Guerra na Ucrânia: Qualquer ataque contra usina nuclear é 'suicida', adverte secretário-geral da ONU
08 de agosto de 2022Antonio Guterres fez alerta após novo bombardeio no complexo de Zaporíjia
Complexo nuclear de Zaporíjia é alvo de ataques durante guerra na Ucrânia – Foto: Ed Jones/AFP
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez uma alerta nesta segunda-feira sobre ataques contra usinas nucleares na Ucrânia após o registro de um novo bombardeio em Zaporíjia, o maior complexo nuclear da Europa, no sul do país. Guterres caracterizou como "suicida" qualquer ação do tipo, mas não responsabilizou nenhum país. Kiev e Moscou já trocaram diversas acusações por conta dos confrontos no local que está sob controle russo desde março.
“Qualquer ataque contra uma usina nuclear é uma coisa suicida. Espero que os ataques terminem e, ao mesmo tempo, espero que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) consiga ter acesso ao local”, ressaltou durante entrevista coletiva em Tóquio, no Japão.
O secretário-geral da ONU fez as declarações depois de visitar Hiroshima no fim de semana, onde discursou por ocasião do aniversário de 77 anos do primeiro ataque com bomba atômica no mundo. Há uma semana, Guterres também fez uma dura advertência sobre os horrores causados por armas atômicas durante uma conferência do Acordo de Não Proliferação Nuclear (TNP) em Nova York, nos Estados Unidos.
“A humanidade está a apenas um mal-entendido, a um erro de cálculo da aniquilação nuclear”, disse Guterres, antes de pedir ao mundo para se desfazer de suas armas nucleares “é a única garantia de que nunca serão utilizadas”, ressaltou.
Nesta segunda, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acusou novamente as forças ucranianas pelo bombardeio em Zaporíjia. Enquanto isso, a Ucrânia aponta o exército russo de ter atacado as instalações da central.
“A ação por parte das Forças Armadas ucranianas é uma atividade extremamente perigosa... que pode ter consequências catastróficas para uma vasta região, incluindo o território da Europa”, disse Peskov.
Na sexta-feira, confrontos na usina levaram o diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, a fazer um alerta para um "risco muito real de desastre nuclear".
“Respaldamos a AIEA em seus esforços para criar as condições de estabilização desta usina”, disse na ocasião.
Zaporíjia foi tomada pelos russos ainda no início da guerra na Ucrânia, mas manteve seus funcionários ucranianos. As forças russas atualmente controlam a usina e áreas vizinhas, perto do território ucraniano. O complexo é composto por seis reatores de água pressurizada e armazena resíduos radioativos.
O Ministério da Defesa do Reino Unido diz que a Rússia está usando a área para lançar ataques aproveitando o "status protegido" da usina nuclear. Assim seria possível reduzir o risco de ações noturnas das forças ucranianas.
Valedoitaúnas (O GLOBO)