“Falta coordenação nacional no combate ao coronavírus”, diz Casagrande
07 de maio de 2020Em painel que teve Doria, Dino e Barbalho como debatedores, governador também criticou enfrentamento constante provocado pelo Presidente
Casagrande: painel foi transmitido pelo Youtube – Foto: Foto: Reprodução /Youtube
O governador Renato Casagrande disse na noite desta quinta-feira (7), durante o painel "Os desafios dos Estados na Crise", transmitido no Youtube pela Brazil Conference, que falta uma coordenação nacional no combate à pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, esta ausência de comando cria "uma dificuldade imensa" aos estados.
"Nossa dificuldade como governadores é a ausência de uma coordenação nacional. A falta de uma orientação clara do governo federal é uma dificuldade imensa que enfrentamos. O Presidente sempre fez opção pelo enfrentamento político e estamos sempre ouvindo que este é o estilo dele. Mas, sinceramente, não achei que ia fazer isso com a vida dos brasileiros", disse Casagrande.
O governador também criticou o surgimento de fake news e ataques diários em redes sociais. "Estamos fazendo também esse enfrentamento diário nas redes sociais. Nunca pensei que fosse enfrentar uma pandemia dessas. Já passei por muitas situações, mas nunca me preparei para enfrentar uma situação que é uma crise mundial e não sabemos o que vai ter pela frente. E mesmo assim tem notícia falsa todos os dias, coisas que desgastam", desabafou.
O Espírito Santo, para Casagrande, enfrenta duas crises. Além da pandemia, tem a queda brusca de arrecadação. "Tem a pandemia e a queda dos preços do petróleo. Nossa arrecadação deve cair 30%, o que deixa o caixa do Estado bastante desfalcado. O projeto aprovado no Congresso (de ajuda a estados e municípios, pelo qual o Espírito Santo deve receber R$ 2,2 bilhões) é importante pra nós".
O governador também disse que não espera que a crise se resolva a curto prazo. "A pandemia será de médio e longo prazo. Vamos passar 2020 e chegar a 2021, até encontrar uma vacina, para ter um caminho para a economia. Não vai ter retomada após a pandemia, temos que fazer um trabalho de convivência e adotar qualquer medida que aponte um caminho que faça a diferença. E é o governo federal que tem o timão para dar a direção", afirmou.
Obras
Sobre a continuidade do desenvolvimento do Estado, o governador afirmou que será preciso contar com o apoio da iniciativa privada para realizar obras e fazer investimentos. "Se conseguirmos realizar parcerias com o setor privado e a gente conseguir caminhos que não sejam somente o investimento público, é possível realizar obras. Porque temos uma redução drástica da receita. Vamos vivenciar momentos difíceis e a alternativa será investimentos do setor privado. A gente pode ir preparando ações para encaminhar uma desburocratização. Cada crise gera oportunidades, mas esta deixará marcas nos brasileiros".
Sobre um possível impeachment do Presidente Jair Bolsonaro, Renato Casagrande afirmou que não vê como possibilidade concreta e disse que a prioridade deve ser pensar em combater o novo coronavírus.
"Minha opinião é que a prioridade é o combate ao coronavírus, mas isso não pode ser um passaporte, uma passagem livre para o Presidente cometer erros e enfrentar as instituições. Impeachment tem questão técnica, mas o que leva é a questão política, é o apoio popular. Mas o presidente Bolsonaro, é bom que se diga, está com um bom projeto de perder apoio junto a população por esse enfrentamento permanente. Mas, ainda exerce liderança forte sobre uma boa parcela da população brasileira, um terço da população".
Painel
O painel "Os desafios dos Estados na Crise", foi debatido, além de Casagrande, por João Doria (SP), Helder Barbalho (PA), e Flavio Dino (MA). A moderação foi da jornalista do Estadão, Andreza Matais.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) disse que País enfrenta dois vírus. "O Brasil enfrenta o coronavírus e o bolsonarovírus. Não sei qual é o pior. O Presidente dá sinais equivocados de irresponsabilidade, contrariando orientações da Organização Mundial da Saúde, da ciência e da opinião pública. Se não fossem os governadores, haveria de 10 a 20 vezes mais óbitos no Brasil", disse Doria.
Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, disse que o Presidente fere a Constituição e conspira contra a República. "A marcha que ele fez hoje com empresários até o Supremo para pedir a abertura do comércio é um ataque às instituições. Quis matar a federação, a prerrogativa constitucional dos estados e ainda foi no lugar errado. Um ato nunca antes visto na história brasileira. Já vimos muitas coisas raras, mas o desfile presidencial ao Supremo superou todas", disse Dino.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) disse que o momento é de os governadores se unirem em torno de um objetivo. "Devemos nos unir em todo País em torno de uma mensagem de equilíbrio, para que assim e com muito trabalho possamos diminuir o sofrimento da população", disse o governador, que contraiu a covid-19 e foi curado.
Valedoitaúnas/Informações Folha Vitória