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Governo recua em PEC e pode reduzir preço só do diesel

28 de janeiro de 2022

Gás de cozinha também seria incluído na desoneração de tributos federais, mas gasolina ficaria fora da proposta

Governo recua em PEC e pode reduzir preço só do dieselFoto: Fernanda Capelli

O governo decidiu descartar a ideia de criar um fundo para reduzir o preço dos combustíveis na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e que prevê reduzir impostos sobre esses produtos.

Em reunião nesta quinta-feira (27) no Palácio do Planalto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu ainda zerar apenas os impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha.

Essa proposta, portanto, deixaria a gasolina fora da desoneração que será objeto da PEC que o governo negocia com parlamentares.

Bolsonaro quer que a PEC entre em discussão no Congresso logo no início de fevereiro, após o fim do recesso dos parlamentares.

A criação do fundo formado com recursos de dividendos da Petrobras e de royalties de petróleo sempre foi alvo de críticas dentro do governo. A ideia era defendida principalmente pelos ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

Guedes, porém, é contra a criação do fundo porque o considera ineficaz e com o custo muito elevado. Ele chegou a defender que esse fundo fosse criado apenas se formado com ações da Petrobras. Com isso, a estatal seria privatizada, mas o Planalto não aceitou.

Custo de R$ 75 bi fez Guedes mudar de ideia

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, concorda com a posição de Guedes por entender que é difícil criar o fundo e que ele pode ser pouco efetivo mantida a escalda do preço internacional do petróleo. Além disso, quer focar no ponto principal da proposta, que é promover a redução dos tributos federais e evitar ruídos.

Inicialmente, Guedes topou reduzir impostos federais sobre diesel, gasolina e energia elétrica, mas o custo elevado da medida (cerca de R$ 75 bilhões) fez o ministro mudar de posição.

Agora, ele defende que o corte dos impostos seja feito apenas sobre o diesel e o gás de cozinha (GLP), com impacto de R$ 20 bilhões. É um custo menor e que cabe no Orçamento.

O GLP e o diesel afetam mais os mais pobres. O diesel tem maior impacto na inflação com o repasse da alta do custo do transporte para produtos, incluindo os alimentos. Também é o combustível que pressiona os preços dos ônibus urbanos.

Além disso, o preço do diesel é alvo de pressão dos caminhoneiros, que integram a base eleitoral do presidente. Já a gasolina mexe mais com o bolso da classe média, que pode usufruir de automóveis.

Planalto quer evitar efeito colateral no dólar

Participaram da reunião nesta quinta-feira (27), Guedes, Ciro, Albuquerque e Flávia Arruda (Secretaria de Governo). No encontro, chegou-se à conclusão de que o efeito da PEC seria o inverso, podendo gerar impacto no aumento do dólar e, por efeito, reforçar a pressão inflacionária em outros itens, como nos alimentos.

Por isso, a ideia de focar a PEC no diesel ganhou força dentro do governo.

Como revelou o GLOBO na semana passada, o governo negocia com o Congresso uma PEC para reduzir o preço dos combustíveis, que elevaram a inflação e se tornaram uma dor de cabeça para os planos de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Hoje, para reduzir um imposto, o governo precisa apresentar uma fonte de compensação (aumentando outro tributo ou cortando despesas), conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A PEC, porém, irá se sobrepor a LRF e reduzir os impostos sem necessidade de compensação.

Valedoitaúnas (iG)



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