Ex-presidente da Bolívia Jeanine Áñez é tratada de urgência por autolesões na prisão
21 de agosto de 2021Ex-presidente da Bolívia Jeanine Áñez é tratada de urgência por autolesões na prisão
Governo do presidente Luis Arce fala em "pequenos arranhões", mas chefe policial confirma tentativa de suicídio; advogada da ex-chefe de Estado diz que episódio foi "um pedido de socorro"
Ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez, presa em La Paz, conversa com aliados políticos – Foto: Divulgação/Reuters
A ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez se autolesionou, neste sábado (21), na prisão onde está encarcerada e já está sendo atendida por médicos, informou o ministro de Governo, Eduardo del Castillo. Já o diretor da Força Especial de Luta contra o Crime (Felcc), Douglas Uzquiano, afirmou a emissoras de rádio locais que a polícia confirmou "uma tentativa de suicídio".
O chefe policial comunicou, ainda, que Áñez tem cortes em um de seus braços e também no pulso. Por sua parte, Castillo mencionou "pequenos arranhões" e assegurou que "não há motivo para preocupar-se".
Neste sábado (21), os ex-presidentes Carlos Mesa, Jorge Quiroga e Jaime Paz Zamora divulgaram uma carta na qual pedem às autoridades judiciais do país que adotem as medidas necessárias para garantir "a integridade física e psicológica da ex-presidente". Em mensagens nas redes sociais, Mesa enfatizou que "as explicações do governo não são sérias".
“O médico legista chegou ao local para fazer um diagnóstico da Sra. Jeanine Añez para avaliar seu estado”, disse Uzquiano, a um canal de televisão.
Meios de comunicação bolivianos informaram que Áñez fez cortes no próprio antebraço. A advogada da defesa, Norka Cuellar, assegurou que a ex-presidente fez "um pedido de socorro".
“Senhor Evo Morales, por razões humanitárias, a oposição permitiu seu traslado ao México (em novembro de 2019), para que sua vida não corresse perigo. Suplicamos, como advogados da defesa, que a mesma coisa seja feita com ela (Áñez”, declarou Cuellar.
A ex-presidente havia sido levada, na quarta-feira, ao hospital, sendo aquela a terceira vez em duas semanas que precisou de cuidados médicos. Lá, profissionais da saúde que a atenderam disseram ter realizado exames e constatado que Áñez sofria de hipertensão. Logo após a consulta, a ex-chefe de Estado voltou à prisão.
Ela está presa preventivamente desde março deste ano, acusada de participar de um golpe de estado para derrubar o então presidente Evo Morales, em novembro de 2019. Áñez nega as acusações e diz ser vítima de perseguição política.
Na sexta-feira (20), a Procuradoria-Geral da Bolívia anunciou que apresentou uma acusação de genocídio e outros crimes contra a ex-presidente pela morte de dezenas de manifestantes da oposição há dois anos. A decisão se haverá julgamento ou não será tomada pelo Congresso, controlado pelo Movimento ao Socialismo (MAS), do presidente Luis Arce. Apesar de ter maioria no Parlamento, o partido governista precisa de votos opositor para avançar com o processo.
A decisão repercutiu e neste sábado (21), por volta das 12h, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, postou em seu perfil oficial no Twitter uma imagem em que aparece uma reportagem referente às acusações contra Áñez. Após a renúncia de Morales, sob for pressão das Forças Armadas e policiais, o governo brasileiro foi um dos primeiros em reconhecer a Presidência interina de Áñez. Ao contrário de vizinhos com a Argentina, o governo brasileiro não denunciou um golpe na Bolívia e, em todo momento, respaldou e colaborou com o governo de Áñez.
Valedoitaúnas (O Globo)