Caravanas enviadas ao Brasil eram usadas para lavagem de dinheiro da Igreja Universal
21 de dezembro de 2021Igreja Universal do Reino de Deus em Angola – Foto: © IURD
O escritor Gilberto Nascimento acompanha há anos o caso de lavagem de dinheiro e associação criminosa de quatro líderes da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola. Desde novembro, eles são julgados após rebelião de bispos e pastores angolanos que, em 2019, denunciaram a direção.
Segundo os bispos, caravanas para Israel e para o Brasil eram usadas para retirar dinheiro ilegalmente do país. As denúncias foram feitas por um grupo de mais de 300 pastores e bispos que formam a chamada “Reforma”, que é a parte da igreja que rompeu com o comando brasileiro da IURD.
Os religiosos revelaram em detalhes a forma como o dinheiro arrecadado pela Igreja Universal era enviado para o exterior de forma ilícita. A igreja de Edir Macedo, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), diz ser vítima de um golpe e nega os crimes. Com informações da RFI.
Como era feito o esquema da Universal?
“Segundo esses membros, quase a totalidade do dinheiro arrecadado acabava saindo de maneira ilegal do país. Uma das maneiras era por carros, via estradas da Namíbia até à África do Sul. Esse dinheiro seria levado em malas, no forro dos carros, nas portas, e até nos pneus”, conta o jornalista.
“Outra forma de evasão seria a organização de caravanas, de peregrinações de fiéis para o Templo de Salomão no Brasil ou para Israel e ainda para outros países da África, como a África do Sul e Moçambique. Eram grupos de 100, 200 e até 300 pessoas, principalmente pastores e suas esposas, e também obreiros e fiéis da igreja. Cada uma dessas pessoas costumava levar entre US$ 10 mil (R$ 57 mil) e US$ 15 mil (R$ 86 mil)”, explica.
Segundo a denúncia, esse sistema movimentava a cada três meses cerca de US$ 30 milhões, o que totalizaria US$ 120 milhões (mais de R$ 600 milhões). “E muitos desses recursos ajudaram até a manter a TV Record Internacional; outros recursos eram investidos em outros países onde a igreja procurava crescer”, diz Gilberto Nascimento.
Valedoitaúnas (DCM)