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Com gasolina cara, brasileiros usam gás de cozinha clandestinamente em carros

27 de setembro de 2021

Além de ser crime, prática traz riscos de explosões em veículos

Com gasolina cara, brasileiros usam gás de cozinha clandestinamente em carrosGasolina fica mais cara e motoristas apelam para a clandestinidade – Foto: shutterstock

Com a alta no preço da gasolina, brasileiros têm se arriscado e usado gás liquefeito de petróleo (GLP), o famoso gás de cozinha, para abastecer carros.

No Mercado Livre, o kit para a conversão clandestina de veículos para GLP é vendido entre R$ 500 e R$ 1 mil, de acordo com a BBC. Os vendedores prometem economia de "30% na cidade e 50% da estrada".

Segundo um cálculo pelo professor de finanças da FGV e da PUC-SP Fabio Gallo Garcia a pedido da BBC, a economia prometida não é verdadeira - na verdade, ela gira em torno de 4,4% em comparação com a gasolina. Além disso, carros convertidos ilegalmente para GLP representam risco elevado de explosão.

Projeto de lei

Circula na Câmara dos Deputados um projeto de lei (PL) que autoriza o uso do gás de cozinha em veículos, o que hoje é ilegal. O PL foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça em agosto, e deve ir à votação em Plenário.

De um lado, representantes do segmento de gás natural veicular (GNV, permitido em automóveis) são contrários à aprovação, alegando que isso pode encarecer o gás de cozinha para as famílias. Do outro lado, distribuidores de GLP acusam o mercado de GNV de impedir que os consumidores tenham escolha. Eles também apontam que o GLP é usado em automóveis na Europa.

Procurado pela BBC, o Mercado Livre disse que a venda de kits de conversão clandestina de GLP é ilegal, e que os anúncios seriam derrubados.

Conversão proibida

Atualmente, converter veículos para GLP é ilegal, embora a prática ocorra no Brasil desde a década de 1980. Além de ser crime contra a ordem econômica, de acordo com a Lei 8.176 de 1991, o motorista ainda pode perder cinco pontos na carteira de habilitação, ser multado em R$ 195,23 e ter o veículo apreendido, segundo resolução 673 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

Além de proibida, a prática pode trazer riscos aos passageiros. À BBC, o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello, disse que a conversão clandestina é perigosa, mas afirmou que o uso legalizado e com certificações é seguro.

"O maior desenvolvimento de utilização de GLP no mundo é o que se chama de Autogas, que é o GLP automotivo. Tecnicamente, em termos de segurança, o GLP é um combustível espetacular para motores", afirma.

Valedoitaúnas (iG)



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