Como um navio transatlântico deve se tornar o maior recife artificial do mundo
08 de abril de 2025SS United States, ícone histórico que quebrou recordes de velocidade, será afundado na Costa do Golfo da Flórida, nos EUA
O navio SS United States, inaugurado em 1952, está prestes a se tornar um recife artificial – Foto: Reprodução/X/@ShipsOfLegend
O histórico SS United States, o transatlântico mais rápido da história, está prestes a ganhar uma nova vida como o maior recife artificial do mundo na Costa do Golfo, no estado norte-americano da Flórida.
O navio, que foi inaugurado em 1952, está sendo preparado para repousar no fundo do mar. Mas, antes disso, o projeto precisará enfrentar disputas entre empresas de mergulho e ações judiciais que tentam impedir o afundamento.
Atualmente ancorado no Porto de Mobile, no Alabama, o navio passa por um processo minucioso de limpeza que já dura meses. Equipes estão esvaziando e higienizando os 120 tanques de combustível e removendo produtos químicos, fiação, plásticos e vidros para minimizar impactos ambientais.
“Há muitas coisas nojentas em embarcações construídas nos anos 50”, disse Alex Fogg, gerente de recursos costeiros do Condado de Okaloosa, responsável pelo projeto, à agência de notícias AP. “Quando estiver pronto, será apenas uma estrutura de aço e alumínio”.
O objetivo é ambicioso: transformar o SS United States em uma atração turística subaquática que pode gerar milhões de dólares por ano para lojas de mergulho, barcos de pesca fretados e hotéis, além de criar um habitat para peixes e vida marinha.
O navio deve ser afundado até o fim deste ano. A ideia é que ele fique a uma profundidade de 55 metros, com os conveses superiores a apenas 18 metros da superfície, cenário ideal tanto para mergulhadores iniciantes quanto avançados, de acordo com a AP.
Disputas e resistência
A localização exata do futuro recife virou motivo de competição, segundo a agência. O Condado de Bay ofereceu US$ 3 milhões (cerca de R$ 17,1 milhões) para que o navio seja afundado próximo a Panama City Beach, cidade que abriga uma das maiores escolas de mergulho da Marinha dos EUA.
Já o Condado de Escambia propôs US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,7 milhões) para levar o SS United States a Pensacola, a apenas 22 quilômetros do USS Oriskany, outro naufrágio popular afundado em 2006.
Além da disputa pelo local de afundamento, o projeto também enfrenta resistência judicial. Um grupo de pessoas entrou com uma ação no tribunal federal de Pensacola para impedir o afundamento, argumentando que o navio, um símbolo histórico, merece ser preservado.
“Sem o recife, ele iria para o ferro-velho. Assim, mais pessoas o visitarão no primeiro mês submerso do que nos últimos 30 anos”, rebate Fogg à ação judicial.
O custo para viabilizar o plano do condado de Okaloosa para comprar, mover, limpar e afundar o navio gira em torno US$ 10,1 milhões (cerca de R$ 57,5 milhões). O projeto também contempla a criação de um museu sobre a história do navio.
Em sua viagem inaugural, o SS United States cruzou o Atlântico em apenas três dias, 10 horas e 40 minutos, superando o antecessor RMS Queen Mary e mantendo até hoje o recorde de velocidade para um transatlântico, com média de 66 km/h.
Após décadas atracado no Rio Delaware, na Filadélfia, o navio chegou ao Alabama em março, após um reboque de 12 dias, quando o Condado de Okaloosa assumiu sua posse, resolvendo uma disputa de aluguel, segundo a AP.
(Fonte: R7)