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Indústrias querem que governo acelere medidas contra os efeitos das mudanças climáticas

25 de setembro de 2023

Para o setor, onda de calor e inundações mostram que a aprovação de projetos de combate ao aquecimento global é urgente

Indústrias querem que governo acelere medidas contra os efeitos das mudanças climáticasTrabalhador do setor industrial passa por máquina – Foto: José Paulo Lacerda/Divulgação CNI/Agência Brasil

A onda de calor, que elevou as temperaturas em todo o país nesta semana, e os desastres causados por fortes tempestades, como o ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul no início do mês, deixando 48 mortos, pedem uma postura mais ativa do governo no combate aos efeitos do aquecimento global, com ações urgentes, afirma a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo a entidade, há três medidas prioritárias que o país deve adotar o quanto antes: a primeira é relacionada à geração de energia eólica offshore (que conta com parques eólicos em alto-mar), o que pode acelerar a transição energética; a segunda se refere ao mercado de carbono, que ainda precisa ser regulamentado; e a última diz respeito à produção de hidrogênio de baixo carbono.

No caso da energia eólica offshore, modalidade para a qual o Brasil tem potencial energético de cerca de 700 GW, mais de três vezes a capacidade já instalada no país, o desenvolvimento dos parques depende da aprovação do marco regulatório, o PL (projeto de lei) 576/2021, do senador Jean Paul Prates, que aguarda apreciação do plenário da Casa.

Reino Unido, Alemanha e China já produzem esse tipo de energia limpa e são os países com os mais parques em alto-mar. No Brasil, já existem projetos pré-cadastrados para a instalação de eólicas offshore no Ceará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A segunda ação necessária é a aprovação do projeto de lei que regulamenta o mercado de carbono, importante para compensar e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

As principais fontes de emissão de CO2 (dióxido de carbono) no Brasil atualmente são o desmatamento e as queimadas, seguidos pelos setores agropecuário e energético, esse último devido à queima de combustíveis fósseis.

De acordo com a CNI, o país tem potencial de movimentar até R$ 128 bilhões em receitas com o mercado de carbono.

Na última quarta-feira (20), a senadora Leila Barros (PDT-DF), relatora do projeto, disse que vai apresentar um novo relatório sobre o tema na próxima semana, com a inclusão de sugestões recebidas de diferentes órgãos e entidades, como o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, além de governadores de alguns estados.

A primeira versão do texto sobre o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) foi entregue à Comissão de Meio Ambiente do Senado no final de agosto. Esse sistema vai controlar a emissão de CO2 na atmosfera de acordo com cada setor da economia.

O comércio das emissões de CO2 e de outros gases de efeito estufa é uma forma de controlar a quantidade de poluentes enviados à atmosfera, por meio da precificação de carbono. Desta forma, empresas, organizações e indivíduos podem compensar suas emissões comprando créditos de carbono, que são gerados por projetos que cuidam da redução de emissões e da captura de carbono.

A ideia é fazer os agentes emissores se responsabilizarem pelo custo social das próprias emissões, sistema que já funciona em diversos países.

A terceira medida considerada urgente pela CNI é regulamentar o desenvolvimento do hidrogênio de baixo carbono, que contribui para a redução ou eliminação das emissões de gases de efeito estufa. Atualmente, o projeto de regulamentação aguarda designação de relator na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.

Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o hidrogênio é um combustível que pode ser encontrado de forma natural ou produzido de diferentes formas. Quando produzido de forma limpa, ele pode ser usado por indústrias ou pelo setor de transportes, por exemplo, sem gerar emissão de carbono, o que possibilita a redução em diversas áreas da economia.

Ele pode ser armazenado, transportado e gerar energia novamente, além de servir como matéria prima para produtos como a amônia, usada na fabricação de fertilizantes.

"Mesmo emitindo menos CO2 na comparação com empresas de outros países, a indústria brasileira vem construindo metas cada vez mais ambiciosas de redução”, afirma Davi Bomtempo, gerente-executivo de meio ambiente e sustentabilidade da CNI.

(Fonte: R7)



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