Índices de radiação solar atingem níveis extremos neste verão
29 de dezembro de 2019Estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) revelam que o Brasil e o mundo vêm registrando índices cada vez mais alarmantes de raios ultravioletas (UV). NO Espírito Santo, por exemplo, o Índice de Radiação Ultravioleta (IUV), que varia de 0 a 16, tem atingido entre 13 e 14. O nível é considerado extremo, com alto grau de periculosidade. Para se ter uma ideia, o IUV normal e seguro fica em torno de 3 a 5.
Uma das causas para o problema é a redução da camada de ozônio, que funciona como filtro e uma barreira de proteção à radiação ultravioleta. Sobretudo aos raios de comprimento B, os mais prejudiciais aos seres vivos e causadores de melanoma (câncer de pele) e catarata. Embora não seja o mais letal, o câncer de pele é o mais comum no Brasil, e a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que no biênio 2018/2019 surjam no país 172 mil novos casos. O problema se torna mais sério em pessoas com a pele branca, que possuem menos melanina, o pigmento que dá a coloração da pele e atua com uma espécie de filtro solar natural. A pele de uma pessoa negra filtra mais a radiação ultravioleta (UV), do que uma branca, por exemplo. Independentemente da cor, porém, todos devem se proteger.
Proteção solar
Ao comprar o protetor solar, dê preferência a marcas conhecidas e procure um produto que proteja tanto dos raios UVB (que causam vermelhidão e atingem a camada superficial da pele) quanto dos raios UVA (que penetram na camada mais profunda). O ideal é aplicar o filtro solar adequado para cada tipo de pele entre 20 e 30 minutos antes da exposição ao sol.
Mas se a ideia for ficar na praia ou piscina por muito tempo, o ideal é também usar peças com Fator de Proteção Ultravioleta (FPU) – camisas, bermudas, chapéus e bonés, que garantem a fotoproteção duradoura. Nas áreas protegidas pelo tecido, não é necessário aplicar o filtro solar na pele. Óculos escuros de boa qualidade também protegem os olhos.
É preciso muita atenção aos cuidados com a pele durante a exposição ao sol, não apenas durante passeios ao ar livre, na praia ou piscina, mas até mesmo na sombra.
Segundo os dermatologistas, é extremamente importante adotar medidas fotoprotetoras sempre que for sair de casa. “Essas medidas previnem problemas de saúde, que podem ser graves”, aconselha José Jabur da Cunha, da Altacasa Clínica Médica e chefe do setor de cirurgia dermatológica da Santa Casa de São Paulo.
Cuidado com as crianças
No caso das crianças, a atenção dever ser redobrada. Um estudo recente publicado no Jornal da Associação Médica Americana de Dermatologia mostrou que o uso de fotoprotetor na infância pode reduzir em 40% o risco de melanoma – tipo mais perigoso de câncer de pele – antes dos 40 anos. Mas os especialistas explicam que os pais não devem usar protetor solar em bebês de até seis meses.
Por isso, os pequenos não devem ser expostos diretamente ao sol, usar chapéus e roupas com FPU. Após os seis meses de idade, as crianças devem usar um protetor solar com, no mínimo, FPS 30 e que seja resistente à água – para não sair com facilidade após uma ducha ou uma rápida entrada no mar ou piscina. É necessário reaplicar o protetor, no mínimo, a cada três horas. Quem transpira muito ou se molha deve reaplicar o filtro com maior frequência.
Outra recomendação importante é educar a criança sobre a importância de se proteger do sol para a pele não arder, para evitar queimaduras. Aos poucos, ela mesma vai aprender a colocar o chapéu e o protetor solar, sem que os país precisem impor isso. Para estimular esse hábito, é muito importante que os adultos deem o exemplo, protegendo-se adequadamente do sol.
Intensidade máxima
O horário de máxima intensidade de radiação solar é ao meio-dia. Mas é importante evitar se expor ao sol sem proteção ou em excesso entre 10h e 16h. A “regra da sombra” é interessante e serve como dica: se a sombra do seu corpo no chão estiver menor do que a sua altura, você não deve ficar exposto ao sol.
E não esqueça: os dias nublados também queimam a pele e emitem radiação, mesmo que um pouco mais baixa. As nuvens fazem uma camada leve de proteção, mas não bloqueiam totalmente os raios solares. Portanto, é imprescindível que você também se proteja nos dias nublados e em todas as estações e não apenas no verão.
