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Ex-panfleteiro fatura R$ 173 milhões com ideia da esposa

31 de agosto de 2021

Caio Rodrigues ouviu a ideia da sua companheira Natália Ribeiro e com um método inovador de estética os dois puderam largar o emprego e viver do empreendedorismo

Ex-panfleteiro fatura R$ 173 milhões com ideia da esposaCaio Ribeiro – Foto: Divulgação

Caio Rodrigues é filho de dona de casa e de um vendedor de café e sempre quis ser jogador de vôlei. Devido a sua origem pobre em Avaré, no interior de São Paulo, cursar faculdade era algo inimaginável. Aos 18 anos, desistiu do esporte, foi ajudar seu pai, conseguiu pagar sua graduação em Administração e hoje cuida de uma rede de serviços que deve fechar o ano com faturamento de R$ 173 milhões, a Mais Top Estética.

Em 2007, após a conclusão do Ensino Médio, Caio abandonou o esporte para ajudar sua família financeiramente. Por intermédio do seu pai, começou a trabalhar na fábrica de produção de café em pó, mas nunca gostou do ofício. Um ano depois, um dos clientes o convidou para trabalhar em sua cafeteria. Caio topou e conseguiu conciliar os dois trabalhos por quatro anos, obtendo uma renda de R$ 840 por mês.

Expresso para o sucesso

Em 2011, Caio prestou vestibular para Fisioterapia, mas só conseguiu entrar para o curso de Administração, com mensalidade de R$ 800. Após alguns meses na graduação, o futuro empreendedor foi demitido, sem sequer saber elaborar um currículo para procurar outra vaga. "Fiquei cerca de 30 dias desempregado. Naquele momento percebi a carência que eu tinha em conhecimento", comenta.

Caio conseguiu emprego em uma franquia de escola profissionalizante, vendendo matrículas. Em seu primeiro mês, bateu com folga a meta de 25 vendas, alcançando 40 matrículas. Mas o salário era baixo, e sua dívida na faculdade só aumentava. A essa altura, Caio já devia cerca de R$ 2 mil e estava impedido de frequentar as aulas.

Do céu ao inferno

No ano seguinte, o futuro empreendedor se destacava como vendedor e sonhava em trabalhar em banco. Na época, começou a mirar nas grandes empresas de Avaré. Porém, ao mesmo tempo, o pai de Caio caiu em um golpe e vendeu cerca de uma tonelada de café para uma pessoa que desapareceu. "Vendemos a casa e o carro para pagar a dívida, ficamos com R$ 30 mil para comprar um terreno e construir uma nova casa", conta.

O episódio impulsionou o Caio a entregar currículo todas as semanas nas multinacionais onde sonhava trabalhar. Foi desta forma que surgiu a oportunidade de participar de processos seletivos de quatro grandes empresas. Aprovado em todas as vagas, ele escolheu a que pagava mais. "Entrei como auxiliar administrativo da diretoria, tinha contato direto com os donos e, pela primeira vez, tinha conta em banco, crédito, além do nível de conhecimento", conta Caio. "Recebia R$ 1.600 fazendo muitas horas extras e também ajudava meu pai na construção. Perdi muitas aulas na faculdade".

Em 2013, Caio finalmente conseguiu seu sonhado trabalho no banco e já buscava alcançar o cargo de gerente. Novamente, o talento em vendas se sobressaiu e, em uma semana de trabalho, Caio bateu a meta do mês. Dez meses depois, foi promovido a subgerente, cargo que ocupou durante dois anos e meio, nesse período, buscou se especializar ainda mais.

"Enquanto concluía a graduação, comecei minha pós em Custos, Controladoria e Auditoria, que conclui em 2015", diz o empreendedor. "Seis meses depois, o banco fez um comunicado de que abriria mais 30 agências no Brasil. Participei do processo seletivo e me tornei gerente em Cruzeiro", complementa.

Em 2016, no mesmo ano da efetivação, da transferência para nova cidade e do pagamento do último cheque da reforma da casa de sua família, Caio recebeu a notícia do falecimento do pai.  "Me tornei o pilar da minha família. A morte do pai foi a maior lição de que eu deveria investir em meus sonhos, não ter medo do que as pessoas iam pensar ou do que pudesse acontecer", conta o empresário.

Caio foi morar com a namorada, Natália, e no campo profissional percebeu que seu trabalho não estava ajudando as pessoas da forma que ele esperava. "Queria transformar vidas e realizar sonhos, mas não via isso acontecer", comenta.

Sociedade com a esposa  

Morando juntos, Caio e Natália começaram planejar o investimento em uma clínica de estética. Ele enxergava o lado empreendedor da esposa, fisioterapeuta, e detestava vê-la desperdiçando seu talento apenas como dona de casa. Certo dia, Natália foi para Curitiba para um curso de estética e conheceu o método de luz intensa pulsada, semelhante ao laser para remoção de manchas, rugas e linhas de expressão na pele. O preço do equipamento era de R$ 40 mil.

Apesar das despesas que tinha, Caio conseguiu negociar a compra via cheque parcelado em 10 vezes, com 60 dias para pagar a primeira parcela do produto. Este foi o primeiro passo para a abertura da Mais Top Estética. "Ficávamos até as 21h, 22h trabalhando. A Natália fazia de tudo, e eu ainda estava no banco", comenta Caio. "No sexto mês, estava dando para cobrir as contas e contratar mais funcionários, ainda com um lucro de R$10 mil".

Em maio de 2017, a clínica mantinha um bom número de clientes, e a quitação mensal dos cheques de R$ 4 mil deixou de ser uma preocupação. Foi então que Caio retribuiu o gesto de amor da esposa, pedindo demissão do banco para juntar-se ao sonho da parceira. Segundo ele, nesse momento o medo bateu, mas não havia muita margem para escolha. "Ou a Mais Top Estética dava certo ou dava certo. Peguei R$ 40 mil de rescisão, compramos mais um equipamento de luz pulsada, expandimos a clínica, fizemos novas contratações e começamos a estudar a formatação de franquia para a Mais Top Estética virar uma marca", lembra o empresário.

Com o conhecimento adquirido em cinco anos como bancário, ele tornou-se responsável pelas finanças e pela gestão interna da clínica, enquanto Natália introduzia técnicas inovadoras e cientificamente comprovadas nos tratamentos oferecidos pela marca.

Atualmente, a Mais Top Estética conta com mais de 450 unidades vendidas, 128 em operação e mais de 300 em processo de implantação. Com faturamento projetado de R$ 173 milhões para este ano, até o final de 2022 os empreendedores pretendem bater a meta de mil unidades em todo o país.

Valedoitaúnas (iG)



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