Ex-capa da Playboy presa em Vitória (ES) é condenada a 8 anos de prisão por tráfico de drogas
22 de julho de 2021Flávia Bernardes Tamaio fazia programas e vendia cocaína para clientes, segundo denúncia. Outro réu, Carlos Alberto Rivetti Levy, foi sentenciado por fornecer entorpecentes à modelo; G1 tenta contato com defesa
Flávia Bernardes Tamaio é famosa por ter sido capa de revistas no Brasil e no exterior e ter estrelado filmes eróticos – Foto: Reprodução/Instagram
A 1ª Vara de Entorpecentes do Distrito Federal condenou a modelo Flávia Bernardes Tamaio a 8 anos de prisão, em regime semiaberto, por venda de drogas e associação para o tráfico. Ex-capa da revista masculina Playboy, ela foi sentenciada por comercializar os entorpecentes ao fazer programas na capital. Cabe recurso.
Flávia foi presa em julho do ano passado, em um hotel no Espírito Santo, em uma operação da Polícia Civil do DF. À época, os investigadores afirmaram que a mulher cobrava entre R$ 500 e 1 mil por programa, regado a cocaína e haxixe (veja mais detalhes abaixo).
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), pelo menos entre os meses de janeiro de 2018 e agosto de 2020, Flávia e Carlos Alberto Rivetti Levy, outro sentenciado no processo, se associaram para traficar drogas.
O homem foi condenado a 9 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado. O G1 tenta contato com a defesa dos condenados.
O processo diz ainda que Carlos fornecia drogas à Carla, que comercializava entre os clientes que a contratavam para os programas. Em 19 de junho de 2020, segundo o processo, a Polícia Civil apreendeu drogas, como porções de maconha e cocaína, na casa da modelo, em Águas Claras. Em um hotel que ela havia se hospedado, no Plano Piloto, mais entorpecentes foram encontrados.
Flavia foi capa da revista Playboy – Foto: Reprodução/ Instagram
Julgamento
A decisão é do dia 16 de julho, assinada pelo juiz Lucas Lima da Rocha. Segundo o processo, a defesa dos investigados alegou "ilicitude" nas provas encontradas.
O advogado de Flávia pediu a absolvição da ré, ou a desclassificação da conduta de tráfico e sim de que os entorpecentes eram para uso próprio, ou ainda a fixação da pena no mínimo legal, bem como revogação do pedido de prisão preventiva. Ao magistrado, Flávia negou o crime.
Na audiência, a mulher disse que se tratava de "perseguição", que não fazia programas junto à venda de drogas. Afirmou ainda que era usuária dos entorpecentes e que as porções encontradas na casa dela eram para uso pessoal.
Carlos também alegou que é inocente e que usava as drogas juntamente com a modelo. Entretanto, o juiz não aceitou a tese dos réus.
"O processo tramitou com total observância dos regramentos legais, sob a égide dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Inexistindo preliminares pendentes de apreciação, avanço na apreciação do mérito", considerou.
O magistrado disse ainda que as autorias dos sentenciados estão "igualmente comprovadas pelos documentos retromencionados, bem como pela prova oral produzida em regular instrução", já que testemunhas chegaram a dar detalhes sobre os crimes praticados.
Ao dar a sentença, o magistrado considerou que Flávia não tem antecedentes criminais. "Faculto à ré o direito de apelar em liberdade, uma vez não vislumbrar, por ocasião da sentença, os requisitos imprescindíveis da segregação cautelar", disse. No caso de Carlos, o juiz optou pelo regime fechado e por uma pena maior, já que pesava contra ele uma condenação anterior por tráfico.
Tráfico e prostituição
Flávia é conhecida por ter sido capa de revistas no Brasil e em Portugal e por ter estrelado filmes eróticos. No ano passado, a Polícia Civil disse que o grupo do qual ela fazia parte atuava na venda e distribuição de drogas, principalmente sintéticas e cocaína, para clientes de alto poder aquisitivo no DF.
"Ela tinha uma agenda muito cheia e não tinha um local certo, viajava o Brasil. Um dia antes da operação, ela foi para Florianópolis", disse à época o delegado Ricardo Oliveira, da 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte.
Imagem de vídeo mostra momento em que ex-capa da Playboy é abordada por delegado e presa no ES – Foto: reprodução
A modelo foi presa em 21 de julho, ao chegar à recepção de um hotel em Vitória, no Espírito Santo. Câmeras de segurança do estabelecimento capturaram o momento da abordagem (veja vídeo acima). Dias depois, ela foi transferida à Brasília, onde permaneceu em prisão domiciliar e com tornozeleira eletrônica.
A prisão foi uma continuidade da Operação Rede, realizada em junho de 2020 no distrito Federal que resultou no cumprimento de 37 mandados de busca e apreensão e de prisão. À época, seis grupos criminosos especializados no tráfico de drogas sintéticas e de cocaína na região central de Brasília foram alvos da polícia.
Valedoitaúnas (G1)