ES terá mais de R$ 60 milhões para o meio ambiente em 2021
07 de maio de 2021Valor será aplicado pela iniciativa privada e pelo governo do Estado em ações de reflorestamento e recuperação do meio ambiente neste ano
Reservas ambientais e áreas de vegetação recuperadas da empresa Suzano, em Aracruz, Norte do ES – Foto: Divulgação/Suzano
A agenda ambiental voltou a ganhar força em 2021, após a cúpula do clima, organizada e liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ser realizada entre os dias 22 e 24 de abril.
O Brasil voltou a ser o centro das atenções após líderes de países desenvolvidos questionarem as políticas públicas do governo brasileiro pelo meio ambiente. Líderes mundiais são unânimes em afirmar que o crescimento econômico só pode acontecer se aliado à sustentabilidade.
No Espírito Santo, iniciativas governamentais e de empresas buscam preservar o que resta do meio ambiente nativo. A Suzano, maior produtora global de celulose de eucalipto, que fica em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, planeja investir R$ 7,8 milhões em 2021. O montante deve ir para iniciativas que visam os reflorestamento e de apoio à recuperação do meio ambiente.
"Nosso programa de restauração investiu R$ 3,4 milhões em 2020, apenas no Espírito Santo. O projeto existe desde 2010 e investiu cerca de R$ 45,8 milhões em ativos ambientais", diz o consultor ambiental da empresa, Deivid dos Santos Pereira.
Para a empresa, os cuidados com o meio ambiente, desde restauração até a preservação da natureza no Espírito Santo, são essenciais para manter a sustentabilidade do meio ambiente e do desenvolvimento da economia capixaba.
"A restauração contribui para oferecer maior biodiversidade e gerar diversos serviços, como a disponibilização de água, regulação do clima, controle de erosão, pragas e doenças. Há um amplo consenso que os programas de restauração possuem um grande potencial para impulsionar a economia por meio do desenvolvimento da cadeia de valor da restauração e de novos negócios baseados nos produtos da biodiversidade e serviços ambientais", completa.
Exemplos dos "pequenos"
Família recuperou meio hectare de mata atlântica, o que representa meio campo de futebol – Foto: Divulgação/Seama
Para ajudar a recuperar o bioma capixaba, não é necessário ser uma grande empresa. João Bárbara Amorim é agricultor em Ibatiba, na região Sul do Espírito Santo. Ele conseguiu apoio financeiro do governo para recuperar parte da mata atlântica em sua propriedade.
João Barbara Amorim conseguiu apoio financeiro para reflorestar a propriedade – Foto: arquivo pessoal
"Com o auxílio, nós conseguimos recuperar meio hectare com plantas nativas da Mata Atlântica. Consegui após ir a uma reunião no meu município em que explicavam como funcionava o Reflorestar. Fiz contato com os técnicos, que visitaram minha propriedade para orientar como eu deveria fazer", relata Amorim.
O investimento previsto em 2021 é de R$ 53,8 milhões. Cada propriedade rural aceita no programa, recebe em média, R$ 20 mil em cinco anos para viabilizar os projetos de reflorestamento. Para saber como participar, basta acessar o endereço eletrônico do programa Reflorestar.
Mudas foram adquiridas após agricultor receber apoio financeiro – Foto: Divulgação
Caminho sem volta
Foto: Reprodução/Internet
Apesar de iniciativas sustentáveis serem tomadas por empresas e pelo poder público, o especialista em gestão pública e ambiental da Universidade Federal do Espirito Santo (Ufes), Marison Luiz Soares, afirma que ainda há muito a ser feito, mas que o "pontapé inicial" foi dado.
"De um modo geral, as empresas estão devendo muito nessa questão de crescimento x sustentabilidade. Ainda há muita coisa por fazer, e há que se priorizar essa questão. Não existe outro jeito nem mágica. Acredito que as medidas governamentais também deixam a desejar, mas o cliente está de olho nisso. Se a empresa presta um serviço ou vende algo sem se mostrar comprometida com o desenvolvimento ambiental, ela acaba perdendo mercado", analisa.
Soares também destaca que a população mundial está em uma transição para uma maior consciência na questão ambiental. Para ele, um caminho sem volta.
"A gente tá num paradigma: ou você produz de forma limpa e preserva o nosso planeta ou nossos filhos e netos não poderão viver como nós. A escassez será enorme. Não tem como separar desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Esse movimento é irreversível", completa.
Para aliar desenvolvimento sustentável e crescimento econômico, a Suzano investe em ativos ambientais, que inclui parcerias com instituições internacionais atuando em projetos no Espírito Santo.
"A empresa mantém acordos com universidades, instituições governamentais, clientes e ONGs, como a The Nature Conservancy (TNC), para aperfeiçoar os métodos de restauração. Em 2020, a Suzano iniciou uma parceria com a WWF (Fundo Mundial para a Natureza) para expandir a restauração para além de suas áreas. Foram mapeadas três paisagens prioritárias no estado (Aracruz, bacia do Rio Doce e Norte do ES) para atuação em Áreas de Proteção Permanente (APPs) e Reservas Legais, com foco em recuperação de margens de rios e de nascentes através de restauração ecológica", afirma o consultor ambiental da empresa, Deivid dos Santos Pereira.
O que são ativos ambientais?
São investimentos especificamente pesados como métodos sustentáveis e que ajudam na diminuição dos níveis de poluição. Gastos e bens direcionados para os processos de eliminação ou redução dos danos ao meio ambiente. Tratam-se, portanto, dos investimentos que uma empresa faz em sustentabilidade e redução dos impactos ambientais de suas ações. Os ativos ambientais podem ser representados na forma de estoques, produtos, peças, tecnologia, pesquisa e qualquer outra ação que pode contribuir para a preservação ambiental.
Valedoitaúnas/Informações Folha Vitória