Chefes de quadrilha que aplicava golpes financeiros ostentavam luxo em Dubai, diz polícia
06 de julho de 2021Vítimas afirmaram que entregaram economias sob promessa de retorno mensal, mas ficaram sem nada. A Polícia Civil do Rio pediu a prisão dos três sócios, mas a Justiça ainda não se manifestou
Gustavo Pontes Galvanho e Tiago Achiles foram para Dubai, depois de lesar investidores – Foto: Reprodução/TV Globo
A Polícia Civil do Rio pediu a prisão de três sócios de empresas que lesaram pessoas com a promessa de retorno financeiro fácil e rápido. Gustavo Pontes Galvanho e Rafael Ramiro foram para Dubai, nos Emirados Árabes, onde ostentavam luxo e Tiago Achiles permanece do Brasil. A Justiça ainda não se manifestou sobre o pedido.
De acordo com as investigações, Gustavo Pontes Galvanho, Tiago Achiles e Rafael Ramiro montaram consultorias financeiras no Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Sergipe. Eles convenciam investidores de todo o país a entregar altos valores sob a promessa de retorno de até 4% ao mês. Os três sócios foram indiciados pelos crimes de associação criminosa, crime contra a economia popular e estelionato.
Ainda segundo a polícia, o dinheiro jamais era devolvido. Galvanho e Achiles viajaram para Dubai com os recursos desviados.
O que dizem as vítimas
Como mostrou o Bom Dia Rio nesta segunda-feira (5), a enfermeira Deise da Silva, uma das vítimas da fraude, perdeu R$ 100 mil no esquema.
“Pedi às pessoas da minha confiança para dar uma olhada no contrato. Todo mundo dizia que era registrado em cartório e que não tinha nada de anormal, que eu poderia confiar”, disse.
Segundo ela, os golpistas prometeram retorno mensal de R$ 2.500, mas nada foi pago.
Uma mulher disse ter convencido o marido, desempregado, a fazer um empréstimo de R$ 35 mil na consultoria de Galvanho. Atualmente, o casal acumula uma dívida que chega aos R$ 80 mil.
O desempregado Robson Macedo também foi vítima da fraude.
“Eu estou no fundo do poço. Desempregado, com 61 anos, falido, quebrado, devendo ao banco. Estou vivendo à base de remédio de depressão. Se não é minha mãe, eu estava morando na rua”.
Pirâmide é crime
Proposta de retorno era golpe – Foto: Reprodução/TV Globo
Segundo a polícia, o esquema de Galvanho, Achiles e Ramiro, que prometia alto lucro em pouco tempo, era uma espécie de pirâmide financeira – prática considerada crime contra a economia popular no Brasil.
“Quando prometem um retorno alto e dizem que não tem risco, já existe uma fraude”, alerta o economista Luiz Gustavo Medina.
O que dizem as defesas
As defesas de Galvanho e Ramiro não se manifestaram.
O advogado Rôney Neto, que representa Tiago Achiles, nega que ele esteja em Dubai. Segundo Neto, ele esteve na cidade dos Emirados Árabes com Gustavo Galvanho assim que entrou para a empresa, mas já se encontra no Rio de Janeiro.
A defesa afirmou que o nome de seu cliente aparece no inquérito policial como sendo o de um dos donos da empresa que lesou pessoas em quatro estados. No entanto, o advogado esclarece que ele apenas convencia novos investidores a colocar o seu dinheiro no esquema.
“Ele não fazia isso por má fé, mas porque de fato acreditava no negócio que o Gustavo Galvanho apresentou para ele. Tanto é que o Tiago[Achiles] convenceu o irmão, a esposa e a sogra a investirem também. Os três juntos devem ter perdido perto de R$ 1 milhão”, disse o advogado.
Valedoitaúnas/Informações G1