Ex-padrasto que virou réu por morte de jovem tinha senha para monitorar localização da vítima com app espião
10 de fevereiro de 2022Anna Carolina Pascuin Nicoletti foi encontrada morta dentro do próprio apartamento, em Sorocaba (SP). Homem virou réu pelo homicídio, mas teve a prisão preventiva negada e foi solto
Advogado virou réu por matar vendedora em Sorocaba – Foto: Reprodução/Facebook/Reprodução/TV TEM
O ex-padrasto e principal suspeito de matar a vendedora Anna Carolina Pascuin Nicoletti, de 24 anos, encontrada morta dentro do próprio apartamento, em Sorocaba (SP), perseguia a vítima pelas redes sociais e tinha uma senha para localizá-la.
A anotação do suposto aplicativo espião, que também pode ser chamado de "spyware" ou "stalkerware", foi encontrada durante a investigação da Polícia Civil em um bloco de notas de um celular de Eduardo de Freitas. Outra mulher também seria monitorada pelo réu.
Segundo Emilio Simoni, executivo-chefe de segurança da PSafe, estes aplicativos ficam ativos em segundo plano, sem que o dono do dispositivo perceba, monitorando as atividades do usuário e repassando remotamente os dados armazenados.
"Tipos: os Spywares e os Stalkerwares. Apesar de terem o mesmo objetivo, de espionar o que o dono do dispositivo está fazendo, costumam ser usados de formas distintas. Os Stalkerwares precisam ser instalados por alguém de forma direta no celular da vítima, por isso tendem a ser utilizados por pessoas próximas. Já os Spywares geralmente são utilizados por cibercriminosos com o objetivo de roubar dados e senhas de outras pessoas e podem ser instalados remotamente", detalha.
Ainda segundo o especialista, alguns sinais podem ser um alerta de que o aplicativo está instalado no dispositivo.
"O aumento do consumo de energia e a ativação de recursos que o usuário não tenha feito (como GPS, por exemplo). A principal dica é ter uma solução de segurança capaz de bloquear qualquer ameaça".
Ao g1, Marcelo Jorge Ferreira, da defesa do réu, não comentou sobre as anotações do réu com relação à localização da vítima.
"No tocante ao referido ponto de supostos monitoramentos da vítima, bem como de terceiros, a defesa se manifestará exclusivamente nos autos da ação penal".
Prisão e liberdade
Eduardo de Freitas chegou a ser preso temporariamente por 60 dias pela morte de Anna Carolina, mas a Justiça não decretou a prisão preventiva. Ele foi solto mesmo virando réu por homicídio qualificado.
O Tribunal de Justiça informou que não comenta decisões e não emite nota "sobre questão jurisdicional".
"Os magistrados têm independência funcional para decidir de acordo com os documentos dos autos e seu livre convencimento. Essa independência é uma garantia do próprio Estado de Direito. Quando há discordância da decisão, cabe às partes a interposição dos recursos previstos na legislação vigente".
Segundo a investigação da Polícia Civil, enquanto Carol, como era conhecida por parentes e amigos, ainda morava em Pilar do Sul, o réu invadiu a casa dela e passou a lhe enviar fotos dos cômodos e mensagens, quando acreditou que ela estaria com outra pessoa. A bolsa dela também teria sido levada, mas devolvida depois.
Após a ida da jovem para Sorocaba, em tentativa de fuga, segundo a família dela, o ex-padrasto teria criado um perfil fake e se passado por um cliente para visitá-la na loja onde trabalhava.
Veja abaixo as mensagens:
Réu mandava várias mensagens para Anna Carolina – Foto: Reprodução
Prints mostram mensagens para a vítima – Foto: Reprodução
Self e foto de fim de tarde estavam entre as imagens nas conversas – Foto: Reprodução
Mensagens foram mandadas para Anna Carolina – Foto: Reprodução
Conversa entre o réu e a vítima morta em Sorocaba – Foto: Reprodução
Valedoitaúnas (g1)