Diretores da Petrobras afirmam que ainda definem reajuste dos combustíveis
29 de julho de 2022Executivos buscam explicar como funcionará supervisão do Conselho de Administração
Sede da Petrobras no Rio de Janeiro – Foto: Ivonete Dainese
Os diretores da Petrobras aproveitaram a apresentação de resultados do segundo trimestre para reforçar a mensagem de que eles continuam no comando da política de preços da estatal. Ressaltaram ainda que o Conselho de Administração não tem "poder de veto" em relação às diretrizes anunciadas na última quarta-feira (27), que prevê ao colegiado papel de supervisão para o movimento dos preços dos combustíveis.
O tema foi um dos principais questionamentos ao longo do evento transmitido pela internet na manhã desta sexta-feira, que não contou com a participação de Caio Paes de Andrade, presidente da estatal. Ontem, um dia após a divulgação do papel do Conselho, a Petrobras anunciou redução nos preços da gasolina e dos combustíveis de aviação. Anunciou ainda o pagamento recorde de dividendos para um trimestre.
Analistas perguntaram sobre como essa nova diretriz vai afetar as decisões e o papel do Conselho no papel de supervisor. Salvador Dahan, diretor de Governança e Conformidade da estatal, disse que não há alteração operacional.
"Do ponto de vista prático, não há alteração operacional, como frequência e valores. O acompanhamento das dinâmicas e dos mercados segue sob competência da diretoria executiva, cabendo agora ao Conselho esse papel de supervisionar e monitorar o andamento das nossas práticas".
Dahan lembrou que isso é "parte da responsabilidade natural do Conselho de Administração, assim como já faz isso de maneira contínua em diversos assuntos".
"A gente passa formalizar isso também como uma responsabilidade do Conselho, à medida que a Diretoria passa a reportar formalmente trimestralmente o andamento da execução da política de preços que segue sob a competência da Diretoria Executiva".
Cláudio Mastella, diretor de Comercialização e Logística, disse que a política de preço atual não foi alterada, assim como o estatuto social da empresa.
"O que foi colocado, é verdade, nessa diretriz aprovada pelo Conselho são orientações até mais abrangentes para formação de preço, mantendo a gestão prática de preço para a diretoria. Os relatórios trimestrais que já eram feitos agora são demandados efetivamente".
Um dos analistas, então, questionou os diretores de como a empresa se beneficia de ter o Conselho fiscalizando o processo trimestralmente. Dahan voltou a falar em transparência.
"Essa nova camada só robustece a nossa governança na medida que a gente tem um Conselho supervisionando e monitorando para de fato garantir o bom andamento de todas as disciplinas operacionais da empresa, tanto ponto de vista de investimentos, orçamento e agora também de supervisão das estratégias comerciais".
Mastella complementou que o Conselho de Administração passa a ter um papel de cobrança:
"Além do acompanhamento trimestral, traz um direcionamento claro para o estabelecimento de qualquer política de preços, que tende a acompanhar naturalmente o mercado. E o Conselho passa também de ter a cobrança de resultado em última instância".
Sem poder de veto
Outro analista perguntou se o Conselho, em seu papel de monitorar, poderia ter algum poder de veto sobre os preços dos combustíveis. Dahan disse que não:
"O papel do Conselho de Administração é de monitorar e supervisionar, mas não de decidir. Portanto, a competência pela gestão e pela execução permanece com a diretoria. Por isso, não há que se falar em poder de veto. Não existe essa figura de poder de veto pelo Conselho".
Um analista questionou sobre o momento em que a companhia busca a paridade de preços. Mastella afirmou que a busca é contínua. Lembrou ainda que os relatórios trimestrais vão ajudar o Conselho a se sentir "mais confortável".
"A gente busca a paridade continuamente. A diferença é que a gente evita repassar a volatilidade. A gente não faz reajustes diários. A gente faz reajustes observando o mercado de curto prazo e a expectativa. A gente não espera o final do ano para tentar a avaliar isso. Acabamos de falar dos reportes trimestrais ao Conselho que ajudam o Conselho a se sentir mais confortável com relação à nossa prática de preços".
Valedoitaúnas (iG)