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Governo pressiona Petrobras, que já estuda redução nos combustíveis

15 de julho de 2022

Valor do barril de petróleo caiu no último mês, mas dólar subiu

Governo pressiona Petrobras, que já estuda redução nos combustíveisSede da Petrobras, no Rio de Janeiro – Foto: Ivonete Dainese

Menos de três semanas depois de Caio Paes de Andrade assumir a presidência da Petrobras, a estatal discute com o governo a possibilidade de redução do preço dos combustíveis, especialmente a da gasolina, de acordo com integrantes da gestão Jair Bolsonaro e membros da empresa.

A decisão de reduzir ou aumentar o preço dos combustíveis é da Petrobras, por meio de sua diretoria. Mas as conversas entre a diretoria, o conselho da empresa e o governo são comuns. Há um mês, por exemplo, o governo tentou segurar um reajuste iminente, mas não conseguiu.

A queda acentuada no preço do barril de petróleo, que passou a rodar na casa de US$ 100 nos últimos dias, é o principal fator de pressão sobre a estatal. Por outro lado, o dólar tem subido. Esses dois parâmetros são usados pela Petrobras como critérios para reajustar os preços dos combustíveis.

A Associação de Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que a gasolina poderia cair até R$ 0,31 por litro para voltar à paridade internacional. De acordo com a entidade, os preços internos da gasolina estão, em média, 8% maiores que lá fora. O preço do diesel está equiparado.

Por outro lado, técnicos da empresa afirmam que a Petrobras só toma decisões de anunciar um reajuste após haver uma diferença consolidada de dias entre os mercados interno e externo.

A Petrobras aumentou o preço dos combustíveis há cerca de um mês, desencadeando uma reação de Brasília, capitaneada por Bolsonaro e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O principal efeito disso foi a saída – que já estava prevista, mas que acabou acelerada – de José Mauro Coelho da presidência da empresa. Ele foi o terceiro presidente da Petrobras do governo Bolsonaro que saiu por conta da alta de preços. Após o anúncio de que havia sido demitido, o então presidente ficou mais de um mês no posto até renunciar, em 20 de junho.

Em seu lugar, entrou Caio Andrade, ex-secretário do ministro da Economia, Paulo Guedes. Desde o início do ano, a Petrobras aumentou três vezes o preço dos combustíveis. Andrade chegou na estatal com a missão de segurar e reduzir os preços.

O reajuste feito pela Petrobras há um mês gerou reações como ameaça de criação de CPI para investigar diretores e aumento da tributação sobre petroleiras. Deputados chegaram a defender uma mudança na Lei das Estatais para facilitar a indicações para diretores e para a presidência da empresa e queriam que o governo federal, mas a ideia não foi para frente diante da resistência da equipe econômica.

Essa pressão arrefeceu, mas ainda não se encerrou. Integrantes do governo e do Congresso cobram mudanças na política interna e na organização da estatal que teriam sido prometidas pelo presidente da empresa e pelo ministro de Minas e Energia. Adolfo Sachsida. Os políticos criticam a suposta velocidade com que a Petrobras sobe os preços e dizem que isso não é observado para reduzir os valores.

Os preços dos combustíveis são uma dor de cabeça recorrente para Bolsonaro. Ele conseguiu aprovar no Congresso e já está em vigor um teto (de 17% ou 18%) para o ICMS (imposto estadual) cobrado sobre os combustíveis e também sobre a energia elétrica e o transporte público. Também zerou o PIS/Cofins (imposto federal) sobre a gasolina e o diesel. Isso já surgiu efeito nas bombas.

Na semana passada, o banco suíço UBS divulgou um relatório a clientes em que afirma que a Petrobras poderá, em breve, reduzir os preços dos combustíveis no Brasil se a tendência de queda do barril de petróleo continuar.

“Se os preços (do petróleo) permanecerem nessa tendência, acreditamos que a Petrobras poderá reduzir os preços em breve”, citam os analistas.

No início de julho, o barril do tipo brent no mercado internacional saiu de US$ 118 há um mês para cerca de US$ 100 nesta semana.

Valedoitaúnas (iG)



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