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Cenário de filme: Turista mato-grossense é resgatado de helicóptero no Alaska

22 de abril de 2020

Gabriel Dias, de 26 anos, foi resgatado no ônibus que ficou famoso no livro e filme 'Na Natureza Selvagem'

Cenário de filme: Turista mato-grossense é resgatado de helicóptero no AlaskaGabriel no ônibus que virou cenário de filme – Foto: Instagram/Divulgação

Na década de 90, Christopher McCandless fugiu de casa depois da formatura para viver como um andarilho nos EUA. Sob o codinome Alexander Supertramp, o jovem foi encontrado morto dentro de um ônibus, no Alaska. A história virou livro e também foi adaptada para as telas do cinema.

O veículo usado por ele como abrigo nos últimos meses de vida até hoje está no mesmo lugar. Por causa disso, o local virou ponto turístico.

O mato-grossense Gabriel Dias, de 26 anos, viveu uma história bem parecida com a de McCandeless. O final, contudo, não foi trágico como na história original.

Com gosto pela aventura, Gabriel colocou o pé na estrada há dois anos e já passou por 22 países. Em fevereiro deste ano, ele chegou de carona ao Alaska – um dos sonhos de mochileiro.

Com a pandemia de coronavírus, Gabriel teve a ideia de cumprir o isolamento nas montanhas e acampar próximo a um rio. Para isso, comprou comida, equipamentos de comunicação, encheu a mochila e partiu.

Depois de caminhar por sete dias, o jovem se lembrou da proximidade com o ônibus da história de McCandless e decidiu usá-lo como abrigo.

Cenário de filme: Turista mato-grossense é resgatado de helicóptero no AlaskaFoto: Reprodução

Rios congelados, neve e ursos

A distância era de 40 km de caminhada do local onde estava. O caminho incluía rios congelados e caminhada na neve. Superado os desafios, ele chegou ao veículo abandonado e o usou como abrigo.

Nas contas de Gabriel, a comida comprada duraria por cerca de três meses – tempo que passaria acampando. Para a surpresa dele entretanto, a comida começou a ficar escassa.

“Depois de uma semana mais ou menos, percebi que a minha comida não ia durar tudo isso”, contou.

Além do frio e do medo que a comida acabasse, pegadas de urso próximas ao ônibus começaram a aparecer. O jovem, então, resolveu voltar para a cidade.

Cenário de filme: Turista mato-grossense é resgatado de helicóptero no AlaskaFoto: Instagram/Reprodução

Caminho de volta e resgate

No período que usou o ônibus como abrigo, Gabriel leu o livro que conta a história do companheiro de estrada. Na leitura, ele se deu conta das dificuldades enfrentadas por McCandless e outras pessoas que também tentaram voltar.

O jovem já havia caminhado 25 km quando se deparou com o primeiro rio, que já estava descongelando.

“A correnteza da água não estava tão forte. Eu poderia escalar uma parede de gelo, mas como tinha a mochila pesada e um trenó poderia despencar de lá e sofrer um acidente”, lembra.

Depois de muito analisar, Gabriel decidiu apertar o botão de SOS do aparelho de comunicação via satélite que havia comprado. Logo em seguida, um helicóptero foi resgatá-lo.

Os resgates no local são comuns. Em fevereiro, cinco turistas foram tirados de lá. Duas pessoas que foram ao local morreram. Uma mulher da Belarus morreu no meio do ano passado. Em 2010, uma sueca também foi encontrada morta.

“Estou com vergonha de verdade. Para quem gosta de aventura, ter um fracasso divulgado em mídia mundial é uma vergonha. Sinto muito pelo transtorno que causei”, finaliza.

Gabriel vai permanecer no Alaska, alojado na casa de um amigo. Após a pandemia, a ideia dele é ir para a China, passar pela Europa e África. A certeza do futuro, segundo ele, porém, “só Deus sabe”.

Gabriel escreveu em sua conta no Instagram

'Brasileiro retardado é resgatado no Alaska'

“Eu tive a ideia idiota de passar a quarentena lá no ônibus. Levei bastante comida. Mas percebi que não ia durar muito. A minha intenção era ficar mais tempo lá. Mas comecei a ver pegadas de urso perto da minha barraca e fiquei com medo pois estava desarmado. Quando eu decidi voltar após caminhar 20 km até o primeiro grande rio. A ponte de gelo estava derretida. E o.gelo.estava despencando. Eu não fiquei feliz em ser resgatado só achei mais sensato solicitar um resgate. Isso foi uma vergonha para mim!”.

Valedoitaúnas/Informações O Livre



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