Epidemia de coronavírus pode trazer perdas de até US$ 30 milhões para a economia do ES
06 de fevereiro de 2020Estimativa é da Câmara de Comércio Brasil-China e é referente somente ao primeiro semestre deste ano, nos segmentos de granito, café e pimenta-do-reino
Foto: TYRONE SIUto: TYRONE SIU
A epidemia de coronavírus na China está afetando não apenas a saúde, mas também a economia no mundo inteiro. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro já caiu de 2,5% para 2%. No Espírito Santo, a Câmara de Comércio Brasil-China no Estado estima perdas entre US$ 25 e US$ 30 milhões no primeiro semestre deste ano, somente nos segmentos de granito, café e pimenta-do-reino.
O prejuízo mais imediato será com o adiamento de uma feira de granito que seria realizada na China em março. "Ela foi transferida para junho. Então, na minha avaliação, [o setor de mármore e granito] seria hoje o segmento que mais sofreria com esse problema", afirmou o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China no Espírito Santo, Carlos Eiras.
O presidente da Câmara de Comércio disse ainda que os segmentos de celulose e metais também estão sendo bastante afetados. A previsão para o PIB chinês já tenha caído de 6,5% para 6%, o que derrubou de 2,5% para 2% a previsão para o PIB brasileiro.
“Se você considerar esses quatro, cinco meses do ano em que o granito seria um dos principais alavancadores de negócios para o Espírito Santo, eu arriscaria dizer que nós estamos falando em torno de US$ 25 a US$ 30 milhões nesses primeiros meses. Mas, evidentemente, faltam confirmações, faltam dados concretos”, frisou Eiras.
No entanto, ele não acredita que a crise vá se prolongar por muito tempo. “Eu acredito que a China vai resolver esse problema nos próximos 60 dias. É uma estimativa. Consigo mensurar isso em função da feira da Canton Fair, que é a principal feira mundial, multissetorial. Ela é em abril e outubro e, até agora, a China não deu sinais de adiamento dessa feira”, ressaltou Carlos Eiras.
Quem tem sofrido diretamente com as consequências do coronavírus na China é o empresário capixaba Edson Sarcinelli. Ele tem uma empresa de comércio exterior com sede na cidade de Yiwou, no país asiático, e veio ao Brasil para passar o Natal com a família uma semana antes do início da epidemia. A volta para o Oriente, que seria na semana que vem, teve de ser adiada por tempo indeterminado.
“Nossa empresa iria abrir agora e nós tivemos que suspender a abertura dos negócios exatamente por causa desse problema. Até segunda ordem, tudo fica parado. Mesmo que as empresas venham começar a trabalhar novamente, não tem transporte, nada funciona. Os bancos estão fechados. Então os negócios praticamente estão parados na China, e isso é muito ruim para a economia, não só a chinesa, mas também do mundo inteiro”, afirmou Sarcinelli.
A esperança do empresário é que o governo chinês consiga controlar a situação o mais rápido possível. “A gente hoje tem cargas paradas nos nossos depósitos lá e não podemos embarcar. Assim como outras empresas estão na mesma situação. Então vai depender de quanto tempo o governo chinês vai levar para poder solucionar esse problema com vacinas, com medicamentos, alguma coisa que possa voltar à rotina normal da China”, afirmou.
Infectados
Até o momento, a China contabiliza mais de 28 mil infectados pelo coronavírus, com 564 mortes. Além disso, mais de 200 pessoas foram contaminadas fora da China, em 24 países. A OMS decretou estado de emergência global no dia 30 de janeiro.
No Brasil, 9 pacientes seguem monitorados por suspeita da doença. Nesta quarta-feira (5), duas aeronaves da FAB foram para a China buscar 34 pessoas, entre brasileiros e parentes.
Eles, no entanto, não possuem os sintomas da doença. Mesmo assim, vão chegar ao Brasil no próximo sábado, para um período de quarentena de 18 dias na cidade de Anápolis, em Goiás.
Valedoitaunas/Com informaçoes da Folha Vitótia