Coletivos Belas e Constância d’Angola pedem políticas públicas para mulheres em São Mateus, ES
11 de março de 2022Educadora e ativista social, Valdirene Bernardino Pires – Foto: Secretaria de Comunicação/CMSM
Com uma série de sugestões em defesa da formulação e fortalecimento de políticas públicas voltadas para as mulheres, a educadora e ativista social, Valdirene Bernardino Pires, utilizou a Tribuna Livre da Câmara Municipal de São Mateus, no Norte do Espírito Santo, na sessão ordinária da última terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher para representar dois coletivos de mulheres – Belas e Constância D’Angola – com um discurso histórico, conforme definiu a vereadora Ciety Cerqueira, autora do convite para a participação em plenário.
Valdirene salientou que os dois coletivos surgiram da necessidade das mulheres mateenses se organizarem para discutir problemas que as assolam, como violência física, assédio psicológico, assédio moral, assédio sexual e feminicídio, entre outros crimes.
“Quem assiste telejornais, ou lê nos jornais, sabe que o Brasil ocupa hoje a triste colocação de 5º lugar no ranking de violência contra a mulher. Infelizmente, o Espírito Santo também ocupa a 5ª colocação entre os estados brasileiros no ranking da violência contra as mulheres, e o nosso município de São Mateus é o sexto no Estado. Só em 2020 o Creas de São Mateus recebeu da Delegacia de Polícia Civil cerca de 120 encaminhamentos de mulheres vítimas de violência doméstica”, afirma Valdirene.
A representante dos dois coletivos salientou que os problemas só aumentam, escancarando a necessidade de reforçar as ações de combate à violência contra mulheres no Município. “Não dá para ficarmos vendo meninas sendo abusadas, mulheres sendo espancadas e não tomarmos nenhuma atitude”, endureceu.
Valdirene disse ainda que a maioria dos projetos criados não vai à frente. Ela defendeu maior divulgação da presença da Delegacia da Mulher em São Mateus e cobrou agilidade para recolocar em funcionamento o Conselho Municipal da Mulher. Destacou ainda o papel da Câmara Municipal na formulação de políticas públicas para as mulheres.
Conforme Valdirene, é preciso maior incentivo dentro dos partidos a candidaturas de mulheres. A ativista defendeu ainda fortalecimento e capacitação das redes de atendimento às mulheres em situação de vulnerabilidade, com atuação mais incisiva dos Cras e Creas numa perspectiva de gênero. Valdirene propôs campanhas educativas, que incluam capacitação e produção de materiais para escolas municipais, “com discussões voltadas para desconstrução da masculinidade tóxica”.
Incisiva, Valdirene sugeriu também criação e manutenção de centros de referência previstos no âmbito da Lei Maria da Penha e também de instituições de acolhimento, como casas-abrigo, com espaços seguros, temporários e sigilosos, para acolher mulheres em situação de dependência econômica dos maridos agressores. Nessa questão, defendeu também a criação de grupos reflexivos com homens autores de violência, evitando reincidência. Outra proposta apresentada por Valdirene visa a criação de Patrulhas Maria da Penha com emprego de guardas municipais.
“Pode-se fazer muita coisa no atendimento contra a violência à mulher, sem investimentos altos, utilizando daquilo que o Município já possui. O que nos falta é fazer isso acontecer com políticas públicas de fato” – acrescentou. Valdirene disse ainda que os coletivos Belas e Constância “vem pedir menos flores e mais ação”.
Vereadores
Sensíveis às demandas indicadas por Valdirene Bernardino Pires, os vereadores colocaram-se à disposição para atuar na formulação de políticas públicas para as mulheres.
Valedoitaúnas