleceu por complicações renais. "Me senti muito, muito, muito culpada. Sabia que eu não imaginava que carregava meu filho na época, mas queria muito voltar no tempo e não ter bebido o que bebi. Levou muito tempo para eu me perdoar”, revela a mãe.
Síndrome Alcóolica Fetal (SAF)
A Síndrome do Alcóolica Fetal (SAF) é o mais grave transtorno de doenças relacionadas ao álcool na gestação, e é causada pela ação tóxica da substância no organismo fetal em desenvolvimento.
“O álcool atravessa facilmente a placenta e é dificilmente metabolizado pelo feto que ainda não desenvolveu as enzimas adequadas ao seu metabolismo, acumulando-se, portanto, no líquido amniótico resultando em uma ação muito prolongada do álcool no feto”, explica Conceição Segre, livre docente em Pediatria Neonatal e conselheira científica do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA).
Além disso, o álcool desenvolve a diminuição da oxigenação fetal, disfunção hormonal, retardo de crescimento intrauterino e malformações fetais. O sistema nervoso é particularmente atingido pela substância, bem como o coração, os membros e os órgãos genitais.
Valedoitaúnas (iG)