ES não consegue avançar na compra de vacinas, afirma o governador Renato Casagrande
12 de maio de 2021Em entrevista à Rádio Pan News Vitória, governador também falou sobre o andamento da CPI da Covid no Senado Federal e o envio de informações do Estado que foram solicitadas pela Comissão
Casagrande disse que continua em negociação com as principais fabricantes das vacinas – Foto: Reprodução/Data Business
O governador Renato Casagrande disse que não houve avanços na compra de vacinas contra a covid-19 pelo Espírito Santo. Em entrevista à Pan News Vitória, na manhã desta quarta-feira (12), ele reforçou que o Estado segue em negociação com as principais fabricantes das vacinas, entretanto, devido à grande demanda em todo o mundo, ainda não há doses disponíveis e os fornecedores estão adiando os prazos.
Durante a entrevista, Casagrande também lamentou a marca de 10 mil mortes pela covid-19 no Espírito Santo, alcançada nesta terça-feira (11). Ao avaliar o momento da pandemia no estado, ele afirmou que não se pode descartar a possibilidade de uma nova onda da doença. O governador ainda falou sobre a CPI da Covid no Senado Federal e o envio de informações do Estado que foram solicitadas pela Comissão.
Veja o que disse o governador na entrevista para a Pan News Vitória:
10 mil mortes no Espírito Santo e o futuro da pandemia
"É muito imprevisível o comportamento do vírus. Quando estava chegando no Brasil, as pessoas achavam que não teria muito problema no Norte, pois é muito quente. E foi onde houve as piores cenas. Estamos preocupados, tomando medidas e mantendo número grande de leitos, ampliando hospitais. Estamos mantendo leitos abertos para que, caso tenha um repique da doença, tenhamos leitos para a população. Os números estão caindo, mas ontem registramos 10 mil óbitos. É uma tragédia. Muitos poderiam continuar vivendo por anos e, infelizmente, perderam a vida. Ficamos tristes com esse número que temos que anunciar todo dia. Estamos avançando na vacinação, mas o número de vacinas é pequeno. Não estamos livres de novas ondas. O trabalho depende de cada um de nós.
Compra de vacinas
Não houve avanço. Estamos com recurso reservado e contato com fornecedores, mas ele sempre adiam os prazos. Eles não têm as vacinas. As que têm, são vendidas para os países. Assim que tiver, vamos comprar. Já estamos em contato com a Astrazeneca e estive no Butantan, sinalizando interesse na Butanvac. Assim que tivermos oportunidade, vamos comprar.
Não temos obrigação de fazer a doação para o Ministério da Saúde. Vamos verificar que o ministério não crie empecilho para podermos comprar essa vacina. Num primeiro momento, os governadores afirmaram que seriam doadas as vacinas para o governo federal, caso o governo ressarcisse os estados. Creio que o momento já pode permitir que a gente compre e use no estado, colaborando com o Brasil para adiantar a vacinação no estado.
Falta da Coronavac
Não teve um erro, pois foi uma orientação do Ministério da Saúde e todos os estados seguiram. Existia um cronograma apresentado pelo ministério e eles disseram que poderíamos aplicar todas as doses, dizendo que chegariam. É uma questão que atinge todos os estados. O Butantan estava produzindo numa velocidade normal. Nesses últimos dias, houve atrasos nos insumos, mas vai importar para a produção das doses. Especialistas dizem que, mesmo que tenha atraso, não tira a imunidade de quem recebeu.
Vacinação de rodoviários
Quando concluirmos a vacinação dos profissionais de segurança e educação, vamos usar a reserva técnica para vacinar rodoviários. Só a reserva técnica vai permitir. Não temos agenda definida, mas temos interesse em imunizar este grupo. Não sabemos quando vai começar, pois depende do avanço dos grupos deste momento.
