Durante a pandemia 1% mais rico do Brasil concentrou metade da riqueza do Brasil
24 de junho de 2021Credit Suisse constata aumento da desigualdade em vários países. Aqui, alta foi maior
Desigualdade social no Brasil avança na pandemia – Foto: Flickr/AHNL
A fatia da riqueza nas mãos do 1% que está no topo da pirâmide avançou em vários países do mundo em plena pandemia. E, no Brasil, ela alcançou inéditos 49,6%, ou quase metade da riqueza total do país , segundo o relatório Riqueza Global, publicado anualmente pelo Credit Suisse, que analisa o comportamento da renda no topo da pirâmide.
Entre os dez países avaliados no relatório, apenas na Rússia a desigualdade é maior. Lá, o 1% mais rico detém 58,2% da renda nacional.
Mas o acréscimo na fatia obtida pelos mais ricos foi maior no Brasil em 2020. Aqui, eles viram sua participação na riqueza do país avançar em 2,7 pontos percentuais. Na Rússia, a alta foi de 1,1 ponto percentual.
Dos 10 países avaliados no relatório, em oito o pedaço da fortuna do país abocanhado pelos mais ricos avançou.
Na avaliação do Credit Suisse, isso reflete o movimento global de forte queda nas taxas de juros, medida adotada pelos governos para tentar evitar uma queda maior da economia em meio à pandemia de Covid.
“Os grupos mais ricos foram relativamente pouco afetados pela redução no nível geral de atividade econômica e, ainda, se beneficiaram com o impacto da queda de juros na valorização das ações e dos preços de imóveis”, avalia o relatório.
A riqueza mundial foi estimada em US$ 418 trilhões no fim de 2020, uma alta de 7,4%, segundo o Credit Suisse.
Até 2025, Brasil terá 361 mil milionários
Apesar de ver a fortuna dos mais ricos avançar e alcançar quase metade da riqueza nacional, o Brasil vivenciou uma queda no número de milionários em 2020, muito devido à desvalorização do real. O total de brasileiros com patrimônio superior a US$ 1 milhão caiu de 315 mil para 207 mil.
O Credit Suisse prevê, porém, que até 2025 o número de milionários brasileiros vá aumentar para 361 mil, um acréscimo de 154 mil no total de brasileiros afortunados.
O relatório cita dados de uma outra pesquisa, da Economist Intelligence Unit (EIU), segundo a qual apenas 193 mil indivíduos concentravam 1% da riqueza do Brasil em 2020.
E 3,2 milhões reuniam 10% da fortuna nacional.
O Brasil tem uma população estimada em 213 milhões.
Valedoitaúnas/Informações iG