Governo pede preparação contra 23 acusações listadas pela CPI da Covid
26 de abril de 2021Possíveis pontos que podem gerar investigações vão da pressão de Bolsonaro por cloroquina até a militarização de ministérios
Um dos alvos principais de acusações são as pressões de Bolsonaro para a recomendação de cloroquina contra a Covid-19 – Foto: Jorge William/Agência O Globo
Preparando uma "operação de guerra" para a instalação da CPI da Covid nas próximas semanas, o Palácio do Planalto pediu a vários ministérios um relatório de todas as ações tomadas no combate à pandemia, principalmente em relação a temas em que o governo é mais atacado.
Na divisão, enviada por e-mail, cada ministério ficou encarregado de responder algumas das acusações feitas ao governo como, por exemplo, a de que o presidente Bolsonaro pressionou os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich a aprovarem o uso da hidroxicloroquina.
Ao todo, são 23 acusações listadas pelo governo, divididas entre 13 ministérios.
A presidência montou um comitê de crise para se preparar para a CPI instalada no Senado. O plano envolve desde a preparação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, até tentativa de interlocução com pessoas próximas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), indicado como relator da comissão.
Nos últimos dias, o governo procurou uma aproximação com o ex-presidente José Sarney , que conversa semanalmente com Renan. O presidente Bolsonaro também ligou para Renan Filho, governador de Alagoas e primogênito do senador.
A ideia é que o ex-ministro da Saúde, que deve assumir um cargo no Planalto, dedique o seu tempo em Brasília a se debruçar sobre uma série de documentos, dados e informações oficiais que reforcem a narrativa de que o governo não foi omisso na pandemia nem na crise do oxigênio em Manaus.
Pazuello também terá à sua disposição um grupo de trabalho formado por integrantes de diferentes ministérios – que fornecerá subsídios para defender as ações do governo. O pedido feito a quase todos os ministérios entra na construção desse arsenal produzido para a defesa do ex-ministro da Saúde e também a blindangem do presidente Jair Bolsonaro.
A decisão de realizar essa atuação coordenada do governo foi tomada durante uma reunião ministerial realizada no último dia 19 de abril, segundo o e-mail enviado para todas as pastas pela Subchefia de Articulação e Monitoramento.
Confira quais acusações o governo espera ter de enfrentar e qual ministério ficou responsável pela resposta:
1 - O Governo foi negligente com o processo de aquisição e desacreditou a eficácia da CoronaVac (que atualmente se encontra no Plano Nacional de Imunização)
Saúde; Ciência e Tecnologia; Relações Exteriores
2 - O Governo minimizou a gravidade da pandemia (negacionismo)
Saúde
3 - O Governo não incentivou a adoção de medidas restritivas
Saúde
4 - O Governo promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas
Saúde
5 - O Governo retardou e negligenciou o enfretamento à crise no Amazonas
Saúde; Defesa
6 - O Governo não promoveu campanhas de prevenção à Covid
Saúde; Comunicações
7 - O Governo não coordenou o enfrentamento à pandemia em âmbito nacional
Saúde; Ciência e Tecnologia; Defesa; Advocacia-Geral
8 - O Governo entregou a gestão do Ministério da Saúde, durante a crise, a gestores não especializados (militarização do Ministério)
Saúde; Economia
9 - O Governo demorou a pagar o auxílio-emergencial
Ciência e Tecnologia; Economia; Secretaria de Governo; Cidadania
Valedoitaúnas/Informações iG