Governo dos EUA se pronuncia sobre alfinetadas de Lula contra Trump
22 de março de 2025Diplomacia dos EUA respondeu alfinetadas de Lula contra Trump e disse esperar cooperação do Brasil em agenda norte-americana
Foto: Arte/Metrópoles
O governo dos Estados Unidos se pronunciou publicamente, pela primeira vez, sobre as alfinetadas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Donald Trump. Ao Metrópoles a diplomacia norte-americana adotou uma postura neutra quando questionada sobre as declarações do presidente brasileiro, que pediu respeito ao Brasil e recomendou que o líder estadunidense falasse “manso” com ele.
Lula manda recado a Trump
Após Donald Trump iniciar seu segundo mandato como presidente dos EUA, uma guerra tarifária foi iniciada contra diversos países.
O Brasil foi um dos atingidos pelas políticas linha-dura de Trump, que decidiu taxar em 25% todas importações dos EUA de aço e alumínio.
Atrás de Canadá e México, o Brasil é um dos países que mais fornecem aço para os EUA.
Além disso, Trump tem citado o Brasil como exemplo de um dos países que mais taxam os EUA.
“Não adianta o Trump ficar gritando de lá, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito comigo, que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeito”, disse Lula durante discurso em Minas Gerais, em resposta à guerra tarifária imposta pelo presidente dos EUA.
Apesar da declaração de Lula, o governo brasileiro tem adotado uma postura de não buscar retaliações contra os norte-americanos. Ao invés disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil buscará negociar com Washington.
Questionado sobre o episódio, ocorrido no último dia 11 de março, o Departamento de Estado dos EUA preferiu se manter em silêncio. Como resposta, o governo Trump disse que busca apoio do governo Lula à agenda norte-americana.
“Estamos comprometidos com o engajamento produtivo com o governo brasileiro em apoio à agenda America First”, disse o governo dos EUA.
Além disso, a diplomacia dos EUA não respondeu aos questionamentos sobre o Brasil não estar presente em um giro recente do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, pela América Latina.
“O secretário de Estado Marco Rubio se reúne com líderes de todo o hemisfério para promover a cooperação regional em nossos principais interesses compartilhados: deter a crise da imigração ilegal, enfrentar o flagelo das organizações criminosas transnacionais e de traficantes de drogas, combater a China e aprofundar as parcerias econômicas para aumentar a prosperidade em nosso hemisfério”, disse a manifestação enviada à reportagem.
Por fim, o governo norte-americano revelou que não existem conversas sobre um possível contato ou encontro pessoal entre Donald Trump e Lula.
Ofensiva contra Moraes
Além do recado de Lula contra Trump, uma outra história corre em paralelo e coloca fogo nas relações entre Washington e Brasília.
Depois que o republicano assumiu a Casa Branca, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm visto no governo Trump uma tentativa frear a atuação da Justiça do Brasil.
A interlocução entre autoridades norte-americanas e a oposição brasileira têm sido mediadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). O parlamentar anunciou, no início da semana, que não retornará de uma viagem aos EUA.
O filho de 03 de Jair Bolsonaro, investigado por uma tentativa de golpe de Estado em 2022, decidiu se afastar do mandato na Câmara dos Deputados para ficar em território norte-americano. Seu objetivo, segundo declarações recentes, é tentar aumentar a pressão trumpista contra autoridades brasileiras como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma das principais medidas que podem atingir autoridades do Brasil, ventiladas pela oposição brasileira e políticos do Partido Republicano, são sanções que incluem a perda de vistos e o bloqueio de bens nos EUA.
(Fonte: Metrópoles)