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Guedes quer congelar salário de servidores por dois anos

06 de abril de 2020

Em reunião com deputados, ministro da Economia descartou cortar os vencimentos, mas defendeu congelamento de salários por dois anos

Guedes quer congelar salário de servidores por dois anosPaulo Guedes na Câmara em 2019 celebrando a aprovação da reforma da Previdência – Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu o congelamento de salários de servidores públicos por dois anos por conta da crise do novo coronavírus. Ele descartou o corte na remuneração dos funcionários federais durante a crise, já que o presidente Jair Bolsonaro não “aceita falar disso”.

As declarações foram feitas em uma reunião por videoconferência com deputados do DEM, neste domingo (5). O encontro foi fechado para o público, mas O GLOBO obteve os relatos de parlamentares que participaram do encontro.

Guedes citou um risco deflacionário em um eventual corte de salários, mas afirmou que o setor público precisa dar exemplo e, para isso, seria necessário "congelar os salários durante dois anos". Segundo os relatos, Guedes afirmou que a economia com essa medida seria a mesma de promover cortes salariais, mas sem risco de isso gerar uma deflação.

A equipe do ministro chegou a escrever uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para cortar em 25% os vencimentos dos servidores, com proporcional redução de jornada de trabalho. Bolsonaro, porém, não aceita tratar desse assunto, disse o ministro, segundo fontes.

Na reunião, o ministro também estimou que a crise econômica decorrente da Covid-19 vai demorar "três ou quatro" meses. Mas defendeu a continuidade da agenda de reformas estruturantes.

O ministro disse não querer ver o ano de 2020 como um "grande arrombamento", apesar de garantir que o governo vai gastar o que for necessário para conter os efeitos do novo coronavírus (Sars-Cov-2).

Segundo dados do Ministério da Economia , medidas já anunciadas pelo governo para combater o novo  coronavírus irão custar R$ 224 bilhões. Junto com a queda na receita, isso vai gerar um rombo de R$ 419 bilhões nas contas públicas em 2020, o equivalente a 5,55% do Produto Interno Bruto (PIB).

Guedes também admitiu a possibilidade de o governo antecipar o pagamento de emendas parlamentares como forma de aquecer a economia. Emendas são indicações de obras e serviços feitas por deputados em senadores, geralmente em suas bases eleitorais.

A Secretaria de Governo da Presidência da República solicitou antecipação dos pagamentos das emendas ao ministério citando a necessidade de auxiliar estados e municípios na realização de políticas públicas de apoio à população.

Guedes está a uma semana morando na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República. O ministro só sai da casa para ir ao Palácio do Planalto. A residência tem características de casa de campo e fica nos arredores de Brasília. Quando a conexão de Guedes falhou e os deputados ficaram sem ouvir o som do ministro, ele culpou a qualidade da internet na Granja do Torto.

Estados e municípios

Sobre estados e municípios, Guedes afirmou não ser favorável a perdão de dívidas e disse que a ajuda do governo deve ter como contrapartida um ajuste fiscal que pode incluir a privatização de empresas municipais ou estaduais.

O ministro também se disse favorável a um aumento no limite de endividamento de prefeituras e Estados, segundo relatos. Hoje, estados e municípios podem contrair R$ 8,4 bilhões em empréstimos em 2020, dos quais R$ 4,5 bilhões com garantias federais e R$ 3,9 bilhões sem garantia. Caberá ao Ministério da Economia aumentar esse limite.

A reunião durou cerca de três horas. No início, Guedes fez uma longa fala sobre os as medidas do governo para colocar dinheiro na economia, agradeceu o apoio dos deputados para aprovar o " Orçamento de guerra " e disse que vai continuar precisando do apoio do Congresso.

Valedoitaunas/Informações iG



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