Linhas de crédito
Já começamos a liberar o crédito ontem (terça-feira, 11). Tivemos o Fundo de Proteção ao Emprego, com R$ 250 milhões, que é o maior constituído no Brasil com recurso público. Ontem liberamos R$ 1,2 milhão. Hoje e amanhã serão mais R$ 4,8 milhões. Nós podemos efetivamente dar uma atenção a quem precisa neste momento. Vamos mandar para Ales o Refis para refinanciar dívidas do setor empresarial. Estamos com volume de atividades de retomada muito significativo. Isso mostra que estamos tendo políticas que diminuem o sofrimento dessas pessoas.
Fundo privado
A população terá mais um instrumento para o desenvolvimento do Estado. O fundo soberano vem dos royalties do petróleo. Estamos construindo uma reserva para o futuro do nosso estado. Vou deixar de aplicar R$ 1 bilhão em obras para pensar no futuro. Este fundo retira a receita e riqueza de um bem finito, que é o petróleo, e transforma em um bem para que empresas possam vir e investir no nosso estado, para que cresça ainda mais. Estamos contratando uma gestora para gerenciar 60% do fundo soberano. O fundo vai acompanhar o plano de desenvolvimento da empresa e depois de alguns anos, sai da empresa e o investimento volta para o governo. Lá na frente, os gestores podem usar como avaliar necessário. Se o Estado não estiver precisando atrair investimentos, poderá ser usado onde quiser, pois é um recurso público para a sociedade capixaba. Poderia usar hoje, mas optei por não usar. Vamos atrair empregos para os capixabas.
Julgamento dos royalties do petróleo
Está dependendo do Supremo Tribunal Federal (STF). Não temos nenhuma decisão. Estamos na expectativa. Tivemos uma proposta de acordo, mas ainda não temos nada que dê sinais de que isso vai ser decidido agora.
CPI da Covid-19
O prazo para enviarmos o que foi exigido é até quarta-feira da semana que vem. Todos os estados receberam solicitações. Somos o estado mais transparente do Brasil no uso de recursos da covid. Também somos o estado com mais leitos per capita do Brasil e vamos passar todas as informações para a CPI até quarta-feira.
Municípios com decretos divergentes do Estado
Da minha parte não há lados políticos. Estou conduzindo a pandemia dentro de critérios técnicos. Às vezes tomo medidas antipáticas, mas são as justas e necessárias. Fomos o primeiro estado a voltar com as aulas no ano passado e suspendemos em março por causa da pandemia. São medidas com base em orientações técnicas e o nosso objetivo é sempre preservar vidas. Sempre que há desencontros de informações, confunde a sociedade. As diferenças de orientações do presidente com os governadores confundem. É bom que estejamos juntos. Estamos trabalhando com todos os prefeitos e municípios. Os municípios não têm leitos de UTI, eles são do Estado. Por isso assumimos essa demanda, pois sabemos onde o calo aperta.
Eleições 2022
Ainda não há perspectivas para candidatura. Tivemos reuniões com a executiva nacional do PSB e com a do PT. Fui convidado como um nome à presidência, mas eu disse que não tenho interesse no momento. Não tenho como debater eleições ou percorrer o país, pois estamos na luta contra a covid-19. Se tivesse uma normalidade, seria um assunto para o ano que vem. O ambiente político está tenso e com grande instabilidade. Vamos cuidar da pandemia e retomar as atividades econômicas.
Polarização política
Toda política caminha para uma polarização, mas a polarização com antecedência empobrece a política. As pessoas mais próximas de mim, minha família, não estão discutindo eleições, mas todos estão me apoiando muito. Recebemos muitos ataques, pois muitos têm prejuízos e tem motivos para reclamar. É um problema mundial. As medidas são as mesmas ocorridas em vários países. Junto com essa turma que tem legitimidade para reclamar, tem os que querem tirar proveito no momento de crise, até eleitoral. A maioria apoia nossas decisões.
Valedoitaúnas/Informações Folha Vitória