MITOS e VERDADES sobre proteção UV e radiação solar:
Eu não preciso usar proteção UV em um dia nublado.
MITO! Precisa usar sim! Até 90% dos raios UV atravessam as nuvens, e você pode ficar seriamente queimado se não se proteger.
Roupas com proteção UV funcionam melhor que protetor solar.
VERDADE! A maioria dos protetores solares protegem contra UVB, enquanto uma roupa com proteção UV bloqueia tanto UVA quanto UVB. Portanto o FPS 30 de um protetor solar está relacionado apenas ao bloqueio de UVB, enquanto uma camiseta com FPU 50 bloqueia, na mesma intensidade, UVA e UVB. Outra vantagem é que o fator de proteção em tecido está ativo, enquanto um protetor solar precisa ser reaplicado em intervalos de no mínimo duas horas.
Se eu pegar sol em vários intervalos de tempo, eu não vou ficar com a pele queimada.
MITO! Os efeitos da radiação UV na pele são cumulativos. O dano total a saúde será a soma da exposição de cada intervalo de tempo. Portanto, para se proteger, é necessário reduzir o tempo total de exposição.
Se eu não sentir os raios queimando a pele, eu não preciso me proteger.
MITO! A queimadura solar é causada pela radiação UV que não é sentida. O efeito de aquecimento é causado pela radiação infravermelha e não pela radiação UV. Então mesmo que você não sinta o calor, você pode sofrer queimaduras.
Se eu usar cosméticos ou maquiagens com proteção UV, eu não preciso usar protetor.
EM PARTES! Alguns cosméticos tem protetor solar, mas eles não servem para o dia inteiro. Um creme com FPS 30, por exemplo, só é eficaz no máximo por duas horas. Após isso, ele deverá ser aplicado novamente. Esteja ciente que a maioria dos produtos cosméticos oferece proteção menor que o recomendado e geralmente não são de amplo espectro (UVA e UVB).
Nunca usei protetor solar quando era criança, é perda de tempo usar agora.
MITO! Embora a exposição excessiva aos raios UV nos primeiros 10 anos certamente aumente o risco de melanoma, o que acontece depois disso também é muito importante. Você pode reduzir o risco de câncer de pele em qualquer idade, não importa se você tem 15 ou 50 anos. Basta usar métodos de proteção UV eficientes. Como as roupas FPU.
Quando eu estou viajando dentro do carro, eu não preciso me preocupar com queimaduras do sol.
MITO! Os vidros geralmente filtram uma boa parte da radiação UV, mas não bloqueiam completamente, sendo assim, você ainda pode ser queimar mesmo dentro do carro. O que acontece com maior frequência são queimaduras nos braços, por dirigir com o vidro aberto, expondo a pele diretamente a altos níveis de radiação UV.
Se eu ficar dentro da água, o sol não vai queimar minha pele.
MITO! Mesmo estando a meio metro dentro da água, a radiação UV ainda é de 40% se comparada com a superfície.
Em lugares frios e com neve não preciso usar proteção solar.
MITO! A neve reflete até 90% dos raios UV, e a cada 300m que você sobe de altitude, o índice de radiação aumenta em 4%.
Pessoas com deficiência de vitamina D não devem usar filtros UV.
EM PARTES! A maioria das pessoas só precisa de alguns poucos minutos de exposição ao sol para sintetizar a vitamina D que o organismo precisa. Logo, as atividades normais do dia a dia são suficientes. Pessoas com pele escura e com deficiência de vitamina D demandam de um pouco mais de exposição. O ultravioleta tipo B é o responsável pela produção de vitamina D na pele, e para manter o nível necessário no corpo é suficiente expor as mãos e rosto ao sol de 2 a 3 vezes por semana durante 5 a 15 minutos durante os meses de verão. Nesse caso, sem usar protetor solar nessas áreas e durante esses breves intervalos de tempo.
Remédios aumentam a sensibilidade aos raios UV.
VERDADE! É o caso de alguns antibióticos e também medicações contendo hormônios. Eles podem deixar a pele muito mais sensível à radiação solar. Sempre consulte um médico ou especialista e leia a bula para entender os possíveis efeitos colaterais.
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Foto: Divulgação