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Decotelli nega fraudes e diz que segue ministro

30 de junho de 2020

Nomeado, mas ainda não empossado ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli foi chamado ao Planalto. Posse está ameaçada

Após reunião com Bolsonaro, Decotelli nega fraudes e diz que segue ministroCarlos Alberto Decotelli – Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Nomeado, mas ainda não empossado ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli afirmou, no início da noite de segunda-feira (29), que explicou ao presidente Jair Bolsonaro o que chamou de “detalhes acadêmicos” nas apontadas inconsistências em seus títulos de mestrado (a dissertação teria uma série de plágios), doutorado (negado pela Universidade de Rosário, na Argentina) e pós-doutorado (também rejeitado pela Universidade de Wüppertal, na Alemanha).

“Ele [Bolsonaro] queria saber detalhes sobre a minha vida de 50 anos como professor em todas as entidades do Brasil. Então, ele pegou a estrutura de detalhes, a estrutura de trabalhos no Brasil, Norte, Sul, Leste, Oeste, 40 anos de trabalho na Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, IBMEC. […] Então, ele queria saber esse lastro de vida como professor”, disse o ministro.

“Ele [Bolsonaro] perguntou: ‘Como é essa questão de detalhe acadêmico e doutorado, pós-doutorado, pesquisa de mestrado? Como é essa estrutura de inconsistência?’. Ele queria saber o que é isso, então, eu expliquei a ele”, acrescentou.

De acordo com Decotelli, Bolsonaro teria dito que a questão está “resolvida”.

Ele chamou de “distração de citação” as revelações de que ao menos 11 trechos de sua dissertação haviam sido copiados de outros trabalhos. “O plágio é considerado quando você faz Ctrl C + Ctrl V. Não foi o que ocorreu. […] Não houve plágio”.

O professor ainda negou que Bolsonaro tenha falado em constrangimento por conta das acusações que ele, Decotelli, vem enfrentando desde o fim da semana passada, ao ser escolhido para substituir Abraham Weintraub. “Ele só falou que confia nos projetos para ter um Brasil com oportunidade para todos”, disse. E afirmou aos jornalistas: “O que vocês têm de vida eu tenho mais do que o dobro de tempo de trabalho”.

No fim da longa entrevista, ele afirmou: “Sou ministro, tenho trabalhos e vou ficar trabalhando para corrigir as demandas grandes”. Mas, ao se despedir, com a insistência de perguntas sobre se a posse estava mantida para esta terça, completou: “Vamos aguardar”.

Nos bastidores, no entanto, já se fala em outros nomes para assumir o comanda do Ministério da Educação. O secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, bem como o secretário do Paraná, Renato Feder, e do educador Antônio Freitas, voltaram a estar no radar do Planalto.

Polêmicas

As polêmicas envolvendo o nome de Decotelli tiveram início na sexta-feira (26), um dia após ser nomeado ministro da Educação. Desde então, duas instituições de ensino questionaram qualificações que o agora ex-ministro havia listado no próprio currículo na plataforma Lattes.

O reitor da Universidade de Rosário (Argentina), Franco Bartolacci, chegou a ir nas redes sociais questionar a inclusão do título de doutor indicado pelo ex-ministro.

Em resposta, o Ministério da Educação divulgou um certificado que atestava a conclusão de todos os créditos do doutorado de Decotelli em administração, mas que não provava que ele havia defendido a tese. Sem cumprir essa etapa, o título não pode ser concedido.

A contestação de Bartolacci levou o professor a alterar seu currículo, desta vez, fazendo a ressalva de que não houve, de fato, defesa de tese.

Nesta segunda-feira (29), a Universidade de Wüppertal, na Alemanha, contestou o pós-doutorado que constava na lista de qualificações de Decotelli. Segundo a instituição, ele não obteve “nenhum título” na universidade.

Além disso, também causou polêmica a constatação de que trechos da dissertação de mestrado de Decotelli continham partes semelhantes a de trabalhos publicados em anos anteriores por outros autores.

Por causa das notícias sobre o caso, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde ele fez o mestrado, informou que vai “apurar os fatos referentes à denúncia de plágio na dissertação do ministro Carlos Alberto Decotelli”.

Valedoitaúnas/Informações Metrópoles



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