Casal é indiciado pela morte das filhas gêmeas de 8 meses
31 de agosto de 2024Bebês foram mortas em dias diferentes, na casa da família em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte
Casal foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima, ocultação de cadáver e tortura pela morte das filhas de 8 meses, na Grande BH – Foto: Reprodução/Balanço Geral
Um casal foi indiciado pelo homicídio das duas filhas gêmeas, de oito meses, em junho de 2023. Yumi e Eloá foram mortas em dias diferentes, na casa em que moravam no Vila Rica, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Grais. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) com a responsabilização da dupla pelos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima, ocultação de cadáver e tortura. O caso foi anunciado durante coletiva de imprensa nesta última terça-feira (27).
As investigações começaram em julho deste ano, depois que a corporação recebeu uma denúncia anônima, por meio do telefone 181, comunicando o suposto crime. Durante diligências, os policiais foram até a casa da mãe das meninas, de 28 anos, que estava presente quando as filhas foram mortas e atribuiu a execução dos crimes ao companheiro. À época, a mulher foi presa por ocultação de cadáver e, posteriormente, teve a prisão convertida em preventiva.
Em 25 de julho, o homem, de 31 anos, que já estava foragido, também foi preso de forma preventiva e encaminhado ao sistema prisional. Ao ser interrogado, ele confessou que as bebês foram assassinadas, mas, diferentemente da versão apresentada pela ex-companheira, afirmou que a mulher havia matado as filhas.
De acordo com o delegado Humberto Cornélio, ao saber que a ex-esposa tinha colocado a responsabilidade do crime nele, o homem detalhou o ato. Aos policiais, o indiciado relatou que Yumi foi morta no dia 29 de julho de 2023. No dia, ela estava chorando muito e, para “contê-la”, a mãe colocou uma meia em sua boca, asfixiando-a. Após a morte da menina, os suspeitos foram até uma festa junina que acontecia em Betim, levando as duas crianças no carrinho: uma viva e a outra, morta.
“Eles chegaram lá [na festa] por volta de 19h e ficaram até às 22h, com a Yume morta dentro do carrinho, ao lado da irmã ainda viva. O que mais chamou a atenção é que eles ainda tiraram foto e postaram nas redes sociais que estavam no evento”, relatou o policial.
O corpo da bebê, ainda conforme o relato do pai, foi deixado próximo a uma linha férrea, no Parque dos Bandeirantes, na divisa entre Betim e Contagem. A desova ocorreu em uma área de extenso matagal, sem moradores, onde há um canteiro de obras.
Já Eloá foi morta em 11 de agosto. O delegado explica que a suspeita é que a mulher tenha, mais uma vez, se irritado com o choro da filha. Ela então sacudiu a menina com “extrema violência”, fazendo com que ela desmaiasse. “Eles colocaram a bebê no berço e não prestaram socorro, deixando essa menina por sete dias no berço sofrendo e agonizando”, acrescentou o delegado. O corpo da segunda filha foi deixado em uma área de mata às margens da BR-381, em Ibirité, também na Grande BH. Depois de ocultar o cadáver da filha, o casal ainda jantou e se hospedou em um hotel.
“O que mais assusta nessa história é que as mortes não foram nem no mesmo dia, para dizer que foi uma situação impensada, no desespero, o que não justifica. As mortes tiveram um espaço de aproximadamente um mês”, evidencia a chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegada-geral Alessandra Wilke.
Crime oculto
Humberto Cornélio explica que o casal não mantinha proximidade com familiares e amigos, nem se relacionava com vizinhos, motivo pelo qual a morte das crianças não foi constatada por ninguém ligado a eles. Pessoas que moravam próximas aos suspeitos chegaram a questionar o proprietário do imóvel sobre as crianças, que teria informado que a primeira neném tinha falecido em decorrência de problemas de saúde e a segunda, de "desgosto".
Além disso, o delegado revelou que os homicídios foram denunciados depois que a mulher decidiu pôr fim ao relacionamento, em junho deste ano. O homem passou a ameaçar a ex-companheira e decidiu tornar público os crimes. O investigado contou aos policiais, inclusive, que seria o responsável pela denúncia anônima, formalizada por meio do Disque 181, relatando o crime.
Apesar dos esforços de várias equipes da PCMG, os corpos das crianças não foram localizados, tendo em vista uma série de fatores dificultadores, como o tempo decorrido do crime, as condições climáticas das áreas onde as meninas foram deixadas, assim como a composição corporal frágil das vítimas.
(Fonte: Estado de Minas)