Home - Geral - Espírito Santo terá plano contra ataques para reforçar segurança nas...

Espírito Santo terá plano contra ataques para reforçar segurança nas escolas

07 de abril de 2023

De acordo com Alexandre Ramalho, secretário de Estado da Segurança, proposta inclui treinamento para a comunidade escolar e disque-denúncia próprio

ES terá plano contra ataques para reforçar segurança nas escolasFoto: Divulgação / PMES

O secretário de Estado da Segurança Pública no Espírito Santo, coronel Alexandre Ramalho, afirmou na tarde desta quinta-feira (6) que o Estado vai ter um plano estadual para tratar de segurança nas escolas.

O assunto, ainda mais em evidência depois do ataque em uma creche em Blumenau (SC), nesta quarta-feira (5), tem sido alvo de autoridades multidisciplinares. Por aqui, não será diferente: a ideia é apresentar o plano até o final de abril, o qual terá apoio da Secretaria de Educação (Sedu) e da Saúde (Sesa).

Segundo Ramalho, há um grupo estabelecido, chamado de Comitê de Segurança Escolar, que, nas palavras do secretário, congrega as forças de segurança, unindo Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil.

“A PM tem o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à VIolência (Proerd), os bombeiros têm a brigada que atende os jovens de 15 anos em diante; e ainda há o Papo Responsa, da Polícia Civil, que trabalha com os adolescentes no linguajar deles, então a área de segurança já tem alguma expertise. Mas teremos 15 grupos temáticos que, ao nosso entender, vai ajudar a dinamizar”, esclareceu.

Entre os grupos, Ramalho afirmou que há um específico para tratar de tecnologia, analisando quais as melhores opções a serem aplicadas no ambiente escolar, e um grupo de Inteligência, que também terá parceria com a Polícia Federal.

“Teremos um disque-denúncia exclusivo para as escolas, bem como pensamos em um código no Ciodes específico para levantar estatística. Também estamos planejando um fluxo para organizar quem vai fazer o quê, em que ordem, caso haja uma ocorrência, além de um núcleo dentro da PC para investigação nesses casos. Este pacote pretendemos encerrar no fim do mês, depois será apresentado o plano, de aspecto contributivo e participativo. A segurança pública não está sozinha, nem a educação”, continuou o secretário.

O bullying como causa de revolta e ataques

Ramalho também enfrentou o tema do bullying nas escolas, dizendo que os ataques têm direta relação com o que acontece dentro do ambiente de aprendizagem, como cenas de humilhação. “O estudante que é vítima acaba ficando recluso, sem querer ir para a escola e aí encontra apoio na deep e dark web”, pontuou.

Apesar de entender que não há receita de bolo, o secretário entende que o Espírito Santo está saindo na frente com relação ao restante do país.

Treinamento para a comunidade escolar

Em termos de treinamento para a comunidade escolar, ele afirmou que será oferecido curso de primeiros-socorros pelos bombeiros. “A ideia não é correr para sair, porque nessas ocasiões, se correr a pessoa vai ao encontro do atirador”, disse.

Uma das ideias, segundo Alexandre Ramalho, é identificar um local, como uma sala de aula, para que as pessoas se escondam em segurança.

“Teremos treinamentos periódicos, simulações e palestras. É preciso mudar também o ambiente interno, até para gerar uma devolutiva. Ensinar as pessoas como lidar com o pânico”, pontuou.

Inteligência Artificial

Uma ideia estudada é também a implantação de Inteligência Artificial nas escolas, por meio de robôs que possam avisar sobre pessoas com características determinadas, por exemplo: que entrem portando alguma arma, correndo, de máscaras ou bandanas.

ES terá plano contra ataques para reforçar segurança nas escolasAlexandre Ramalho, secretário de Segurança – Foto: Hélio Filho/Secom

“Seria como acontece com o cerco inteligente, que é uma ferramenta que tem ajudado a PC. O cerco passa algumas características suspeitas e a partir daí se acende um alerta. Algo parecido está dentro do grupo de tecnologia, que vamos alinhar no plano escolar”, acrescentou.

Questionado sobre se os ataques no país e no Estado têm se tornado uma “epidemia”, Ramalho afirmou que não usaria esse termo.

“Nem todas as informações que chegam são verdadeiras, mas de fato o número aumentou e precisamos considerar isso. É importante deixar o aviso para que, diante de qualquer comentário, informação, desenho de croqui, ameaça de invasão, falas sobre armas e simulacros, a que os alunos tenham acesso, imediatamente seja denunciado ao 181 para que qualquer ato seja evitado”, disse.

Também sobre o botão do pânico, o secretário afirmou que não entende como solução para o caso das escolas. “Assim como não entendemos o uso de viaturas, detectores de metais, entre outros. Isso torna o ambiente mais hostil. Uma coisa que sabemos é o que leva pessoas a cometerem esses atentados: o sofrimento”, afirmou.

Investimento em nível nacional

Após anúncio do ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta quarta-feira (5), de que o Ministério fará investimento no valor de R$ 150 milhões destinado a um fundo nacional de segurança pública em escolas, Ramalho foi questionado a respeito de possíveis encontros com outros entes federativos para concluir a questão.

“Estamos esperando o ministro da Justiça definir as regras, como qual a cota para cada estado, por exemplo. Isso poderá ser uma forma de comprar o horário de folga do policial, que o motiva a trabalhar e acaba sendo muito benéfico”, declarou.

Quanto às forças de segurança saberem operar, em nível de inteligência, espaços na deep web, o secretário afirmou que é um assunto muito novo e que requer diálogo e instruções.

Especialista fala que nunca havia existido uma real preocupação com o bullying

O aumento gradativo dos casos de atentados em escolas pelo Brasil acende um alerta para a importância do debate sobre a segurança das instituições e a saúde mental.

Desde o ano de 2011, quando foi registrado o massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, o Brasil teve ao menos outros 12 ataques em creches e escolas. Entre alguns emblemáticos estão: o massacre de Suzano no Rio de Janeiro, o ataque em Aracruz, no Espírito Santo, e o ataque em Saudade, também em Santa Catarina.

Segundo o especialista em Segurança Pública, Raphael Pereira, em entrevista ao Fala ES, da TV Vitória, os casos não são isolados e sempre trazem reflexões quanto às atitudes que devem ser tomadas: para prevenir, mitigar e evitar que mais tragédias ocorram no Estado e no país.

"Esses ataques não são de hoje, eles aconteciam com mais frequência em outros países, mas atualmente são vistos no Brasil. Eles possuem, entre alguns fatores, desde o fanatismo religioso, falta de diálogo e até a inimputabilidade", destaca.

O especialista ressalta que o Brasil ainda não possui uma diretriz nacional que cuide das ocorrências referentes aos ataques nas escolas. "Essa é uma situação que tem se tornado cada vez mais comum e não perpassa apenas pela segurança pública", explica.

Além disso, ele descreve a necessidade urgente da inclusão de elementos de prevenção e segurança dentro das escolas, assim como da integração da segurança pública, dos órgãos de inteligência e da sociedade. "É importante que sempre ocorra a fiscalização das redes sociais e os cuidados com possíveis vítimas e criminosos".

(Fonte: Folha Vitória)



banner
banner