Comida caiu no chão? Saiba se 'regra dos cinco segundos' é verdadeira
10 de julho de 2024Foto: iStok
Ao cair no chão, o alimento quase que automaticamente entra em contato com diversos microrganismos. Desenvolvimento de uma infecção vai depender da quantidade de germes presentes na superfície.
Quem nunca deixou cair um alimento no chão e rapidamente recolheu, pensando que, se fosse por alguns segundos, estaria livre de qualquer contaminação? Essa é a famosa "regra dos cinco segundos", que sugere que se um alimento permanecer no chão por esse tempo determinado, estará seguro para o consumo. Mas será que essa crença é baseada em fatos científicos ou apenas um mito popular?.
Não há uma certeza de onde surgiu essa ideia, mas há uma história de que se originou de Julia Child. Ela tinha um programa de culinária, o "The French Chef" (A chef francesa), nos EUA, que iniciou na década de 60, e os telespectadores disseram que viram ela pegar, rapidamente, uma carne que havia caído no chão —na verdade, era uma panqueca de batata que caiu no fogão, e não no chão. Mas Julia colocou o alimento de volta na panela e brincou: "Você sempre pode pegá-lo, e se estiver sozinho na cozinha, quem vai ver?".
Diversos estudos já comprovaram que a taxa de transferência de bactérias e outros microrganismos é multivariada e diversos fatores podem influenciar. Os quatro principais são: tempo, tipo de superfície, o tipo de alimento e o nível de contaminação.
Um trabalho científico feito por pesquisadores da Universidade de Rutgers, em Nova Jersey (EUA), analisou diversos tipos de comida, como pães, chicletes, melancia. Na pesquisa, foi constatado que quanto mais úmido for aquele alimento, maior será a taxa de transferência de contaminação.
Mas isso não quer dizer que alimentos secos, como pães, não estão suscetíveis aos patógenos. "Com maior teor de umidade, vai ter uma transferência muito maior, mas isso não quer dizer que o alimento seco não foi contaminado. Vai depender de outras variáveis", diz Maristela da Silva do Nascimento, professora doutora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, área de pesquisa em Higiene e Segurança de Alimentos.
A profissional destaca ainda que, muitas vezes, a transmissão ocorre instantaneamente. "A transferência pode acontecer em um segundo. No caso do chão, que tem uma alta carga microbiana, eventualmente pode ocorrer a presença de Salmonella, Escherichia coli, Listeria monocytogenes, Bacillus cereus e vírus da hepatite A", diz a especialista.
Ao ingerir um alimento contaminado, a pessoa pode desenvolver sintomas como vômitos, diarreias, febre e até outros incômodos mais graves, dependendo do microrganismo. Ou seja, descarte aquele alimento que caiu em superfícies de contato como carpetes, pisos e outros.
E se o alimento tiver casca?
Embora seja comprovado que alimentos que tenham caído no chão podem ser contaminados em milésimos de segundos, há uma exceção para os que possuem casca.
No caso da banana, que funciona com um produto embalado, o risco de contaminação é menor. "A casca não entraria em contato com a fruta que seria consumida", pontua Nascimento. O ideal é não usar a mão suja para comer ou higienizá-la bem antes de manusear a fruta para algum prato ou receita.
"Se o alimento for lavável, como frutas com casca, verduras ou outros alimentos que possam entrar em contato com água, podem ser lavados em água corrente e colocado de molho em hipoclorito de sódio, como recomendamos geralmente. Se for uma fatia de pão, um salgado ou outros que não possam ser lavados, devem ser descartados", diz Thatiane Nakadomari, infectologista do Hospital São Vicente, em Curitiba (PR).
Mantenha o ambiente limpo
É importante destacar que, mesmo que determinado alimento não caia no chão, manter limpo o local onde ele será manuseado é importante.
"Lembrar de lavar a bancada antes, para deixar limpa, e não ter contaminação por outros materiais presentes na cozinha. Se você pega uma bancada limpa, travessas e faz uma lavagem e guarda, já o suficiente para que tenha um alimento de boa qualidade e bem condicionado", explica Filipe Prohaska, infectologista da Universidade de Pernambuco.
O ideal é higienizar diariamente bancadas, pias e a própria cozinha, principalmente se o uso ocorre de forma frequente. Já os pisos, uma vez ao dia.
É recomendado utilizar álcool 70, desinfetantes ou produtos específicos para esse tipo de limpeza.
(Fonte: UOL)