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Governo espera dobrar taxa de recuperação de empresas com nova Lei de Falências

29 de dezembro de 2020

Projeto foi sancionado por Bolsonaro na semana passada

Governo espera dobrar taxa de recuperação de empresas com nova Lei de FalênciasO secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Junior – Foto: Gustavo Raniere/Ministério da Economia

O governo espera dobrar a taxa de normalização das empresas em recuperação judicial , num período de quatro anos, após a aprovação da nova Lei das Falências . O projeto foi sancionado, com vetos, pelo presidente Jair Bolsonaro na semana passada. A nova legislação tenta acelerar o processo de recuperação judicial no país.

"Melhorar a nossa recuperação hoje em 100% em menos de 4 anos é uma meta factível. Tem alta probabilidade de ser realizada', disse o secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, ao comentar o assunto nesta segunda-feira (28).

O secretário afirmou que a nova lei é a “mais importante” reforma microeconômica dos últimos anos e deve melhorar “substancialmente” a capacidade de recuperação de créditos pelas empresas.

A recuperação judicial pode ser acessada por uma empresa que não tem mais capacidade de honrar seus pagamentos. Nessa situação, ela entra na Justiça com o pedido de recuperação e, se for aceito, o negócio fica protegido por um período contra a execução de suas dívidas. Com isso, ganha tempo para apresentar um plano de reestruturação e negociar seus débitos com credores.

Uma das principais mudanças da nova lei é no pagamento das dívidas com o governo. Na legislação sancionada, as empresas poderão dividir o pagamento de créditos inscritos na dívida ativa em até 10 anos. Além disso, o governo poderá perdoar até 70% do montante a receber.

A taxa de recuperação das empresas no Brasil está em nível muito abaixo se comparada aos países da América Latina, de acordo com o Ministério da Economia. O relatório Doing Business, do Banco Mundial, calcula que o percentual do país está em 12,7%, enquanto as nações da América Latina estão em 30,8%.

O secretário também disse que o processo deve ser mais rápido. O tempo médio de recuperação de crédito está “estagnado” em 4 anos, segundo ele, contra 2,9 anos da América Latina.

Segundo Waldery, a lei recém-aprovada reduzirá o processo de falência para 70% ou 75% do tempo atual. Além disso, a expectativa é que a quantidade de empresas recuperadas seja maior.

O secretário do Ministério da Economia disse também que a lei pretende mudar o grau de provisionamento de crédito dos bancos em financiamentos para empresas em recuperação judicial. Atualmente, ele chega a 75%. A expectativa é que esse volume caia para menos de 50%, segundo o secretário.

Além de alterar a relação do governo na recuperação, o projeto facilita a entrada de dinheiro novo da empresa. Isso é considerado essencial para a reabilitação de empresas em recuperação judicial. A entrada de dinheiro novo ganha incentivos no projeto por meio da regulamentação dos contratos de financiamento. Hoje, há uma lacuna sobre o tema, o que torna o oferecimento do crédito arriscado e cercado de insegurança jurídica.

Também facilita a recuperação judicial de empresas que atuam fora do país. A medida permite a cooperação entre juízes brasileiros e do exterior. O efeito prático seria a possibilidade de alcançar o patrimônio que a empresa em recuperação ou falência tenha fora do país. O mesmo valeria para companhias de fora com atividade no Brasil. Isso pode fazer com que empresas que pedem recuperação judicial fora do país, façam o mesmo no Brasil.

Valedoitaúnas/Informações iG



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