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ES é o terceiro Estado com maior taxa de óbitos atribuíveis ao consumo de bebida alcoólica

07 de março de 2020

Internações causadas pelo consumo de álcool aumentaram em 19,5% entre as mulheres, entre os anos de 2010 e 2018

ES é o terceiro estado com maior taxa de óbitos atribuíveis ao consumo de bebida alcoólicaFoto: Divulgação

Entre 2010 e 2018 houve uma diminuição na taxa de internações atribuíveis ao álcool por 100 mil habitantes, de 172,9 para 168,2 no Brasil. Com a população de bebedores brasileiros em torno de 40% (abaixo da taxa mundial de 43% e também das Américas, de 54%), a preocupação se dá especialmente pelo uso nocivo da substância entre mulheres e idosos e jovens.

O fato das mulheres estarem se aproximando dos homens em termos de padrão de consumo de bebidas alcoólicas já impactou a saúde das brasileiras, embora os homens ainda sejam os mais afetados pelo uso nocivo. Estes dados, são da publicação “Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2020”, elaborada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) e que apresenta os dados nacionais mais recentes sobre o tema, segmentados por sexo, faixa etária e Estados.

O Espírito Santo é o terceiro Estado com maior taxa de óbitos atribuíveis ao álcool por 100 mil habitantes no Brasil (41,5 mortes/100 mil), acima do índice nacional de 34 óbitos/100 mil, atrás de Sergipe (44,2 mortes/100 mil) e Pernambuco (41,7 mortes/100 mil).

As internações atribuíveis ao álcool aumentaram 19,5% entre as mulheres, entre 2010 e 2018, passando de 85.311 casos para 101.902. O número desse tipo de internação cresceu 4,1% na população em geral e diminuiu 1,2% entre os homens, no mesmo período. A ampliação também foi observada nos óbitos femininos relacionados ao uso da substância (cerca de 15% maior quando comparado 2010 a 2017, crescendo de 13.813 mortes para 15.876, enquanto na população em geral cresceu 6,1% e, entre homens, 3,7%.

“Temos observado um aumento no uso de álcool entre as mulheres não só em relação à quantidade, mas também à frequência. Mas, agora, a partir dessas constatações, identificamos que as consequências já estão afetando a saúde das brasileiras de maneira importante. É um ponto de alerta para as políticas públicas voltadas para as mulheres. Elas são mais vulneráveis aos efeitos do álcool por razões fisiológicas e, por isso, é recomendado mais atenção ao consumo de bebidas”, destaca Arthur Guerra, psiquiatra e presidente executivo do CISA.

Mulheres

O consumo abusivo de álcool entre as brasileiras chama a atenção. Uma análise exclusiva do CISA, a partir dos dados do Ministério da Saúde (Vigitel), aponta que, entre 2010 e 2018, houve um aumento neste padrão de uso de 14,9% para 18% na faixa etária de 18 a 24 anos, e de 10,9% para 14% entre 35 e 44 anos.

Outra parcela da população que preocupa é a de idosos. A faixa etária de 55 anos ou mais compõe, a cada ano, maior parcela do total de internações atribuíveis ao álcool (passando de 26% para 33%, entre 2010 e 2018). Eles também são a maioria nos casos de óbitos por uso de álcool, representando 48% dessas mortes, índice 7% superior quando comparado a 2010.

O estudo ainda traz uma análise inédita sobre o status da pesquisa científica em relação à temática de consumo de álcool no Brasil e saúde: foram analisados artigos publicados por pesquisadores de 1990 até 2018. A pesquisa brasileira nessa área cresceu muito, mas ainda há carência de estudos sobre efetividade de políticas públicas e prevenção do uso nocivo de álcool em nosso país.

ES é o terceiro estado com maior taxa de óbitos atribuíveis ao consumo de bebida alcoólicaConsumo de álcool – Foto: Reprodução/TV Integração

Adolescentes

Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que os adolescentes entre 13 e 15 anos apresentam um alto índice de experimentação da bebida no Espírito Santo. Os dados de 2015 apontam que 51,5% dos jovens nessa faixa etária já experimentaram álcool.

O público feminino que experimenta álcool cedo é maior: 51,9% contra 51% do público masculino. Também foram as meninas que tiveram mais episódios de embriaguez nesta idade, com 20,6% contra 19,7% dos meninos.-

O médico especialista em dependência química, João Chequer, afirma que o álcool é a pior droga. “Ela é barata, está em qualquer lugar e as pessoas parecem estar erradas por não beber”, diz o médico.

“As pessoas bebem porque acham que é normal beber demais. Pelo interior afora, fizemos uma pesquisa em uma escola de Afonso Cláudio, que com cinco anos a criança já experimentou bebida alcoólica com os pais em casa. Lamentavelmente, é cultura de beber”, conta Chequer.

O médico expressou uma preocupação específica para o consumo de álcool na adolescência. Segundo ele, esse é um dos fatores de morte precoce, aos 55 anos.

“O álcool não mata tão rapidamente e nem provoca danos tão imediatos como outras drogas, como o crack. Uma pessoa vai desenvolver o estágio terminal da doença, como uma cirrose hepática, depois de 20 a 30 anos bebendo muito. Essas pessoas começam a beber jovens assim e morrem com essa faixa etária”.

Ele ainda explica que na adolescência, o cérebro está amadurecendo regiões como a psicológica.

“O cérebro está, nessa fase de vida, inundado em hormônio. Quando você mergulha ele em álcool, há uma mudança que mexe com a noção de censura. O corpo produz dopamina e eles se sentem recompensados pelo consumo. Isso altera o amadurecimento e toda a fisiologia da passagem de uma criança para adulta”, explica o Chequer.

Valedoitaunas/Informações da Folha Vitória e G1



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