Enfermeira é condenada por tentar matar 9 recém-nascidos; pena é mais de 50 anos
13 de julho de 2024Vanessa Pedroso Cordeiro injetava medicamentos na boca de bebês recém-nascidos; ela não sabe dizer número nem identificar vítimas
Vanessa Pedroso Cordeiro, enfermeira presa por tentativa de assassinato de recém-nascidos – Foto: Reprodução
Vanessa Pedroso Cordeiro, técnica em enfermagem foi condenada nesta sexta, 12, por nove tentativas de homicídio qualificado. O caso ocorreu em 2009 em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, RS.
A mulher tem 40 anos e foi condenada a 51 anos e oito meses de prisão por tentar matar nove bebês no hospital Ulbra. Os números verdadeiros podem ser muito maiores.
A denúncia da mulher foi em 2009, quando houve acusação dela injetar substâncias misteriosas em 11 bebês.
Julgamento pelo assassinato de nove bebês
A enfermeira foi presa em flagrante em 2009. A polícia encontrou seringas e medicamentos no armário dela.
Diogo de Souza Mazzucatto Esteves, juiz, conduziu o júri. Nesta madrugada, a banca considerou Vanessa culpada de nove tentativas homicídios qualificados pelo uso de substância análogo a veneno e recurso que dificultou defesa das vítimas.
Eram 11 casos; houve absolvição de um e rebaixamento de acusação para outro, pelo qual respondeu por lesão corporal.
Rafael Russomano Gonçalves, promotor do TJ-RS, acredita que Vanessa sabia os riscos e os assumiu deliberadamente.
Flávio de Lia Pires, advogado da enfermeira, afirma o contrário. Disse na defesa que a mulher tem 12 distúrbios mentais e pediu internação e acompanhamento médico no lugar da prisão:
"No momento que ela praticava as condutas não tinha condições de se autodeterminar. Não conseguia conter os seus impulsos. [...] Agiu fora da realidade, a ré nunca teve comportamento dentro da normalidade”.
Vanessa depôs conforme a teoria de incapacitabilidade de responder por distúrbios mentais. Ela explicou que passou por abusos sexuais, automutilação e outros traumas na juventude.
Disse, ainda, que tentou suicídio depois do caso e foi diagnosticada, em 2017, com síndrome de Munchhausen. Nesta doença, os adultos fingem que as crianças em volta estão doentes para gerar simpatia.
A enfermeira foi considerada semi-imputável pelos crimes – ou seja, recebeu pena reduzida em relação a uma pessoa imputável/capaz de responder pelos crimes.
Conheça caso de enfermeira que envenenou bebês
Vanessa fazia administração de remédios controlados, como morfina e benzodiazepínicos (espécie de calmante). Ela agia sozinha.
As vítimas apresentaram problemas respiratórios e convulsões, recebendo internação na UTI Neonatal.
"Aqueles medicamentos têm lacre, rótulo, ela sabia o que estava aplicando. Ela sabia o que estava fazendo, tanto que todos os bebês tiveram os mesmos sintomas: ficaram moles, roxos, sem ar", disse Gonç alves.
A enfermeira confessou a aplicação de medicamentos com seringa pela boca. Porém, não sabe indicar número de vítimas e nem as identificar.
Ela citou que os atos eram decorrências, de fato, de um distúrbio mental – como sustentado pela defesa.
"Não conseguia parar de fazer, mesmo sabendo que era errado. O que lembro é que nunca virei as costas para nenhuma delas”, comentou, sinalizando que prestava socorro durante colapso das vítimas.
(Fonte: iG)