Capixabas que mataram mineira nos EUA são condenados a mais de 37 anos de prisão no ES
11 de novembro de 2022Acusados foram condenados por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, furto de carro, celular e dinheiro da vítima
Ana Paula Feitosa foi morta por capixabas em janeiro de 2020 nos EUA – Foto: Reprodução/TV Gazeta
Capixabas que mataram mineira nos EUA são levados para o presídio no Espírito Santo.
Após quase 17 horas de julgamento, os dois capixabas Thiago Philipe Souza Bragança e Wenderson Junior da Silva, assassinos confessos da mineira Ana Paula Feitosa em janeiro de 2020, foram condenados a 37 anos de prisão em regime fechado.
Thiago Philipe recebeu uma pena total de 37 anos e três meses de reclusão. Já Wenderson foi condenado a 37 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão.
Pela sentença, eles foram condenados por homicídio com três qualificadoras (motivo fútil, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa da vítima); ocultação de cadáver; e furto do carro, celular e dinheiro da vítima, com duas qualificadoras, que foi abuso de confiança e concurso de pessoas (os dois agiram juntos).
Os jurados, que se reuniram por 54 minutos, concluíram que eles assassinaram Ana Paula Feitosa dos Santos Braga, de 24 anos, no dia 30 de janeiro de 2020. Ela foi morta na casa que havia acabado de alugar em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. A vítima foi morta por asfixia, com o uso de um cinto e de um fio elétrico.
O julgamento começou às 9h45 de quinta-feira (10) e foi encerrado às 2h26 de sexta-feira (11), quando a sentença, com 20 páginas, foi lida.
Família
Delma Félix Feitosa, mãe da vítima, disse estar satisfeita com a setença. Julgamento terminou em Vitória, no Espírito Santo, na madrugada desta sexta-feira (11) – Foto: Reprodução/TV Gazeta
Ao final do julgamento, Delma Félix Feitosa, mãe da vítima, disse à reportagem da Rede Gazeta que está satisfeita com a sentença.
"Eu queria que fosse maior (a sentença), mas eu estou satisfeita. Espero que eles fiquem presos um bom tempo. Foram momentos de muita emoção. Não vou conseguir enterrar a minha filha, mas eles vão pagar. Estou sentindo um alívio grande por ter uma sentença favorável. Vou conseguir descansar um pouco", disse a mãe de Ana Paula Feitosa.
Defesa
O advogado Wagner Batista Campanha, que defende Wenderson, disse discordar da setença. Julgamento finalizou em Vitória, no Espírito Santo, na madrugada desta sexta-feira (11) – Foto: Reprodução/ TV Gazeta
O advogado Marcos Farizel, que defende Thiago Philipe, disse que as defesas recorreram com objetivo de diminuir a pena.
"Nós avaliamos que o trabalho transcorreu com normalidade, dentro da legalidade, mas descordamos da dosimetria da pena. Ambas a defesas recorreram", disse o advogado.
O advogado Wagner Batista Campanha, que defende Wenderson, também disse que discorda da condenação.
"O júri foi foi um júri pesado, foi um júri complicado. A defesa não está satisfeita com a condenação. A gente já interpôs o recurso competente com o intuito, no caso do Wenderson, da absolvição dele no tribunal. Se de tudo não tiver condições, adeque essa pena a uma pena mínima legal que é prevista pelas circunstâncias que foram acometidas", disse o advogado.
Briga no julgamento
O julgamento dos capixabas começou às 9h45 desta quinta-feira (10) no Fórum Criminal de Vitória, no Espírito Santo e foi marcado por briga entre os réus.
Assim que os réus chegaram no Fórum de Vitória eles discutiram sobre a versão que cada um contaria sobre o assassinato. Quando Ana Paula foi morta, eles passaram por quatro estados americanos para fugir até chegarem no México, percorrendo assim 3,4 mil quilômetros. Após chegaram no México, a dupla foi para o Brasil.
Dois americanos participaram do julgamento como testemunhas, um policial de Los Angeles e um agente do FBI que trabalharam na investigação.
O promotor de Justiça Leonardo Augusto dos Santos disse que os testemunhos dados apontaram que a dupla fugiu para poder ter uma pena mais branda no Brasil.
"Os conhecimentos trazidos pelos policiais norte-americanos juntadas as informações trazidas pelas testemunhas, a gente percebe que cada hora que passa vai se alimentando, vai se concretizando na mente dos jurados que eles praticaram o crime de acordo com o que está na denúncia. Eles praticaram um crime nos Estados Unidos e vieram fugidos para o Brasil porque a lei brasileira é mais leniente com o criminoso. Lá nos Estados Unidos, um caso como esse ia ter uma pena mínima de 25 anos, a pena ia começar a ser contada a partir dos 25 anos. Ou seja, ele ia ficar no mínimo 25 anos na cadeia. Aqui no Brasil a pena mínima deles é 12 [anos]", comentou o promotor.
De acordo com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o conselho de sentença foi formado por sete pessoas, que não podem ser identificadas por questão de segurança.
Relembre o caso
Crime gravado: áudios e vídeos desvendaram assassinato de brasileira nos EUA
Ana Paula morava em Los Angeles, nos Estados Unidos, e trabalhava em uma empresa de aplicativo de transporte. A família de Ana Paula é natural da cidade de Mateus Leme, em Minas Gerais. O desaparecimento dela foi percebido no começo de fevereiro de 2020.
Uma denúncia chegou à polícia federal americana, que analisou imagens das câmeras de segurança perto do prédio de Ana Paula. Nas imagens, Ana Paula aparecia entrando no prédio com dois homens e, depois de algumas horas, eles desceram carregando apenas o edredom, usado para esconder o corpo.
Vídeos também mostram que, após o assassinato, eles zombaram da vítima e chegaram a gravar um vídeo mostrando o celular dela.
"Eu matei ela e ainda estou com o telefone da mulher, né", disse um deles, no vídeo.
Após o crime, Thiago Philipe Souza Bragança e Wenderson Junior da Silva abandonaram o carro de Ana Paula e foram para o México, de ônibus. Lá, pegaram um voo para o Brasil, onde chegaram no dia 6 de fevereiro. Eles foram para o interior do Espírito Santo, onde tinham familiares.
Após ser preso, Thiago falou que eles estavam usando drogas no dia do crime e que agiram para se defender, pois Ana Paula estaria com uma faca. O carro dela foi encontrado no estacionamento de um cassino no estado americano de Oklahoma.
(Fonte: g1)