Catador de materiais recicláveis monta empresa com dinheiro arrecadado de sucatas no ES
17 de setembro de 2021Domingos Augusto, catador de recicláveis – Foto: Divulgação
O catador de materiais recicláveis Domingos Augusto, 43 anos, abraçou o sonho de empreender e tem pensado alto: agora, se autodenomina “microempresário do lixo” e tem trabalhado para comprar a casa própria e um novo caminhão que atenda mais cidades do Espírito Santo, estado onde mora.
Recentemente, Domingos se cadastrou como Microempreendedor Individual (MEI) e batizou a empresa recém-criada como “Reciclagem Esperança”, para continuar tirando sua riqueza do lixo.
Todos os anos, ele retira mais de 6 toneladas de sucata de alumínio, ferro, plástico e papelão recolhidos nas cidades de Alfredo Chaves e Marechal Floriano, na região Serrana capixaba. Por mês, o catador consegue faturar entre R$ 5 mil a R$ 7 mil com a venda do material.
“Trabalho todos os dias e cato de tudo, menos vidro, porque não tenho nem para quem vender. O lixo que recolho vendo para uma empresa de Marataízes. A renda parece alta, mas pago mais de R$ 1.200 com o aluguel da casa e desse terreno. E custa R$ 250 por dia para usar caminhonete. Fora o combustível, que o gasto é de quase R$ 700 por semana. Tem mês que a conta não bate”, contou.
A rotina de trabalho no lixão existe desde que Domingos era criança e recolhia material reciclável com carrinho de mão pelas ruas de Glória do Goitá, no Recife (PE).
“Meu sonho é comprar um terreninho para construir uma casa para mim e outra para minha mãe e diminuir o gasto com aluguel”, planeja. A mãe dele, Dona Josefa Maria de Conceição, 65, segue sendo até hoje o braço direito de Domingos.
Dez anos atrás, o catador de recicláveis chegou a comprar uma caminhonete F4000 para transportar o que recolhe pelas ruas e se locomover entre as regiões do Espírito Santos, mas o veículo foi lamentavelmente roubado dois meses depois da última parcela paga.
O carro custou quase R$ 200 mil. “Eu estava morando em Recife. Foram cinco anos pagando. Dois meses depois de pagar a última parcela, roubaram o carro na porta da minha casa. Eles apontaram uma arma na minha cabeça. Foi muito triste, mas eu não desisti do trabalho”, disse.
Após o acontecido, Domingos veio morar em terras capixabas com a família em 2018, em busca de uma vida melhor. Aos poucos, seus sonhos vão se concretizando, sempre frutos de muita dedicação – e trabalho.
Valedoitaúnas (Tribuna Online)