Até o início dos anos 2000, os irmãos Olavo e Otávio Krause eram meeiros. Depois que compraram o primeiro pedaço de terra, não pararam mais de investir e crescer. Atualmente os capixabas são os maiores produtores de inhame do Brasil. Eles colhem 6 mil toneladas por ano com a ajuda dos filhos, que já fazem parte do negócio

Pivôs na irrigação de inhame – Foto: Arquivo Pessoal

De meeiros a maiores produtores do Brasil

O cultivo de inhame começou com os avós de Olavo e Otávio Krause mais de 50 anos atrás. Os irmãos deram continuidade à tradição e começaram como meeiros, por isso tinham que entregar parte da produção ao proprietário da terra. Somente em 2003, adquiriram o primeiro pedaço de terra: um sítio com 13 hectares em Itarana, na Região Sudeste do Espírito Santo.

O negócio cresceu e, em 2010, Olavo e Otávio adquiriram uma propriedade maior, de 30 hectares, em Laranja da Terra. Lá se tornaram os maiores produtores de inhame do Espírito Santo, com uma produção anual de 1,1 mil toneladas. Mas o terreno montanhoso impediu que continuassem aumentando a produção.

“Era difícil mecanizar e outra coisa que atrapalhava bastante era a questão da irrigação. Ela era feita por aspersor, então era toda superficial. Na hora de fazer a colheita tinha que tirar tudo e isso dava muita mão de obra. Meu pai tinha o sonho de trabalhar com o pivô central e foi atrás desse sonho”, conta a filha de Olavo, Aline Krause.

Otávio Krause, produtor de inhame – Foto: Arquivo Pessoal

Olavo e Otávio foram em busca então de um terreno em área de planície com oferta abundante de água e, em 2020, passaram a cultivar inhame numa área de 130 hectares em Jaíba, no norte de Minas Gerais. O município foi escolhido por causa do projeto de transposição das águas do Rio São Francisco.

“Lá em Jaíba tem um projeto de transposição. Nós estamos a uns 20 quilômetros do Rio São Francisco, mas tem os canais que levam a água que é bombeada para o pivô central para a irrigação. Nossa produtividade aumentou muito com mais conhecimento, mais gente na equipe e mais dinheiro para investir”, destaca Aline.

Em apenas dois anos, desde que passou a ser feita em Jaíba, a produção saltou para 6 mil toneladas por ano. O inhame produzido pelos irmãos abastece os mercados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás e Paraná. Olavo e Otávio já contam com a participação dos filhos no cultivo e na administração do negócio.

Novas gerações no negócio

Olávo Krause, produtor de inhame – Foto: Arquivo Pessoal

O caçula de Olavo é quem opera remotamente os tratores, que não precisam de piloto. Aline trabalha na parte administrativa e financeira desde que concluiu o ensino superior. “Eu vim para Vitória e fiz Economia nesses últimos quatro anos. Me formei e tô lá trabalhando com a família. Meu irmão ainda tem 16 anos mas também já está lá”, ressalta Aline.

Aline tem 22 anos e desde pequena acompanha o trabalho dos avós, do pai e do tio na lavoura. A jovem afirma que se orgulha da trajetória da família e destaca que a busca por conhecimento foi o grande diferencial para os Krause se tornassem os maiores produtores de inhame de todo o Brasil.

“Quem diria que a minha família, até 2003, não tinha o próprio pedaço de terra. Meu pai e meu tio só estudaram até a quarta série, mas sempre buscaram informação. Meu pai todo ano tá na feira para ver tecnologia e inovação. Ele está atrás disso o tempo todo, sempre pesquisando na internet e foi lá que descobriu o projeto Jaíba’, comemora.

Valedoitaúnas (Folha Vitória)