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Crise do ovo pode afetar preço no Brasil? Especialista explica

30 de janeiro de 2025

Alimento enfrenta um cenário desafiador no país norte-americano, com previsões de alta nos preços e dificuldades no abastecimento

Crise do ovo pode afetar preço no Brasil? Especialista explicaCrise impacta preço do ovo nos EUA – Foto: FreePik/Reprodução/iG

A crise no fornecimento de ovos nos Estados Unidos pode impactar diretamente os consumidores e produtores norte-americanos ao longo de 2025. O alimento é muito utilizado na culinária e presente desde o café da manhã até o jantar.

O ovo enfrenta um cenário desafiador no país norte-americano, com previsões de alta nos preços e dificuldades no abastecimento. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a inflação e o aumento dos casos de gripe aviária podem elevar os preços dos ovos em até 20% neste ano.

Em algumas regiões, a escassez já foi sentida, e prateleiras vazias foram registradas no início de 2025. O impacto sobre o mercado norte-americano levanta questionamentos sobre possíveis reflexos no Brasil.

Crise do ovo nos EUA pode afetar o Brasil?

Nos Estados Unidos, a situação segue preocupante. A imprensa local informou que, em dezembro, o preço médio da dúzia de ovos atingiu US$ 4,15, valor inferior ao recorde de US$ 4,82 registrado há dois anos, mas ainda assim considerado elevado. Além disso, o Departamento de Agricultura prevê um aumento de até 20% nos preços ao longo de 2025.

Os estados mais afetados pela gripe aviária são Iowa e Califórnia, segundo veículos de comunicação americanos.

No Brasil, o Espírito Santo já registrou casos da doença em anos anteriores, mas sem prejuízos significativos à produção. Segundo a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, o risco de transmissão da gripe aviária por meio do consumo de alimentos preparados adequadamente é pequeno.

No entanto, a mortalidade das aves devido à doença reduz a oferta de ovos e impacta diretamente a produção.

Marcello Marin, contador, administrador e especialista em Recuperação Judicial, explica, em entrevista ao portal iG, que os casos de gripe aviária nos Estados Unidos não são recentes e a situação não deve afetar o Brasil.

"Não começaram em 2024; vêm se arrastando desde 2021, 2022, com milhões de aves infectadas. Em 2024, por exemplo, havia 43 milhões de aves infectadas. Isso é um número significativo. No entanto, para que isso impacte o Brasil e o preço do ovo, é muito difícil”, diz.

Segundo Marin, o Brasil é autossuficiente na produção de ovos, não precisando importar do exterior. Isso pode, inclusive, ser vantajoso para a nossa economia e para a balança comercial, uma vez que podemos exportar ovos para os Estados Unidos.

“Lá, o preço dos ovos está sendo muito afetado pela gripe aviária, com aumentos de até 2,5 dólares entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024. Isso pode representar uma oportunidade para o Brasil. O que devemos monitorar é se a gripe aviária se espalhar para cá, embora isso não seja comum. O Brasil tem um sistema de controle rigoroso, com um processo bem definido de saneamento, o que diminui muito o risco de surtos”, ressalta o especialista.

Relação Lula x Trump

Marcello Marin também destaca a relação entre Donald Trump e o presidente Lula, além das implicações para o comércio entre Brasil e Estados Unidos.

"A relação entre Donald Trump e o presidente Lula, e entre o Brasil e os Estados Unidos, ainda é marcada por muitas incertezas. O mundo inteiro está vivendo um cenário de incertezas com a entrada de Trump. Ele tem adotado uma postura de defesa dos interesses dos Estados Unidos, com a criação de tarifas e outros mecanismos de proteção”, explica o especialista.

Para Marim, essas medidas adotadas por Trump podem impactar diversos países, mas, por enquanto, o Brasil não está sendo afetado diretamente. Ele, porém, ressalta que rixas entre os dois países podem afetar o relacionamento no comércio.

“Se o governo brasileiro entrar em confronto com Trump, por questões relacionadas à deportados, imigrantes ou outras divergências, é possível que ele decida restringir o comércio entre os dois países. Isso seria um grande problema para o Brasil, pois, embora o maior parceiro comercial do Brasil seja a China, os Estados Unidos ainda representam um comércio muito importante para o nosso país”, destaca.

“A balança comercial é fortemente impactada por essa relação. Portanto, embora já tenhamos enfrentado problemas e possamos enfrentar novos desafios, por enquanto a situação está controlada. Trump, no momento, parece estar focado em outras agendas e não tem se preocupado tanto com o Brasil”, completa.

(Fonte: iG)



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