Extração de sal-gema pode ter causado cratera gigante em Vera Cruz, na Bahia
02 de dezembro de 2023Estudo foi realizado pela empresa alemã IFG (Institute for Geomechanics), segundo informações da Dow Química, empresa responsável pela área onde o buraco apareceu, na sexta-feira (1º)
Antigo modelo de extração de sal-gema e características tectônicas da BA pordem ter causado cratera gigante – Foto: OrtoPixel/Soluções com Drones, Geotecnologias e Arquitetura
A cratera gigante que se formou perto da vila de Matarandiba, na cidade de Vera Cruz, Ilha de Itaparica, na Bahia, pode ter sido causada pelo antigo modelo de extração de sal-gema em poços desativados na década de 1980 e características tectônicas regionais, ou seja, a presença de pequenas fraturas e fissuras presentes na região.
É o que aponta a segunda etapa do estudo geomecânico realizado pela empresa alemã IFG (Institute for Geomechanics), concluída em maio de 2023, segundo informações da Dow Química, empresa responsável pela área onde o buraco apareceu, na sexta-feira (1º).
A cratera, que fica a 1 km da vila de pescadores de Matarandiba, foi descoberta em maio de 2018 e tinha 46 metros de profundidade, 69 metros de comprimento e 29 metros de largura, na ocasião. O primeiro aumento na estrutura foi divulgado em janeiro de 2019, quando cresceu quase quatro metros.
Até abril de 2021, última medição divulgada até então pela Dow Química, o buraco tinha 111 metros de comprimento, 48,9 metros de largura e 24,4 metros de profundidade. No entanto, houve um "leve" crescimento no comprimento e uma redução na largura e na profundidade.
???? De acordo com a empresa, as medidas mais atualizadas são: 116 metros de comprimento, 43 metros de largura e 22 metros de profundidade.
O aumento do comprimento e redução da largura e profundidade estão previstos e são característicos deste fenômeno geológico. Ainda não é possível prever quando se estabilizará, uma vez que depende de uma série de fatores geológicos e ambientais que não foram detalhados.
Cratera está a 1,1 km da vila de pescadores de Matarandiba – Foto: Divulgação/Dow Química
Segundo o estudo da empresa alemã, a vila de Matarandiba está segura, assim como a atual área de exploração de sal-gema da Dow e o acesso à ilha. Além disso, a formação de um novo sinkhole – fenômeno geológico conhecido como "vazio subterrâneo" – é remota nessas três áreas.
A Dow Química destacou que utiliza, atualmente, um novo modelo de extração de sal-gema em Matarandiba, com tecnologia para parâmetros de segurança e estabilidade. Dessa forma, "a atividade de mineração no local atual está fora da área do sinkhole e da zona de risco, com estabilidade a longo prazo, e não apresenta os fatores de risco para a formação de um vazio subterrâneo".
Cratera misteriosa na BA pode ter sido causada por antigo modelo de extração de sal-gema e características tectônicas regionais – Foto: OrtoPixel/Soluções com Drones, Geotecnologias e Arquitetura
Um inquérito civil público foi aberto pelo Ministério Público Federal na Bahia (MPF) para apurar o surgimento do fenômeno, chamado sinkhole. Em perícia técnica, foi averiguado que a Dow adotou medidas para a segurança da população local.
Em 2019, o MPF chegou a debater com representantes da Dow e integrantes do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) o possível aparecimento de outras crateras que pudessem oferecer risco à população e ao meio ambiente na região, além do aumento da cavidade.
Na ocasião, a Dow apresentou estudos que apontaram que não há risco para a população da vila, ou na área de operação da multinacional.
???????? Desde a descoberta do sinkhole, a empresa já investiu mais de R$ 20 milhões em estudos, tecnologias de monitoramento em tempo real e outras medidas preventivas como:
- Dados de satélite de alta precisão:essa tecnologia permite monitorar e recuperar a história do movimento do solo em toda a região da ilha com precisão milimétrica. Esse monitoramento permite identificar qualquer variação no solo da região. Em operação desde 26 de junho de 2018, sem alterações identificadas;
- Microssísmico:microssensores foram instalados para monitorar continuamente qualquer movimento ou possibilidade de novos eventos geológicos na região. A capacidade de cobertura de cada equipamento atinge um raio de 4 km, o que significa que o conjunto de equipamentos cobre toda a ilha de Matarandiba, segundo a Dow Química. Este sistema está em operação desde agosto de 2018, sem atividade anormal do solo identificada até o momento;
- Câmera:capta imagens do sinkhole 24 horas por dia monitoradas a partir de uma sala de controle;
- Drone:mensalmente capta imagens para verificação de estabilidade do sinkhole.
Uma outra medida de segurança adotada pela empresa, foi interditar o acesso ao sinkhole por meio de barreiras de segurança.
A empresa ainda detalhou que, desde a descoberta da cratera, a comunidade da Vila de Matarandiba recebe atualizações sobre o buraco em encontros periódicos com representantes da Dow.
(Fonte: g1)