Europa veta acordo bilionário com Brasil por causa de política ambiental
08 de outubro de 2020Acordo comercial entre União Europeia e Mercosul representaria ganho de US$ 87,5 bilhões ao PIB em 15 anos, segundo o governo brasileiro
Acordo entre União Europeia e Mercosul foi vetado por Parlamento Europeu, que cita política ambiental de Bolsonaro – Foto: Marcos Corrêa/PR
O Parlamento Europeu rejeitou nesta quarta-feira (7) o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, ressaltando a importância da "implementação do Acordo de Paris" para sua aprovação. Os europeus citam a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro como principal razão para o veto ao negócio, que poderia render US$ 87,5 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 15 anos, segundo projeção do próprio governo brasileiro quando ele foi anunciado, em 2019.
Uma emenda específica chegou a citar "preocupação com a política ambiental de Jair Bolsonaro" e foi aprovada, mas o texto final retirou a menção ao presidente brasileiro.
Na versão que prevaleceu no Parlamento, é dito que "o acordo UE-Mercosul não pode ser ratificado como está", sem citar nominalmente Bolsonaro, mas ainda tendo o governo brasileiro como principal receio. Numa versão anterior, havia o trecho em que os deputados diziam estar "extremamente preocupados com a política ambiental de Jair Bolsonaro, que vai contra os compromissos do Acordo de Paris, em particular no combate ao aquecimento global e à proteção à biodiversidade".
Esse trecho havia sido incluído no relatório sobre o acordo que foi à votação sob forma de uma emenda aprovada por 345 votos a favor, 295 contra e 56 abstenções. A emenda foi proposta pela eurodeputada francesa Marie-Pierre Vedrenne, que chegou a comemorar em seu perfil em rede social.
Apesar da citação a Bolsonaro ter sido retirada no texto do relator, a rejeição ao tratado foi mantida. Ela não é obrigatória, mas tem grande poder simbólico, pois reflete o ambiente extremamente difícil para a implementação do acordo, negociado ao longo de 20 anos. Na prática, ela dificulta que o acordo, tão celebrado pelo governo no ano passado, seja selado.
Dentre os principais pontos, o acordo UE-Mercosul prevê facilidade do comércio agrícola, eliminação ou redução de tarifas de bens industrializados e permite que empresas de ambos os blocos terão acesso aos dois mercados nas mesmas condições que as companhias nacionais.
Valedoitaúnas/Informações iG