De estoques a zero privacidade: 6 curiosidades sobre o iglu inuíte
12 de setembro de 2021As antigas casas de gelo abrigavam até 40 pessoas e contavam com algumas características inusitadas
Ilustração de comunidade inuíte criada por C.F. Hall – Foto: Domínio Público/Creative Commons/Wikimedia Commons
Quando George Lyon, comandante da Marinha inglesa, aportou numa vila esquimó na baía de Hudson, no Canadá, ficou de queixo caído: “Nossa surpresa, após engatinharmos por uma longa passagem de neve, foi entrarmos numa habitação de vários cômodos interligados que pareciam cúpulas”, escreveu ele em seu diário em 1821.
O comandante inglês descreveu assim o iglu, o abrigo de gelo dos esquimós. Além dos iglus pequenos, construídos para o pernoite em viagens de caça, os esquimós do Canadá e da Groenlândia – os inupites – construíam casas de gelo que abrigavam até 40 pessoas para passar todo o inverno.
Entre outubro e março, quando quase não há luz do Sol no Círculo Polar Ártico, toda a vida social dos inuítes acontecia nos iglus, de partos a cerimônias religiosas. Hoje, o iglu inuíte tem sido substituído por casas pré-fabricadas, permanecendo como antes do contato com o Ocidente apenas em regiões mais longínquas. Os inuítes também passaram a usar roupas de lojas no lugar das peles de focas, trocaram os arpões por rifles e os trenós movidos a cachorros por equivalentes motorizados.
Ilustração do interior de um iglu – Foto: Domínio Público/Creative Commons/Wikimedia Commons
1. Entrega em domicílio
Havia nos iglus um espaço para armazenar as provisões necessária para sobreviver um longo inverno. Nos maiores deles, dezenas de focas eram guardadas nos cantos ou em cômodos separados com acesso por túneis. Quando a comida acabava, os inuítes faziam os clássicos buracos no gelo para fisgar peixes.
2. Sexo escondidinho
Os casais inuítes eram formados em cerimônias de competição entre os homens. Jogos semelhantes baseavam as brincadeiras infantis. Sem paredes na construção, os casais faziam sexo junto aos outros moradores, mas somente quando todos dormiam.
3. Dia a dia
Durante os quase seis meses de escuridão do inverno, o iglu abrigava várias ocasiões sociais dos inuítes. O espaço ao redor da fogueira podia abrigar danças, celebrações religiosas e até desafios de força entre os homens.
4. Arquitetura do calor
Feito de blocos de neve com 60 centímetros de altura e 1,2 metro de largura, o iglu inuíte chegava a 3 metros de altura. Depois de meses de nevascas, as marcas dos blocos desapareciam e a construção se confundia com a paisagem ao redor.
Ilustração de inuítes construindo iglus por George Lyon – Foto: Domínio Público/Creative Commons/Wikimedia Commons
5. Higiene
Como o banheiro não fazia parte da planta baixa de nenhum iglu, os inuítes resolviam suas necessidades em diversos buracos cavados nos cantos da construção, para a sujeira não se acumular no mesmo local e evitar o mau cheiro.
6. Fogueira central
Uma fogueira pequena e constante marcava o centro do iglu. Ela iluminava e fazia a temperatura sair dos -30 ºC fora da construção a até 12 ºC, mas produzia uma fuligem que, caso fosse respirada por semanas, poderia causar problemas respiratórios. Outro grande problema era que, como a fogueira era alimentada com óleo de baleia, sua fumaça atraía ursos esfomeados constantemente, logo que saía pela chaminé.
Valedoitaúnas (Aventuras na História)