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Consumo de álcool por homens que querem ser pais pode prejudicar bebê

30 de dezembro de 2024

Estudos demonstram que hábitos paternos de ingestão de bebidas alcoólicas podem causar prejuízos como defeitos cerebrais e faciais no feto

Consumo de álcool por homens que querem ser pais pode prejudicar bebêFoto: Getty Images

Estudos científicos publicados no Andrology demonstram que o consumo de álcool por homens que querem ser pais pode interferir negativamente na saúde do feto, aumentando inclusive, o risco de Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) – comumente associada às futuras mães.

Uma das pesquisas, realizada pela Texas A&M University, detalhou que os hábitos paternos de ingestão de bebida alcoólica podem causar prejuízos como defeitos cerebrais e faciais no bebê, além de impactar na formação da placenta e até mesmo nos resultados de fertilização in vitro.

De acordo com Arnold Achermann, urologista da Clínica Mãe Londrina, a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é uma condição que afeta a saúde dos bebês e está muito relacionada ao consumo de álcool por parte das mães durante a gravidez. O médico explica que, nesses casos, o álcool atravessa a placenta e pode interferir no desenvolvimento do feto, causando problemas físicos, mentais e comportamentais que duram a vida inteira.

Contudo, o especialista pontua que os estudos recentes indicam que o consumo de álcool pelos pais antes da concepção também é capaz de interferir nos espermatozoides e contribuir para o diagnóstico de SAF nos filhos, mesmo que a mãe não tenha ingerido nenhuma quantidade de álcool durante a gestação.

“Pesquisas com modelos animais têm demonstrado que o consumo de álcool pelo pai não afeta o DNA dos espermatozoides diretamente, mas pode modificar a expressão genética (epigenética). Essas alterações podem levar a sequelas físicas, mentais e comportamentais nos filhos”, reitera.

Arnaldo menciona, ainda, outro estudo americano recente que avaliou mais de 1.600 homens e identificou 41 casos de crianças com SAF, mesmo sem a mãe ter ingerido álcool durante a gestação.

Consumo de álcool por homens que querem ser pais pode prejudicar bebêHábitos paternos de ingestão de bebida alcoólica podem causar prejuízos como defeitos cerebrais e faciais no bebê – Foto: Getty Images

Álcool versus fertilidade em homens

Segundo a ginecologista especialista em reprodução assistida Karina Tafner, o comprometimento da qualidade do sêmen causado pelo consumo de álcool ocorre de diversas maneiras, como:

  • Diminuição da concentração de espermatozoides – O consumo crônico de álcool pode reduzir a contagem total de espermatozoides;
  • Alterações na motilidade espermática – A motilidade (capacidade de movimento) dos espermatozoides pode ser prejudicada, dificultando seu transporte eficiente até o óvulo;
  • Alterações morfológicas – O álcool pode causar alterações estruturais nos espermatozoides, como defeitos na cabeça, peça intermediária ou cauda. Espermatozoides com morfologia anormal têm menor probabilidade de fertilizar um óvulo;
  • Aumento do estresse oxidativo – O álcool contribui para o aumento de espécies reativas de oxigênio (ROS), que podem causar danos ao DNA espermático. Isso compromete a integridade genética dos espermatozoides;
  • Redução do volume seminal – O consumo excessivo de álcool pode diminuir a produção de líquido seminal, que é essencial para o transporte e nutrição do espermatozoide;
  • Fragmentação do DNA espermático – Homens que consomem grandes quantidades de álcool apresentam maior risco de fragmentação do DNA espermático, o que pode levar a problemas de fertilidade e aumentar a chance de aborto espontâneo.

Consumo de álcool por homens que querem ser pais pode prejudicar bebêO comprometimento da qualidade do sêmen causado pelo consumo de álcool ocorre de diversas maneiras – Foto: Getty Images

“Portanto, para homens com problemas de fertilidade, é aconselhável evitar o consumo excessivo de álcool para não agravar a condição já existente”, frisa a médica.

Para Achermann, além do álcool, outros hábitos e condições podem afetar a fertilidade masculina e, consequentemente, a saúde do feto. São eles: sedentarismo e obesidade; tabagismo e uso de drogas (maconha, cocaína, etc.); exposição ao calor excessivo (como uso frequente de saunas ou banhos quentes); uso de anabolizantes e exposição a substâncias tóxicas (como pesticidas e produtos químicos).

“Como a produção de espermatozoides (espermatogênese) dura 74 dias – desde a primeira célula a começar a se diferenciar até ficar pronta com espermatozoides maduros –, mudanças positivas no estilo de vida só terão impacto total após 3 a 6 meses. O tempo é determinante, principalmente quando se olha para o quadro feminino. Quanto mais avançado a idade da mulher, menos óvulos ela terá e de menor qualidade. Assim, é importante agir rapidamente para investigar e tratar casais com dificuldade para engravidar”, alerta o urologista.

Karina acrescenta outros fatores:

  • Falta de nutrientes essenciais, como zinco, selênio, vitamina C, vitamina E, e ácido fólico, que pode prejudicar a espermatogênese e aumentar o estresse oxidativo;
  • Consumo excessivo de cafeína, que pode reduzir a motilidade e alterar a qualidade do sêmen;
  • Privação de sono, que reduz a produção de testosterona e pode impactar negativamente a espermatogênese;
  • Consumo de fast food e dietas ricas em gorduras saturadas, que estão associados a menor contagem de espermatozoides e maior fragmentação do DNA;
  • E Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como clamídia, gonorreia e HPV, que podem causar inflamação e danos ao DNA espermático.

(Fonte: Metrópoles)



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