Cirurgião plástico do ES é condenado em mais de R$ 130 mil por erro médico e vira réu em SP
20 de setembro de 2022No caso da capixaba, o procedimento realizado pelo médico foi de implante de uma prótese mamária realizada em 2009
Cirurgião plástico Renato Tatagiba – Foto: Divulgação/Site Renato Tatagiba
O cirurgião plástico Renato Tatagiba, que atua no Espírito Santo e em outros Estados, foi condenado a pagar mais de R$ 130 mil a uma paciente capixaba por causa de um erro médico. A sentença foi proferida pelo juiz Carlos Magno Ferreira, à frente da 2ª Vara Cível da Serra, no último dia 31 de agosto.
Além desta condenação, nesta terça-feira (20), o Ministério Público de São Paulo recebeu a denúncia contra Tatagiba, tornando-o réu em um processo que se tornou famoso nacionalmente, tendo sido amplamente divulgado pela mídia. Uma paciente iraniana, que reside no Brasil, alegou ter ficado praticamente cega em decorrência de uma lipoaspiração realizada pelo especialista.
No caso da capixaba, o procedimento realizado pelo médico foi de implante de uma prótese mamária realizada em 2009. Segundo consta na decisão judicial, já no final de 2011, no entanto, o silicone saiu do lugar e a paciente passou a sentir dores. A partir daí, ela passou a entrar em contato com o cirurgião, sem que tivesse conseguido um atendimento rápido.
Na versão da autora da ação, ela só conseguiu ser atendida por Tatagiba em 2012, quando foi diagnosticado o rompimento da prótese. A solução encontrada foi então de um novo procedimento cirúrgico, com a retirada do silicone rompido e colocação de um novo.
A vítima afirmou que na época não foi submetida a exame de imagem a fim de rastrear possíveis resquícios de silicone em seu corpo e que acabou que o novo procedimento não foi satisfatório, tendo causado problemas estéticos como a diferença de tamanho entre as mamas, excesso de pele e novo corte realizado para a retirada do material.
Já em 2019, a mulher relatou ter voltado a sentir dores, percebendo a presença de nódulos na axila esquerda. Tendo procurado atendimento médico, foi informada de que os nódulos poderiam ser originados por um câncer.
Mas, a surpresa maior foi que, ao procurar atendimento especializado de um ginecologista, foi visto, a partir de exame de ultrassonografia, a presença de três nódulos de silicone, podendo haver ainda mais nódulos não identificados pelo procedimento.
Neste momento então a paciente entrou em contato com o cirurgião plástico para informar do resultado dos exames e relatou não ter recebido atendimento médico satisfatório, encontrando dificuldades impostas pelo próprio médico para solução do problema. Assim, entrou com ação na Justiça.
Analisando as provas sobre o caso, o magistrado condenou Renato Tatagiba ao pagamento de danos morais em R$ 80 mil, além do pagamento de danos estéticos em R$ 50 mil. Também foi concedido judicialmente o pagamento do acompanhamento psicológico da vítima e o ressarcimento de valores correspondentes a uma cirurgia reparadora.
Médico também se tornou réu em São Paulo
Sobre o caso da lipoaspiração realizada em uma iraniana em São Paulo, o recebimento da denúncia ocorreu nesta terça-feira (20), o que torna o médico, formalmente, réu na Justiça paulista.
Em trecho publicado no Diário Oficial de São Paulo, ficou registrado que há indícios de que a lipoabdominoplastia realizada pode ter dado causa à “neuropatia óptica isquêmica”, que acontece quando há lesão do nervo óptico devido a uma obstrução do suprimento de sangue.
O que diz a defesa do médico
Procurado o advogado do cirurgião, Celso Papaleo, o jurista informou que, em relação à denúncia do Ministério Público de São Paulo, a inocência do cliente será comprovada na instrução processual. “Porém não podemos nos manifestar sobre o processo, pois está em segredo de justiça", disse.
Já com relação ao processo que tramita na Justiça capixaba, o advogado afirma que não tem conhecimento sobre o caso.
Valedoitaúnas (Folha Vitória)