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Igreja Católica usa 'sigilo da confissão' para defender pedófilos

08 de outubro de 2021

Presidente da Conferência Episcopal foi convocado pelo governo francês para prestar esclarecimentos

Igreja Católica usa 'sigilo da confissão' para defender pedófilosGoverno francês questiona proteção de pedófilos pela Igreja Católica – Foto: Sarah Meyssonnier

O governo francês anunciou, nessa quinta-feira (7), que convocará o presidente da Conferência Episcopal (CEF), monsenhor Éric de Moulins-Beaufort, para que ele dê explicações sobre sua defesa do "direito da confissão" mesmo em casos de abusos de crianças.

O líder dos bispos da França declarou na quarta-feira (6), dia seguinte à publicação de um relatório devastador sobre os abusos sexuais contra menores na Igreja francesa, que o sigilo da confissão é "mais forte que as leis".

"Nada é mais forte que as leis da República em nosso país", disse nessa quinta-feira (7) o porta-voz do governo Gabriel Attal, destacando que o presidente Emmanuel Macron pediu ao ministro do Interior que o convoque.

Uma fonte próxima a Gérald Darmanin disse à AFP que o ministro "receberá no início da próxima semana o monsenhor De Moulins-Beaufort para pedir explicações sobre suas declarações".

Na terça-feira, a Comissão Independente sobre Abusos Sexuais na Igreja (Ciase) divulgou o relatório que calcula em 330.000 o número de menores de idade vítimas de agressão sexual desde 1950 por clérigos e laicos que trabalhavam em instituições religiosas na França.

Para evitar novos casos, o relatório da Ciase recomendou que a Igreja deixe claro que o sigilo da confissão não cobre esses crimes, que devem ser denunciados à Justiça, entre outras propostas.

Embora o papa Francisco, que expressou sua "vergonha" pelos abusos contra crianças na França, tenha transformado o combate ao assédio em uma prioridade, sempre estabeleceu uma linha vermelha: o sigilo da confissão.

"Uma informação de 'delictum gravius' que tenha sido mencionada em uma confissão está sob o sigilo sacramental mais rígido", afirma um manual de 2020 do Vaticano para administrar esses casos.

O respeito ao direito da confissão, um dos sete sacramentos na doutrina católica junto com o batismo e o casamento, exclui qualquer acusação a partir de uma admissão feita no confessionário.

Valedoitaúnas (R7)



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