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Fogo resiste na ilha grega de Eubeia, mas perde força ao norte de Atenas

08 de agosto de 2021

Fogo resiste na ilha grega de Eubeia, mas perde força ao norte de AtenasUm morador caminha ao longo de uma estrada enquanto um incêndio assola perto da aldeia de Gouves, na ilha de Eubeia (Grécia), 8 de agosto de 2021 – Foto:  AFP

Milhares de habitantes desesperados da ilha grega de Eubeia observavam neste domingo (8) o fogo devorar suas localidades, suas terras e suas vidas, no 12º dia de incêndios que devastam várias regiões da Grécia.

“Nos próximos 40 anos não teremos trabalho e no inverno nos afogaremos nas águas, sem florestas para nos proteger”, declarou desesperado Yannis Selimis, um morador de Gouves, no norte de Eubeia, cujos habitantes tiveram que ser evacuados.

“Estamos nas mãos de Deus. O Estado está ausente. Se as pessoas forem embora, as cidades com certeza vão queimar”, acrescentou o homem de 26 anos.

O fogo também queima no Peloponeso, no sudoeste, mas às portas de Atenas, por outro lado, o incêndio que destruiu dezenas de casas perdeu intensidade neste domingo, segundo os bombeiros gregos.

Grécia e Turquia, dois países vizinhos atingidos pela pior onda de calor em décadas, lutam contra incêndios há quase duas semanas. Os especialistas relacionam as altas temperaturas às mudanças climáticas.

Até o momento, duas pessoas morreram na Grécia e oito na Turquia, e dezenas tiveram que ser hospitalizadas.

Os incêndios na Turquia estão em sua maioria sob controle, embora o fogo ainda queime neste domingo na turística província de Mugla, no sudoeste.

Na Grécia, os bombeiros continuam a combater o fogo no norte da ilha de Eubeia, que acordou neste domingo envolta em uma densa nuvem de fumaça e sob uma chuva de cinzas, confirmou uma equipe da AFP.

Terminaremos no mar

Em chamas há seis dias, essa faixa de terra entre Ática e o Mar Egeu apresentava um panorama apocalíptico. Nas estradas, os moradores pulverizavam suas terras com água, enquanto as chamas continuavam a consumir as áreas arborizadas.

Milhares de hectares de florestas de pinheiros foram destruídos por um incêndio em Eubeia, a segunda maior ilha da Grécia, localizada cerca de 200 km a leste de Atenas.

A frente do incêndio cobriria cerca de 30 km, estimou no sábado o governador da região, Fanis Spanos.

“A frente é muito grande. Estamos tentando salvar a cidade, mas os meios são insuficientes”, disse Nikos Papaioannou, morador de Gouves, à AFP neste domingo.

“A situação é dramática. Vamos todos acabar no mar”, acrescentou.

Mais de 1.300 pessoas da ilha foram resgatadas por mar na sexta-feira e no sábado.

Balsas e navios militares estão em alerta na costa, em caso de necessidade de novas evacuações.

Uma dezena de moradores foi resgatada em uma praia cercada por chamas na madrugada deste domingo, segundo a agência grega ANA.

Mortos-vivos

A imensa ilha montanhosa, coberta de pinheiros, que costuma atrair turistas nacionais e estrangeiros, tornou-se um pesadelo para os bombeiros, devido ao seu relevo acidentado.

“Depois do que vimos, não parece que estamos próximos de controlar o fogo”, disse o prefeito de Mantoudi, um município de Eubeia.

“Não tenho mais voz para exigir mais meios aéreos”, reclamou à Skai TV.

Cerca de 260 bombeiros gregos, auxiliados por 100 veículos e apoiados por mais de 200 colegas da Ucrânia e da Romênia, foram destacados para o norte da ilha na manhã deste domingo e apoiados por sete aviões e helicópteros, informaram os bombeiros.

As chamas também se aproximavam das casas das aldeias de Ellinka, Vasilika e Psaropouli, tendo destruído centenas de casas da região.

“Quarenta mil pessoas vão viver como mortos-vivos nos próximos anos por causa da destruição da região”, comentou Iraklis, um vizinho de Istiaia, à Open TV.

No sábado, cerca de 2 mil pessoas que foram socorridas da ilha de Eubeia receberam alojamento temporário, disse o vice-ministro da Proteção Civil, Nikos Hardalias.

No sábado, havia 55 focos ativos em todo o país, cinco deles importantes.

As chamas devastaram mais de 56 mil hectares nos últimos dez dias na Grécia, de acordo com o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS). Cerca de 1.700 hectares queimados, em média, no mesmo período de 2008 a 2020.

Valedoitaúnas (ISTOÉ Dinheiro)



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