Fonte de colágeno: Conheça erva com propriedades antienvelhecimento
16 de junho de 2023Um estudo mostrou que uma erva, considerada daninha, ajuda a pele a produzir colágeno. A planta contém substâncias anti-inflamatórias
Foto: Dimitri Otis/Getty Images
Já que ainda não encontraram a fonte da juventude, a Coluna Claudia Meireles está de olhos e ouvidos bem abertos sobre as novidades que podem beneficiar a saúde da pele. Um estudo feito pela Universidade de Myongji, na Coreia do Sul, mostrou que uma erva, considerada daninha, tem fontes antioxidantes e anti-inflamatórias, capazes de proteger a cútis.
A pesquisa trouxe à tona que o fruto da planta cocklebur oferece um leque de vantagens para a pele. A erva em questão também influencia a produção de colágeno, proteína responsável por dar elasticidade à cútis e prevenir rugas. Durante a investigação, os cientistas notaram que os compostos reduziram os danos causados pela exposição à radiação ultravioleta.
Origem cocklebur
Conforme apuração do portal Healthline, o cocklebur é uma planta nativa da China, Ásia Central e do sul da Europa. No entanto, se espalhou pelo mundo e é “frequentemente” encontrada em áreas úmidas ou arenosas, a exemplo das margens de rios. Não é a primeira vez que a erva daninha se tornou objeto de estudo.
A planta cocklebur – Foto: BlueRed/REDA&CO/Universal Images Group via Getty Images
Cientistas pesquisaram se o cocklebur poderia ser útil no tratamento de câncer e artrite reumatóide. “O fruto característico é coberto por cascas duras e carrapichos”, publicou o site voltado à saúde e ao bem-estar. Segundo o Healthline, a erva daninha é utilizada “há séculos” em medicações para dor de cabeça, nariz entupido, distúrbios de pigmentação da pele e doenças relacionadas à tuberculose.
Descobertas
Apresentado no último encontro da Sociedade Americana de Bioquímica e Biologia Molecular, realizado em março em Seattle, nos Estados Unidos, o estudo demonstrou, ainda, que a planta acelerou a cicatrização nos testes feitos com células e tecidos. Site focado em assuntos de saúde e bem-estar, o Healthline noticiou que, até então, a pesquisa não estampou revistas científicas.
“Descobrimos que o fruto do cocklebur tem o potencial de proteger a pele e aumentar a produção de colágeno”, comentou Eunsu Song, candidato a doutorado, em um comunicado. O cientista participou da investigação com o professor universitário Jinah Hwang. Na avaliação do pesquisador, a planta pode ser usada na indústria cosmética.
O fruto do cocklebur dispõe de propriedades benéficas para a saúde da pele, segundo cientistas – Foto: Getty Images
“Nesse sentido, pode ser um ingrediente atraente para cremes ou outras formas cosméticas. Ele provavelmente mostrará um efeito sinérgico se for misturado com outros compostos eficazes, como o ácido hialurônico ou o ácido retinóico, contra o envelhecimento”, frisou Song.
Embora tenham conferido as vantagens do cocklebur, os pesquisadores sugerem fazer mais estudos sobre a erva daninha. Até porque, quando em concentrações elevadas, a composição dela dispõe de uma substância danosa ao organismo. “Em seus carrapichos, o fruto cocklebur também possui um constituinte tóxico, o carboxiatractilosídeo, que pode danificar o fígado”, enfatizou Eunsu Song.
Realização do estudo
Para chegarem aos resultados, os cientistas examinaram as propriedades moleculares do fruto do cocklebur. Em seguida, isolaram os compostos com potencial de contribuir com a cútis por terem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. O próximo passo dos pesquisadores foi usar “culturas de células e um modelo de tecido 3D semelhante à pele humana”.
Para os pesquisadores, os extratos da erva podem ser usados na indústria cosmética. Entretanto, é necessário fazer mais estudos sobre a fonte de colágeno – Foto: Pexels
Após os testes, os estudiosos descobriram que os extratos do fruto da erva daninha estimularam a produção de colágeno e ofereceram proteção contra os raios UVB. Um dos pontos do artigo do Healthline aborda sobre as plantas cultivadas na Coreia do Sul terem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias mais altas e maior atividade de cicatrização de feridas do que as da China, conforme comprovado em laboratório.
Os cientistas da Universidade de Myongji tocam na tecla a respeito de pesquisarem mais profundamente os benefícios obtidos por meio do cocklebur. “Encontrar a concentração adequada parece muito mais importante e seria a chave para a comercialização de extratos frutos de cocklebur em cosméticos”, orientou Song em comunicado.
Oferecer proteção contra a radiação UVB é outra vantagem de usar os extratos do fruto do cocklebur em fórmulas de beleza – Foto: Adene Sanchez/Getty Images
Outros vieses
A Healthline procurou outros pontos de vista. Em conversa com o portal, especialistas médicos relataram existir potentes benefícios da erva daninha, mas com um adendo: há a mesma propriedade de dano se não for manuseada corretamente. “As sementes dessa planta contêm carboxiatractilosídeo, que pode ser tóxico”, atestou o dermatologista Noor Said.
“Isso pode levar a um gosto desagradável, dor abdominal, náusea, convulsões, vômitos e, nos piores casos, problemas hepáticos. Novos testes e estudos devem ser feitos”, considerou Said.
A química cosmética Ginger King explicou que a planta “é altamente venenosa”. “As pessoas devem evitar contato com as membranas mucosas como a área dos olhos ou lábios”, instruiu.
A erva daninha tem compostos com propriedades antienvelhecimento cutâneo – Foto: Dmitry Marchenko/EyeEm/Getty Images
A médica toxicologista Kelly Johnson-Arbor defende que as propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes do cocklebur são “intrigantes”. Ela lembra a respeito de como as pessoas manuseiam a erva daninha a fim de reduzir a toxicidade: “Por meio de um processo de cozimento especial”. De acordo com a expert, crianças tiveram problemas no fígado por consumirem “apenas 10 sementes” e há casos de morte após a ingestão.
“Cocklebur é venenoso quando consumido por porcos, vacas e outros animais. Os seres humanos também podem ser envenenados depois de comer as sementes contidas no fruto da planta. Devido ao potencial venenoso, só devem usá-la sob a supervisão de um médico”, atestou a toxicologista.
Assim como os outros experts entrevistados, ela impulsiona ter maiores pesquisas dedicadas à investigação da erva daninha.
Em um futuro breve, o cocklebur pode ser o novo queridinho das fórmulas de skincare – Foto: Sergey Mironov/Getty Images
(Fonte: Metrópoles)