Cresce a capacidade de pagamento de dívidas das famílias no Espírito Santo
19 de novembro de 2025Destaque foi para grupos familiares com renda acima de 10 salários mínimos (R$ 15.180) 20% deles afirmam ter condições totais de pagar contas
Foto: Divulgação/Envato
Mais confiança e fôlego no bolso os capixabas têm demonstrado uma melhora gradual na capacidade de quitar suas dívidas. O mês de outubro registrou um avanço no número de famílias que afirmam ter condições de pagar seus débitos em atraso, especialmente entre aquelas com renda superior a 10 salários mínimos (R$ 15.180), das quais 20% (1,8 ponto percentual de aumento) disseram conseguir arcar integralmente com as contas, de acordo com o levantamento do Connect Fecomércio-ES (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo), com base na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
De forma geral, o estudo mostra um comportamento financeiro mais equilibrado entre as famílias capixabas. O percentual das que declararam não ter condições de quitar dívidas atrasadas caiu de 50% em setembro para 44% em outubro entre as famílias de renda mais alta, evidenciando um cenário mais estável e de maior confiança.
“Esse resultado reforça o amadurecimento do consumidor capixaba, que tem buscado reorganizar seu orçamento e renegociar compromissos, reduzindo a inadimplência de longo prazo”, explicou André Spalenza, coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES.
Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, 21% afirmam ter condições de quitar seus débitos em atraso no próximo mês, uma leve alta de 0,3 ponto percentual. Ainda que o índice de endividamento, ou seja, pessoas com contas parceladas, se mantenha elevado (88,3%), o avanço na percepção da capacidade de pagamento indica uma retomada de controle financeiro e maior prudência no uso do crédito. “O cenário aponta para um consumo mais responsável, com o crédito sendo usado de forma planejada e compatível com a renda disponível”, acrescentou Spalenza.
Segundo o levantamento, o nível de endividamento total no Espírito Santo ficou praticamente estável em relação ao mês anterior, mas com redução em comparação a 2024, quando o índice era de 89,3%. A tendência reflete um comportamento mais consciente e seletivo nas compras, especialmente diante das datas de fim de ano, como a Black Friday e o Natal.
Em relação ao comprometimento da renda com dívidas, a maioria das famílias de menor renda destina entre 11% e 50% de seu salário mensal ao pagamento de dívidas. Já entre as famílias de maior renda, o comprometimento concentra-se em torno de 10%. Nesse grupo, 41,4% das famílias têm cerca de 10% da renda comprometida com dívidas. Essa condição indica maior margem para o consumo, tanto no curto quanto no médio prazo.
Para o 3º vice-presidente da Fecomércio-ES, José Carlos Bergamin, o uso equilibrado do crédito é um sinal positivo para a economia e precisa ser estimulado de forma responsável. “O crédito é uma ferramenta de desenvolvimento, desde que utilizado com planejamento. Quando o consumidor busca crédito, demonstra confiança no futuro e disposição para consumir. um nível de endividamento em torno de 30% da renda familiar é considerado saudável, desde que haja controle do prazo e da capacidade de pagamento. O equilíbrio entre crédito responsável e estímulo ao consumo recorrente é essencial para o dinamismo do varejo”, destacou.
Os dados também mostram que o crédito de longo prazo tem sido mais usado por famílias de maior renda, especialmente em financiamentos imobiliários e de veículos, enquanto os grupos de menor renda ainda recorrem mais ao crédito pessoal e aos carnês. Esse comportamento, porém, vem acompanhado de maior controle nos gastos e de uma tendência de uso consciente do crédito, que reforça o amadurecimento financeiro das famílias capixabas.
“O consumidor tem se mostrado mais atento ao impacto das dívidas no orçamento e às condições do crédito contratado. Essa postura é positiva, pois contribui para a redução da inadimplência e fortalece a sustentabilidade financeira no estado”, finalizou Spalenza.