Comparada a “vira-lata”, vice-governadora diz ser vítima de machismo e misoginia
18 de maio de 2022Artigo publicado em site critica Jacqueline Moraes e a compara a um cachorro em sua subserviência perante o governador Renato Casagrande (PSB)
Vice-governadora, Jacqueline Moraes – Foto: Fabiana Tostes
A vice-governadora do Espírito Santo, Jacqueline Moraes (PSB), classificou como machista e misógino um artigo publicado sobre ela nesta quarta-feira (18) em um site do Sul do Espírito Santo.
Ela afirmou que tem sido uma vítima sistemática de uma rede de injustiças e mentiras, que insiste em tentar desqualificá-la. No texto intitulado "A vice-governadora do ES "late" como "vira-lata" para proteger Casagrande", o jornalista critica Jacqueline e a compara a um cachorro em sua subserviência perante o governador Renato Casagrande (PSB).
" (...) a vice-governadora tem o atrevimento de uma 'vira-lata' que abana o 'rabo' para o dono e 'late' de longe, salivando ignorância quando o assunto é corrupção no Governo do Espírito Santo", diz um trecho.
A vice-governadora considerou o texto como mais um que a ataca com forte teor misógino e machista e pediu respeito às mulheres.
"Tenho orgulho em ser a primeira mulher eleita vice-governadora na história do Espírito Santo e em representar a maioria da população capixaba, que são as mulheres. Os compromissos que tenho assumido não me permitem dobrar os joelhos perante comportamentos absolutamente machistas", destacou.
Ela diz que respeita e apoia o trabalho de uma imprensa livre, que apura os fatos e ouve todos os lados envolvidos.
"Me solidarizo com o trabalho dos jornalistas sérios e quero aqui expressar todo o meu respeito a vocês. Não são tempos fáceis, mas tenho certeza de que, mais uma vez, a verdade prevalecerá", reforça (leia mais abaixo na íntegra o que disse a vice-governadora).
O artigo é uma resposta à atitude de Jacqueline que foi às redes sociais no último sábado (14) e chamou o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), de "moleque irresponsável".
Ela fez isso como reação à Pazolini que, no último sábado, durante a inauguração de uma escola em Jardim Camburi, disse que participou de uma suposta reunião no Palácio Anchieta em 2021 onde foi informado de que uma licitação de obras do Governo do Estado na Capital já possuía empresa vencedora, antes mesmo da abertura do processo legal.
Na segunda-feira (16), a Polícia Federal confirmou que o prefeito entregou material do que ele considera provas de possíveis crimes.
No artigo publicado por site do Sul do Estado, a vice-governadora é descrita como alguém que serve à Casagrande "com uma fidelidade além canina". Vai além sugerindo que sua reação à fala do prefeito pode indicar que ela também pode estar envolvida na suposta licitação fraudulenta.
"Presta-se a serviço até suspeitos ao envereda-se (sic) nos labirintos do Palácio e todos os seus cômodos como uma deslumbrada. Latir não tem nenhuma serventia. Se fosse honesta como servidora pública paga peplos (sic) contribuintes, buscaria certificar sobre a tipificação do crime, a menos que a informação também tem lastro de comprometê-la", destaca.
Vice-governadora considera artigo misógino e racista
Leia o posicionamento da vice-governadora na íntegra:
RESPEITO ÀS MULHERES
A justiça, a verdade e o respeito são três pilares muito fortes na minha vida e história. Com esses valores cultivo minha família, amigos e também são esses valores que guiam minha vida política. Porém, vivemos tempos difíceis, de verdades distorcidas e muita má intenção disfarçada de notícia.
Tenho sido uma vítima sistemática dessa rede de injustiças e mentiras, que insiste em tentar me desqualificar com ‘matérias’ mentirosas, covardes, racistas e misóginas, sem se importar em provar suas acusações ou pelo menos ouvir os dois lados da história. Um comportamento está muito longe de representar o que é o jornalismo brasileiro.
Tenho orgulho em ser a primeira mulher eleita vice-governadora na história do Espírito Santo e em representar a maioria da população capixaba, que são as mulheres. Os compromissos que tenho assumido não me permitem dobrar os joelhos perante comportamentos absolutamente machistas.
Sou uma grande defensora de uma imprensa livre, que luta e entrega a verdade com fatos apurados. Sem injustiças. Me solidarizo com o trabalho dos jornalistas sérios e quero aqui expressar todo o meu respeito a vocês. Não são tempos fáceis mas tenho certeza de que, mais uma vez, a verdade prevalecerá.
Minha gratidão ao apoio da minha família, dos meus amigos e do governador Renato Casagrande nessa luta.
Jacqueline Moraes recebe apoio de Casagrande e políticos do ES
O governador Renato Casagrande (PSB) manifestou apoio à Jacqueline Moraes. Sem mencionar o artigo do jornal, ele qualifica o artigo de um "ataque covarde, racista e misógino sofrido nesta manhã".
No post, Casagrande diz que admira de Jacqueline "a força e a coragem que sempre pautaram sua vida pública".
Outros políticos também saíram em defesa da vice. As vereadoras de Vitória, Karla Coser (PT) e Camila Valadão (Psol), lembraram que o teor do artigo pode ser considerado um ataque à presença das mulheres na política.
"Repudio veementemente os ataques feitos à vice-governadora de que ela teria 'atrevimento de uma "vira-lata' que abana o 'rabo' para o dono e 'late' de longe”. É um absurdo isso. Respeitem as mulheres eleitas. Respeitem todas as mulheres. Deixo minha solidariedade", postou Karla.
Camila destaca que o que foi escrito no jornal cachoeirense não pode ser considerado liberdade de expressão.
"Registro nosso repúdio ao colunista que chamou a vice-governadora de 'vira-lata' em uma matéria divulgada hoje. Isso não é liberdade de expressão! Toda nossa solidariedade à vice-governadora. Sabemos como é desafiador ser uma mulher no espaço político", reforçou.
Folha Vitória procurou o jornal para se manifestar a respeito da repercussão do artigo do jornalista. Foi feito contato telefônico e enviadas mensagens para o telefone informado no site e também email. Quando houver uma resposta, a matéria será atualizada.
Valedoitaúnas (Folha Vitória)