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Durante a pandemia, deputados federais gastaram um terço da verba com publicidade

11 de abril de 2022

Deputados gastaram R$ 62 milhões em 2021 em divulgação de atividade parlamentar, o equivalente a 37,3% da cota daquele ano

Durante a pandemia, deputados federais gastaram um terço da verba com publicidadePlenário da Câmara dos Deputados, em Brasília – Foto: Michel Jesus/Câmara Dos Deputados/Arquivo

Em 2020 e 2021, anos da pandemia da Covid-19, deputados gastaram 34,1% da cota parlamentar com publicidade. Só no ano passado, os congressistas consumiram R$ 62,1 milhões da verba pública na divulgação da atividade parlamentar, com gastos como anúncios em redes sociais e pagamento de empresas de marketing, o que representa 37,3% da cota para 2021. Houve um aumento de quase 14% com esse tipo de despesa em relação a 2020, quando deputados usaram R$ 54,4 milhões.

A cota parlamentar é um valor disponibilizado dentro do orçamento da Câmara para custear as atividades dos deputados. Os valores podem ser usados com passagens aéreas, hospedagem e combustível, além de propaganda.

Cada deputado tem um limite mensal de gasto, e as despesas podem ser acumuladas ao longo do ano. Por isso em alguns meses o parlamentar pode ultrapassar o limite permitido. A quantia total disponibilizada muda de acordo com cada estado, e os deputados de unidades da federação que ficam mais distantes de Brasília têm valores mais altos na cota parlamentar.

Durante a pandemia, deputados federais gastaram um terço da verba com publicidadeGastos de deputados com cota parlamentar – Foto: Arte/R7

O estado com o valor de cota parlamentar mais elevado é o Acre, com R$ 44,6 mil mensais para cada deputado. Os parlamentares do Distrito Federal têm o menor valor, de R$ 30,8 mil, já que a capital federal abriga o Congresso.

Mais "gastadores"

Ao observar os gastos da Câmara com a divulgação de atividades dos deputados no ano passado, é possível verificar que é justamente uma congressista do Acre, Mara Rocha (PSDB), que está no topo do ranking. Além de ser a que mais gastou com publicidade em 2021, ela está em segundo lugar no ranking dos deputados que mais utilizaram a cota.

Em 2021, ela gastou R$ 423,4 mil com publicidade. Esse valor corresponde a 79,2% do total da cota parlamentar que a deputada usou no ano passado (R$ 534,9 mil). Em anos anteriores, a deputada gastou menos recursos para divulgar o seu trabalho: R$ 341 mil em 2020 e R$ 265,2 mil em 2019.

Além de Mara, outra deputada do Acre aparece entre os parlamentares que mais gastaram com divulgação no ano passado. Jéssica Sales (MDB) pagou R$ 421,4 mil para anunciar as suas atividades, 78,9% do valor da cota parlamentar que ela usou em 2021 (R$ 533,9 mil). Em 2020 e 2019, as despesas dela com a publicidade do seu trabalho tinham sido menores: R$ 305,9 mil e R$ 245,4 mil, respectivamente.

Depois das duas, os deputados que mais usaram recursos públicos para comunicar suas atividades foram Wellington Roberto (PL-PB), com R$ 375 mil; Alexandre Padilha (PT-SP), com R$ 360,1 mil; e Bilac Pinto (União Brasil-MG), com R$ 360 mil.

O que dizem os deputados

A reportagem procurou os cinco deputados que mais gastaram os recursos com publicidade no ano passado. Até a publicação desta reportagem, Mara Rocha, Wellington Roberto e Jéssica Sales não haviam se posicionado. No caso de Sales, a assessoria de imprensa da parlamentar disse que ela não estava disponível para responder por estar em tratamento de saúde.

Por meio de nota, a assessoria de Bilac Pinto frisou que o deputado é "extremamente atuante", com "uma grande base, constituída por mais de 110 municípios". "Sendo assim, os trabalhos de divulgação de suas ações parlamentares não param", informou o comunicado.

Já Alexandre Padilha comentou que as despesas para dar publicidade ao seu trabalho serviram para "ações de orientação técnica à saúde da população" em meio à pandemia da Covid-19. O deputado disse que gastou muito por alegar que houve omissão do Ministério da Saúde na produção de campanhas de conscientização contra a doença.

"Ampliamos as ações com atividades de comunicação, seja de produção de vídeos, atendimento à imprensa, colunas em jornais e órgãos de divulgação, participação em congressos científicos e de entidades da sociedade. Viramos porta-vozes da ciência, da experiência em saúde pública, aquilo que, infelizmente, o Ministério da Saúde resolveu não ser”, afirmou.

Valedoitaúnas (R7)



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